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Marechal “Sim” pela internet

Depois de remarcar data duas vezes, rondonenses optam pelo casamento virtual; cerimônia foi transmitida para sete Estados e sete países

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Casamentos virtuais são opção para quem quer oficializar a união sem esperar a pandemia de Covid terminar. Essa foi a escolha de Bruna e Davi Wohlcke Thiengo, que, após remarcarem a data duas vezes e seguirem com muitas incertezas sobre a viabilidade da cerimônia e da festa, decidiram se casar pela internet. Segundo os recém-casados, este foi somente mais um desafio que eles driblaram para poderem ficar juntos (Foto: Divulgação)

Meses de preparação, atenção com inúmeros detalhes e cuidados de toda ordem envolvem o planejamento de um casamento. Afinal de contas, o grande dia tem que ser pra lá de especial, não somente para os noivos, mas também para os seus convidados. Quando tudo está organizado, começa a contagem regressiva. É sempre assim. Quer dizer, quase sempre, pois em tempos de pandemia, tudo pode mudar.

Foi assim com Davi Wohlcke Thiengo, 22 anos, e Bruna Feiden Calheiros Wohlcke Thiengo, 24 anos. A poucas semanas de realizar um dos grandes sonhos – oficializar a união -, eles viram seu casamento rodeado de incertezas.

Foi mais um desafio a ser encarado, diante de tantos outros que eles já haviam superado.

 

PRIMEIRO PÔR-DO-SOL

Davi e Bruna moravam no Rio de Janeiro, em bairros distantes. Foi por intermédio de amigos em comum que eles se conheceram. “Nossos amigos deram um empurrãozinho para a gente se seguir nas redes sociais e se conhecer virtualmente”, conta Davi. “Começamos a conversar em fevereiro de 2016 e nos conhecemos pessoalmente no dia 17 de julho, quando fomos ver o pôr-do-sol na Praia do Arpoador com nossos amigos”, relembra.

Como nem tudo são rosas, o clima não ajudou muito no primeiro encontro dos dois. “Estava nublado e frio, mas, mesmo assim, ficamos naquela ventania vendo nuvens”, relata Bruna.

Somente em 2017 os dois começaram a se ver frequentemente, mas ainda sem ter um relacionamento oficial. “Um dia nós saímos e eu não contei para o meu pai com quem eu estava indo, porque ele é uma pessoa meio difícil. Falei que iria com uma amiga, e ela realmente foi, mas o Davi também e mais um amigo. Como a minha irmã também havia ido junto, ela acabou contando sem querer que tinha meninos junto com a gente. Meu pai ficou muito bravo. Ficamos uma semana sem nos falar até eu convencer meu pai de que o Davi era uma boa pessoa e não fazia sentido a proibição”, expõe. “Logo depois, em fevereiro de 2017, o Davi foi na minha casa para conhecer meus pais. Meses depois, mais precisamente em maio, começamos a namorar”, recorda.

 

PARANÁ X RIO DE JANEIRO

Superadas as dificuldades iniciais do namoro, tudo ia bem até que um novo desafio surgiu no caminho dos namorados: Bruna se mudaria com a família para Marechal Cândido Rondon. “Eu poderia vir para Marechal Rondon e tentar levar ela comigo, poderíamos continuar namorando a distância ou terminar a relação, mas essa opção foi descartada logo de cara”, menciona Davi.

O casal passou seis meses se dividindo entre Paraná e Rio de Janeiro, com visitas esporádicas, até encontrar uma solução. “Em junho de 2019 surgiu uma oportunidade de trabalho em Marechal Rondon. Conversei com meu pai, que na época morava em Alagoas, e nós dois nos mudamos para cá”, lembra, acrescentando: “A gente sempre teve uma frase: ‘vai dar tudo certo e se não der a gente faz dar’”. E foi o que aconteceu: apesar dos obstáculos, no final deu tudo certo.

 

SEGUNDO PÔR-DO-SOL

Com a vinda de Davi do Rio de Janeiro para Marechal Rondon, os namorados começarem a traçar planos futuros. “Desde que decidi vir para cá por ela eu sabia que queria me casar”, enaltece Davi, e Bruna amplia: “Foi uma coisa natural pensar no casamento. Falávamos de planos futuros e essa mudança fez as coisas se intensificarem”.

Com a família de um morando no Paraná e a família do outro em solo carioca, um encontro de todos para formalizar o pedido de casamento seria algo complicado de acontecer. Sendo assim, Davi aproveitou a visita de seu irmão para fazer o pedido oficial. “Sugeri fazermos um piquenique no lago, falando que era para meu irmão conhecer a cidade. Toda a família dela sabia, menos a Bruna. Fizemos o piquenique e na oportunidade pedi a Bruna em casamento”, conta.

Para Bruna, foi um momento emocionante. “O dia estava muito bonito, era o momento do pôr-do-sol e o céu estava perfeito”, emociona-se.

 

PREPARAÇÃO

Após o pedido, Bruna e Davi começaram os preparativos para o casamento. “Pensamos em datas próximas a um feriado para facilitar que nossos convidados, considerando que muitos moram em outras cidades e Estados, pudessem vir para cá. Decidimos, então, a data: 11 de abril”, menciona Bruna.

Os dias foram passando e o casamento se aproximando até que, a três semanas do grande dia, decretos estaduais e municipais determinaram uma série de medidas para conter o avanço do coronavírus. “Vimos a situação complicando, mas no início ninguém imaginou que seriam mais do que 15 dias. No dia 20 de março fechou tudo, mas seguimos confiantes e pensamos que se tudo iria normalizar em breve”, relembra Davi.

Todavia, a situação não amenizou, pelo contrário, os efeitos da pandemia se intensificaram. Diante disso, não restou alternativa aos noivos e eles adiaram a data do casamento.

A segurança dos convidados, afirma Bruna, foi um fator decisivo para mudar a data. “Não queríamos colocar ninguém em risco. Além do que, muitos poderiam ficar receosos e nem comparecer e os convidados que moram em outras cidades e Estados poderiam não vir para cá. Resumindo, não havia clima de festa”, sintetiza, ressaltando que uma sensação de impotência tomou conta dos dois: “Foi muito frustrante”, destaca Davi.

Davi e Bruna Thiengo: “A gente sempre teve uma frase: ‘vai dar tudo certo e se não der a gente faz dar’. Mesmo com vários obstáculos pelo caminho, no final deu tudo certo” (Foto: O Presente)

 

POR QUE NÃO?

Depois da decisão, os dois começaram a estudar novas datas para o grande dia. “Maio e junho ainda seria complicado. Em julho e agosto o pessoal do Rio de Janeiro que viria para a festa sofreria com o frio que faz por aqui nesse período. Já em setembro nossos fornecedores estavam sem agenda. Sobrou outubro, então marcamos para dia 31”, detalha Davi.

Como o casamento já estava organizado para acontecer em abril, os noivos não tinham muitos afazeres até outubro: restava apenas aguardar. Entretanto, conversa vai, conversa vem, novas avaliações surgiram. “Minha mãe trabalha em um hospital no Rio, conversa com vários médicos, vive o dia a dia do setor de saúde, e ela nos disse que a situação envolvendo o coronavírus deve normalizar apenas no ano que vem. Ou seja, mesmo em outubro as pessoas não poderiam se abraçar, dançar, teriam que usar máscaras e havia uma série de restrições ainda. Ficamos receosos mais uma vez”, comentam Bruna e Davi, que são professores de língua inglesa.

Simultaneamente aos preparativos do casório, o casal já montava a casa em que moraria junto após a união. Os móveis chegavam e o casamento ainda demoraria para acontecer. “Um dia minha mãe nos perguntou por que não nos casávamos logo”, diz Davi, e Bruna complementa: “Naquela semana, o pessoal do cartório tinha me ligado informando que poderíamos remarcar uma data até julho sem dar entrada em toda a papelada de novo. Decidimos, então, adiantar o casamento adiado”.

 

DE PRESENCIAL PARA VIRTUAL

Tomada a decisão, Bruna e Davi tinham cerca de duas semanas para preparar o casamento virtual, avisar os convidados, conversar com fornecedores, encontrar um local e buscar meios para transmitir a cerimônia. “Escolhemos dia 17 de julho para o casamento civil e o dia 18 para a cerimônia. Fechamos com os fotógrafos, maquiadora, conseguimos o local para a festa, um amigo nosso emprestou a conta do Zoom para que pudéssemos ter mais conexões. Enfim, foram muitos detalhes para serem resolvidos em poucos dias, mas tudo deu certo”, salienta Bruna.

O casamento seria transmitido ao vivo para os convidados, que assistiriam de suas próprias casas em segurança. “Gravamos um vídeo para todos os convidados, porque só uma mensagem de texto talvez não expressasse o que queríamos dizer para eles. A reação de todos foi muito boa”, compartilha ela.

 

O GRANDE DIA

Quando tudo estava encaminhado, uma nova incerteza: a publicação de um decreto estadual para conter o avanço do coronavírus no Paraná ameaçava mais uma vez a realização do casamento, agora o virtual. “Com tudo organizado, saiu um decreto estadual, no início de julho, determinando o fechamento das atividades não essenciais, além de outras restrições, e foi assim até o dia 14. Caso o decreto fosse prorrogado, como era previsto, atingiria mais uma vez a data do nosso casamento”, pontua Bruna.

Para a sorte de Bruna e Davi, o casamento pôde acontecer e foi recheado de grandes emoções. “Nossa base era de 250 convidados para o casamento presencial. Com as conexões do Zoom e do YouTube, para o casamento virtual, reunimos mais de 400 pessoas. Transmitimos a cerimônia para sete Estados e sete países”, enumera Davi.

Bruna diz que os convidados consideraram que estavam em um casamento presencial. “Pedimos para que cada um deles enviasse uma foto para fazermos um álbum de recordação. A grande maioria estava arrumada como se estivesse no casamento presencial, alguns estavam comendo e bebendo para celebrar conosco”, relata.

Para o casal, realizar um casamento virtual tem lá os seus desafios. “Quando planejamos um casamento presencial, temos referências, sabemos o que queremos. Num casamento via Zoom nós não sabíamos como fazer as coisas. Foi muito na intuição mesmo, pois não tinha de quem copiar. Mas todo mundo falou que foi bem emocionante. A gente espera poder incentivar outras pessoas para que não desistam de casar por causa da pandemia”, enfatiza Davi.

Bruna e Davi durante o casamento no civil no dia 17 de julho de 2020, data em que completaram quatro anos em que tinham se conhecido (Foto: Divulgação)

 

SEM ABRAÇOS

Na cerimônia estavam presentes os noivos, um casal de testemunhas, a família de Bruna (os pais, dois irmãos e o namorado da irmã) e o pai de Davi, além dos fotógrafos e da cerimonialista. “O bom é que foi possível ter mais pessoas presentes virtualmente do que teríamos no casamento presencial. A desvantagem foi que a família do Davi não pôde estar presencialmente e faltaram os abraços”, lamenta Bruna.

Os recém-casados garantem que o casamento virtual teve o mesmo brilho do casamento presencial. “Continua sendo especial, porque somos eu e ele no final”, considera Bruna.

Para Davi, a união provou que o amor se sobressai. “A gente sempre pensava em se casar e contar com a presença dos amigos e familiares. Eles são importantes, mas, no final, o mais importante é que nós dois estejamos juntos”, emociona-se ele, acrescentando: “Todo mundo esteve lá por uma tela. Foi diferente, mas depois do casamento falamos com cada um dos presentes, como se fosse no casamento presencial”.

Com mais de 400 conexões via Zoom e/ou YouTube, o casamento de Bruna e Davi foi transmitido para sete Estados e sete países: “A grande maioria estava arrumada como se estivesse no casamento presencial, alguns estavam comendo e bebendo para celebrar conosco” (Fotos: Divulgação)

 

A FESTA

Com tudo pago, a festa não vai passar em branco. “Não sabemos quando, mas a festa vai acontecer. Vamos esperar as coisas melhorarem para definir uma data e conseguirmos comemorar todos juntos”, declara Bruna.

Para os convidados virtuais que a viram de noiva, Bruna adianta: “Na festa, vou estar vestida de noiva novamente. A ideia era alugar o vestido, já que só usaria uma vez. Contudo, como a festa acontecerá mais adiante, comprei para usar mais uma vez”, revela.

Depois do casamento, pizza para comemorar (Foto: Divulgação)

 

PROCURA POR CASAMENTOS REDUZ 50%

Por mais que a pandemia de Covid-19 dificulte em alguns aspectos a realização de casamentos, uniões seguem acontecendo em Marechal Cândido Rondon. “Estamos fazendo casamentos normalmente. No mês de março suspendemos momentaneamente por cerca de 20 dias, pois nosso juiz de paz era idoso. A fim de respeitar a segurança dele, providenciamos a nomeação de outro juiz para que as celebrações pudessem ser retomadas”, informa a registradora civil do Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Marechal Rondon, Thaís Bosio Cappi.

Segundo ela, com o advento do coronavírus, a procura pela união civil diminuiu. “Estamos fazendo uma média de dez a 12 casamentos por mês, enquanto antes fazíamos de 18 a 20 celebrações”, expõe.

Para garantir a segurança de todos os presentes e a fim de evitar o contágio por coronavírus, as celebrações são mais curtas. “Comparecem apenas as testemunhas e os noivos, agilizamos o tempo e utilizamos máscaras e álcool gel”, comenta.

 

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