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Marechal PR-467

DER estuda intervenções na Serrinha do Bellé, palco de frequentes acidentes

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

São apenas cerca de dois quilômetros e meio, mas por ali, vidas chegaram ao fim, e a outras tantas vítimas restaram apenas sequelas e amargas lembranças.

O trecho da PR-467, sentido Pato Bragado, conhecido popularmente por Serrinha do Bellé, tem sido palco de inúmeras tragédias, que interromperam sonhos e deixam familiares e amigos desolados.

O número de acidentes registrados no local nos últimos dias assusta motoristas e preocupa autoridades.

Foram nove acidentes em dois meses, cinco deles somente na semana passada. O último – registrado no dia 02 de outubro – resultou na morte de um homem de 66 anos, morador de Marechal Rondon.

Testemunhas relataram que um dos veículos estava em alta velocidade e teria rodado na pista, batido no barranco e colidido frontalmente com o outro automóvel que seguia no sentido oposto. O condutor foi ejetado, possivelmente por não estar usando cinto de segurança. Devido ao forte impacto, o idoso faleceu no local do acidente.

No mês passado, em menos de 24 horas aconteceram dois capotamentos, ambos no mesmo trecho da PR-467, logo após o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron). O primeiro ocorreu na tarde do dia 25 e o segundo já na madrugada de domingo (26 de setembro). Em ambos, os motoristas perderam o controle da direção e rodaram na pista até colidir contra o barranco e capotar. Duas coisas chamam a atenção: nas duas situações os motoristas perderam o controle dos veículos em um trecho de reta e em nenhuma das ocorrências a Polícia Rodoviária Estadual ou o Corpo de Bombeiros foram acionados.

 

Números

As câmeras de segurança da empresa de Scharles Abegg, localizada no início da Serrinha do Bellé, em frente ao trecho com maior índices de ocorrências, já registraram inúmeros acidentes.

Recentemente, o rondonense enviou uma solicitação ao Subcomando-geral da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) perguntando o número exato de acidentes ocorridos no trecho desde 2019.

Segundo consta no documento, no período solicitado chegaram ao conhecimento das equipes da PRE de Marechal Rondon, responsável pela fiscalização no trecho da rodovia, 13 ocorrências, com 13 vítimas feridas e um óbito.

O documento informa que o trecho em questão é considerado pela PRE um ponto crítico devido ao número de acidentes e características da via. “A Polícia Rodoviária Estadual, Posto de Marechal Cândido Rondon, sempre que possível, realiza operação nessa região”, consta.

De acordo com Abegg, depois da resposta da PRE, ocorrida no dia 30 de julho, já aconteceram outros nove acidentes no local. “Cinco deles somente na semana passada”, informou o empresário.

Ele estima que desde 2017, quando a empresa foi instalada nas imediações da Serrinha, coincidentemente no mesmo período em que foi construída a terceira faixa na rodovia, aconteceram cerca de 40 acidentes no local. “Três deles com vítimas fatais e dez ocorrências somente este ano”, supõe.

Empresário Scharles Abegg: “O trecho virou uma pista de corrida. Muitos motoristas passam acima do limite de velocidade” (Foto: Divulgação)

 

Causas

O limite de velocidade no trecho é de 60 quilômetros por hora, no entanto, de acordo com o Abegg, muitos motoristas não respeitam esse limite. Segundo ele, é comum ver carros passando acima de 100 quilômetros por hora nos dois sentidos da via. “Acredito que o excesso de velocidade e a imprudência são as principais causas de tantos acidentes aqui”, sugere.

O trecho é sinalizado com placas indicando o limite de velocidade e as curvas. No ano passado foi instalado na pista sinalizadores sonoros para alertar os motoristas, mas, ao que parece, alertar apenas não está sendo suficiente para conscientizar os motoristas.

 

Reforço na sinalização

O empresário acredita que é preciso reforçar a sinalização no local. “Com certeza mais motoristas iriam se conscientizar e respeitar o limite de velocidade da via”, entende, sugerindo ainda a presença de mecanismos fixos de redução de velocidade no trecho. “Se talvez tivesse uma lombada eletrônica, conseguira conter o excesso de velocidade”, opina.

 

Fiscalização

Conforme Abegg, a PRE realiza operações de fiscalização com radar móvel, o que inibe as imprudências, mas apenas de maneira momentânea. “Quando a polícia está no trecho percebemos que os caminhões descem devagar”, expõe.

É possível ver no centro da imagem a imprudência de um motociclista ao ultrapassar em local proibido (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Fechamento de intercessões

O rondonense diz já foi cogitado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) o fechamento dos acessos existentes nos dois lados da rodovia, mas, segundo ele, os acidentes não acontecem em virtude dessas intercessões. “Desde que estou aqui não aconteceu nenhum acidente devido aos acessos”, afirma.

 

Riscos e solução

O empresário reconhece que os acessos expõem os motoristas a riscos, no entanto, o principal motivo, na opinião dele, é mesmo a imprudência de alguns motoristas. “Até hoje não aconteceu acidente por conta dos acessos, mas aliando a entrada e a saída de veículos, principalmente de caminhões, à alta velocidade, podemos realmente ter outros acidentes aqui”, pontua.

Abegg espera que os órgãos responsáveis pela rodovia encontrem uma solução pertinente e que não seja o fechamento dos acessos, o que, na visão dele, não é garantia de resolução do problema. “Muita gente depende dos acessos para as propriedades e simplesmente fechá-los não resolveria a situação”, entende.

Terceira faixa na PR-467, nas imediações de Curvado, foi construída em 2018 (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Traumas

O excesso de velocidade é uma das principais causas de mortes e de vítimas graves em acidentes automobilísticos.

O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate) é responsável pelos atendimentos às vítimas de acidentes em todos os municípios da comarca rondonense.

De acordo com o comandante do 3º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros de Marechal Rondon, capitão Tiago Zajac, via de regra, ocorrências em que há alta velocidade demandam a utilização de técnicas de salvamento veicular, desencarceramento e atendimento pré-hospitalar. “Os ferimentos característicos são fraturas, cortes e traumatismo de tórax e craniano”, explica.

Conforme Zajac, outra questão que provoca graves traumas às vítimas é a falta do uso do cinto de segurança. “Nessas situações pode acontecer a ejeção das pessoas que estão no interior do veículo, principalmente crianças soltas ou no colo dos pais”, enaltece.

 

Preocupação

Apesar do trecho da PR-467, conhecido como Serrinha do Bellé, ser de responsabilidade do governo estadual, por intermédio da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR), a administração pública rondonense acompanha a situação e espera que, em breve, medidas sejam tomadas para sanar o problema.

Segundo o secretário de Mobilidade Urbana, Welyngton Alves da Rosa, o grande número de acidentes ocorridos no local nos últimos dias assusta e preocupa a gestão municipal. “Toda e qualquer solicitação de sinalização de trânsito que chega à secretaria, com prioridade, nós encaminhamos à PRE e ao DER Paraná”, comenta.

Secretário de Mobilidade Urbana, Welyngton Alves da Rosa: “O grande número de acidentes ocorridos no local nos últimos dias assusta e preocupa a gestão municipal” (Foto: Divulgação)

 

Posicionamento do DER

A reportagem de O Presente entrou em contato com a assessoria de comunicação do DER-PR, em Curitiba, a qual informou que o órgão está ciente da situação e, inclusive, o diretor responsável pelo trecho esteve no local para avaliar quais intervenções seriam possíveis de serem feitas na rodovia para diminuir o número de acidentes.

Em nota, o DER/PR informou ainda que “no trecho em questão existem dois acessos irregulares, tornando o local mais propício para acidentes. Atualmente está sendo estudada uma solução para garantir a segurança dos condutores e o acesso dos moradores e empresas locais à via, possivelmente por meio de interseção em desnível ou implantação de vias marginais”.

A nota não menciona mudanças na sinalização ou implantação de quaisquer outros mecanismos de redução de velocidade.

 

Comitiva estadual

De acordo com informação extraoficial, uma comitiva do governo estadual pode visitar Marechal Rondon na próxima semana para fazer uma avaliação do trecho da PR-467.

Marcas de frenagem na rodovia: muitos acidentes, inclusive com vítimas fatais (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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