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Marechal PONTO NOBRE DA CIDADE

Dez anos depois… o Centrão reabre às portas

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Fechado desde 2008, o primeiro posto de combustíveis de Marechal Rondon e um dos pontos comerciais e de encontro de amigos mais nobres da cidade reabre as portas hoje (13). (Foto: Mirely Weirich/OP)

Dez anos após encerrar as atividades, um dos pontos comerciais mais nobres de Marechal Cândido Rondon, localizado no cruzamento das Avenidas Maripá e Rio Grande do Sul, que guarda diversas histórias e principalmente boas memórias, será reaberto.

Lembrado até hoje como Posto Centrão, o espaço de 2,6 mil metros quadrados será reaberto como Ponto Centrão, em referência ao antigo nome do espaço frequentado pela última vez em março de 2008.

Os primos Willian e Nairo Hepp são os responsáveis pela administração do espaço que, ao longo dos anos em que esteve fechado, foi alvo de especulações acerca do motivo pelo qual não era reaberto. “Sei que haviam muitas pessoas interessadas em comprar o local, mas também sei que os proprietários eram bastante criteriosos sobre quem estava comprando”, revela Willian.

Da ideia inicial para o que será reaberto, ele explica que o projeto já mudou bastante. Todavia, um dos preceitos que foi mantido desde o início pelos administradores do local é o de que fossem preservados ao máximo a estrutura e aspectos da construção original. “Um eletricista que faz serviços para a gente, deve ter uns 33 anos, veio olhar a estrutura e lembrou que vinha aqui com os amigos, sentava aqui e bebiam, conversavam até altas horas, se divertiam muito e é esse espírito que queremos reviver no local”, diz. “Algumas alterações tivemos que fazer. No forro, no piso, na parte que vamos abrir a conveniência, nos móveis, nos banheiros, tiramos os tanques por exigência de órgãos ambientais, mas em outros aspectos, tentamos preservar o estilo do Posto Centrão e também algumas coisas que relembram o posto Os Pioneiros”, diz.

Willian comenta que alguns detalhes da decoração ainda não estão finalizados, mas com o andar da carruagem, o novo local ganhará corpo. “Eu e meu primo, com a ajuda de algumas pessoas que trabalham conosco há muito tempo e também meu irmão, que fizemos a maior parte do trabalho. Desde a parte de construção civil até os detalhes de molduras do banheiro e as portas”, conta.

No espaço que antigamente era realizada a troca de óleo e lubrificação, Willian explica que, por enquanto, estará fechado para o público, mas futuramente serão salas comerciais para locação.

 

A história de Os Pioneiros

A área foi adquirida pelo pai de Willian, que já atua como empresário no município, da família Von Borstel, pioneiros que chegaram à antiga vila de General Rondon no início da década de 1950 e instalaram o primeiro posto de combustíveis local. Até um ano e meio atrás, a família ainda era proprietária do espaço. O valor do investimento, menciona Willian, é segredo guardado a sete chaves. “E o quanto investimos na reforma é algo que não se coloca preço, porque trabalhamos bastante entre família, conhecidos e amigos para que isso se tornasse realidade”, expõe.

Falecida em janeiro do ano passado, em 2016 Edith Schmitz Von Borstel, esposa de Edwino Von Borstel (in memoriam), um dos pioneiros sócios do empreendimento, contribuiu com o projeto

Memória Rondonense – que objetiva preservar a história do município. Dona Edith relembra que tão logo a família se acomodou em General Rondon em sua residência definitiva, Edwino viajou a Curitiba em busca de distribuidoras de combustíveis a fim de encontrar uma delas disposta a ser representada em General Rondon.

Apenas a Esso se interessou no negócio e fechou contrato de fornecimento de gasolina. Assim, o primeiro posto de combustíveis da vila surgia: “Os Pioneiros”, localizado no cruzamento das avenidas Rio Grande do Sul e Maripá.

Edith contou que por vários anos o combustível foi transportado de Paranaguá a General Rondon em tambores, em demoradas viagens de três a quatro dias ou mais, conforme as condições da estrada. Era uma viagem penosa, tendo em vista que antes de subir a Serra da Graciosa – sem a rodovia federal BR-277 – era preciso descarregar a metade da carga de tambores cheios de combustível. Com carga completa, o caminhão não dava conta. No alto da serra, era descarregada metade da carga e retornava-se para buscar a outra parte deixada ao pé da serra. Novamente no planalto carregava-se a parte depositada e seguia-se viagem.

Ela declarou que naquele tempo a gasolina era vendida em latas de querosene e o combustível era tirado do tambor por uma bomba acoplada e acionada manualmente.

Com a expansão das vendas, no entanto, a Esso providenciou um tanque subterrâneo e uma bomba tocada à manivela para abastecer. “Assim foram longos dias e longas noites. Com sol, chuva ou frio, não tinha hora para atender quem necessitava de combustíveis. A gente trabalhava o dia inteiro e à noite, se precisava. Não tinha folga”, lembra Edith. “Quando a colonizadora Maripá passou a explorar a madeira-de-lei na região de Nova Santa Rosa e embarcá-la em Porto Britânia com destino à Argentina, havia, às vezes, dez a 13 caminhões para serem abastecidos manualmente”, destacou em entrevista ao projeto Memória Rondonense.

Paralelamente, os dois irmãos-sócios ampliaram as atividades com a lavagem de carros, troca de combustíveis e conserto de pneus. Em 1960 foi comprado o primeiro caminhão-tanque, acabando com o sacrifício e perigo que era transportar combustíveis em tonéis e depois derramar a gasolina no tanque.

Com o crescimento acelerado do desenvolvimento da região, que demandava por mais volume de combustíveis, a empresa adquiriu três caminhões-tanque. Na viagem de ida, estes caminhões levavam em cima dos tanques cargas de toras de madeira-de-lei e na volta traziam gasolina.

Com a frota, os irmãos também abasteciam um posto em Nova Santa Rosa, um em Porto Mendes e outro na vila de Entre Rios.

Como a demanda por combustível aumentou ainda mais, os caminhões foram substituídos e, nesse tempo, os sócios também instalaram três novos postos: um na Avenida Maripá, esquina com a Rua Espírito Santo, outro em Quatro Pontes, com bandeira Ipiranga, e em Novo Três Passos, com a bandeira Atlantic.

Anos mais tarde, entretanto, por interesse em outros negócios, os dois postos do interior foram vendidos e o posto filial na cidade de Marechal Rondon acabou desativado. Com a chegada da idade e abertura da sociedade entre os dois irmãos, o pioneiro posto de combustível foi sendo sucessivamente alugado.

 

Matéria completa na edição impressa do Jornal O Presente desta sexta-feira (13). 

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