Fale com a gente

Marechal Retomada

Donos de restaurantes de Marechal Rondon se reinventam em tempos de pandemia

Publicado

em

Com as mudanças ocorridas após a determinação de medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19, empresários do setor de alimentação de Marechal Rondon tiveram que buscar meios para continuar atendendo e projetar a retomada das atividades em meio às incertezas econômicas. Em muitos restaurantes do município o movimento e o faturamento caíram 70% (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Mesmo as atividades comerciais essenciais, como o setor de alimentação, enfrentam dificuldades para se manterem firmes no mercado em meio a turbulências na economia provocadas pela pandemia do coronavírus (Covid-19).

O Jornal O Presente ouviu proprietários de restaurantes de Marechal Cândido Rondon para saber como eles estão se reinventando diante das mudanças ocorridas desde março, após a determinação de medidas restritivas para conter o avanço da Covid-19, e projetando a retomada das atividades em meio às incertezas econômicas.

Há 25 anos no mesmo endereço, o Restaurante do João está há 45 dias atendendo somente no sistema delivery e venda de refeições no balcão.

O proprietário, João Kühl, conta que a decisão de suspender o atendimento presencial se mostrou mais viável ao negócio.

Além do atendimento de bufê, o estabelecimento também produz e fornece alimentação para duas grandes empresas da cidade, o que, segundo Kühl, ajuda a equilibrar as despesas.

Ele conta que o faturamento caiu pela metade e foi preciso fazer uma linha de crédito com 90 dias de carência para minimizar o inevitável prejuízo financeiro. “Nós, empresários, estamos reaprendendo a ser empresário, aquele que cuida de si, da sua empresa e dos seus colaboradores”, destaca.

Muitos consumidores estão preferindo receber as refeições ou indo buscá-las para almoçar em casa (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Restaurante do João suspendeu o atendimento de bufê no local e está realizando apenas o serviço de entrega de comida ou venda no balcão (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

DÚVIDAS E INSEGURANÇA

De acordo com Geraldo Frantz, proprietário do Restaurante Golden Bier, o fato de não existir uma data para o término da pandemia gera muitas dúvidas e insegurança aos empresários. “Ainda não vemos uma luz no fim do túnel para o término da pandemia, e isso deixa muito difícil as tomadas de decisões, se nos programamos para curto ou longo prazo”, comenta o empresário.

Frantz conta que o restaurante optou por suspender o atendimento no dia 23 de março por 15 dias e, conforme as determinações dos decretos, começou gradativamente o retorno da atividade. Atualmente, o espaço conta com o bufê de comidas ao meio-dia e serviço de entrega à la carte à noite.

 

Apesar das dificuldades encontradas no setor, o proprietário do Restaurante Golden Bier, Geraldo Frantz, está otimista com a retomada da economia: “Acho que vamos recuperar antes que grandes centros” (Foto: Divulgação)

 

EVENTOS

Uma das medidas restritivas previstas nos decretos municipal e estadual é a proibição de realização de eventos para evitar a aglomeração de pessoas, a fim de minimizar o risco de contágio por coronavírus entre a população.

A suspensão provoca prejuízos a empresas do segmento, e os reflexos estão sendo sentidos por alguns restaurantes rondonenses que possuem, além do atendimento diário, serviço de bufê para eventos.

Esses estabelecimentos estão sentindo de forma mais acentuada os efeitos da crise e devem demorar mais tempo para ter as atividades totalmente normalizadas.

Um exemplo é o Restaurante e Churrascaria Três Passos, que possui em conjunto uma empresa de eventos que serve refeições em festas e eventos em geral.

Os proprietários Giovani Paetzold e Christie Beal Paetzold contam que há mais de 50 dias suspenderam as atividades na empresa de eventos, desde que foi proibida a realização desse tipo de atividade. “Tenho visto um prejuízo imensurável e que prejudicará não somente a nós, mas muitos deste setor que também precisam se manter, por isso precisamos voltar a trabalhar”, enaltecem os empresários.

Todavia, eles reconhecem a importância das medidas restritivas para evitar a proliferação da doença. “Entendemos que será difícil a retomada, pois as pessoas não se sentem confortáveis em sair de casa, imagina em uma festa/evento onde há aglomeração de pessoas e o contato físico é maior”, ressaltam os proprietários do restaurante.

Giovani e Christie relatam que optaram por manter as portas abertas após a publicação do primeiro decreto municipal que estabeleceu o fechamento do comércio não essencial.

Os empresários explicam que chegaram a avaliar a possibilidade de suspender o atendimento presencial, mas decidiram manter, respeitando as medidas de prevenção à doença mesmo com o risco de queda no movimento. “E foi o que aconteceu. O movimento baixou cerca de 60% no início do isolamento e agora mantém em torno de 50% apenas”, lamentam.

O restaurante suspendeu na época apenas o funcionamento do restaurante aos domingos por se mostrar inviável, mas atualmente o atendimento nos fins de semana voltou a acontecer.

Christie Beal Paetzold e Giovani Paetzold, proprietários do Restaurante e Churrascaria Três Passos: “Será difícil a retomada, pois as pessoas não se sentem confortáveis em sair de casa, imagina em uma festa/evento onde há aglomeração” (Foto: Divulgação)

 

PREJUÍZOS

Para os proprietários do Restaurante e Churrascaria Três Passos, é impossível calcular os prejuízos, pois ainda não se sabe até quando vai o estado de emergência e, consequentemente, as medidas restritivas. “Penso que será um ano difícil para nós do setor de eventos”, consideram.

Eles revelam que foi necessário dispensar funcionários e recorrer a linhas de crédito para conseguir honrar os compromissos já firmados com fornecedores, financiamentos e manter a empresa aberta. “Tivemos que recorrer, pois temos financiamentos que não puderam ser adiados por não se enquadrar nas linhas liberadas para isso”, expõem.

Conforme os empresários, a expectativa no início do ano era muito boa e 2020 prometia ser um dos melhores entre os últimos cinco anos. “Porém, com a pandemia o movimento no restaurante reduziu drasticamente, em torno de 60%. Alguns eventos foram adiados para datas futuras e outros cancelados por vários motivos”, apontam.

Segundo Frantz, o faturamento do Restaurante Golden Bier caiu cerca de 70% desde que as medidas restritivas foram implantadas no município. No entanto, apesar das dificuldades, o empresário está otimista com o tempo de retomada no movimento. “Acredito que vai demorar alguns meses para retornar ao que era antes, mas acho que vamos recuperar antes que grandes centros”, avalia.

Cuidados com a higienização e o distanciamento entre pessoas no interior do estabelecimento são prioridades no Restaurante Golden Bier (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

APRENDIZADO

Com tamanhas dificuldades que a pandemia causa na economia e que reflete em quase todos os setores do comércio, mas principalmente na vida da população, talvez, entendem os empresários rondonenses, o maior aprendizado seja a autoavaliação enquanto seres humanos.

De acordo com Kühl, ainda são muitas as incertezas causadas pela pandemia. “Depende muito do que ainda está por vir. A única certeza que temos é de onde viemos, o que somos e para onde vamos”, enaltece.

Para Giovani e Christie, a pandemia mostrou o quanto a humanidade é frágil. “Este é o momento de olharmos para dentro de nós mesmos e percebemos os valores que estamos colocando à frente das nossas vidas. Valorizar mais nossa família e repensar quais são as prioridades da vida”, ressaltam.

 

O Presente

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente