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É definitivo: Hospital Filadélfia fechará as portas

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Luiz Fernando Cerni/OP

Os sócios-proprietários do Hospital, Dr. Dietrich Rupprecht Seyboth (Dr. Hippi) e Ana Carolina Seyboth em coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje (17)

Após 63 anos de história, definitivamente o Hospital Filadélfia fechará. Fato confirmado pelos sócios-proprietários do Hospital, Dr. Dietrich Rupprecht Seyboth (Dr. Hippi) e Ana Carolina Seyboth, em coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje (17). A previsão é de que isso ocorra na metade do mês de julho. Quando até lá todos os pacientes internados deverão ter recebido alta.

Entre os principais motivos da desativação é a política de desospitalização e a precariedade financeira que impõe os governos aos hospitais psiquiátricos. O hospital acumula atualmente cerca de R$ 16 milhões entre dívidas bancárias, tributárias e trabalhistas.

Questionada se desta vez o hospital realmente fechará as portas definitivamente, Ana Carolina Seyboth confirmou. Fechou. Não vai reabrir mais. A gente tem aí uma política de desospitalização. Se a gente for estudar a rede de atenção psicossocial que o Ministério de Saúde propõe, ele nem contempla o hospital psiquiátrico nas suas redes. Mas não por muito mais tempo, porque também para eles é complexo ficar lutando contra uma política, uma diretriz e um entendimento de quem monta essas diretrizes de que a internação psiquiátrica é desnecessária numa estrutura de rede, confirmou Ana Carolina.

Outra situação imposta por Ana Carolina, é o problema financeiro vivido pelo hospital. O estrangulamento financeiro, dizem que eles renumeram por dia, por paciente, R$ 47,90. Obrigando o Estado a complementar um valor, com mais R$ 43 para completar R$ 90 a diária. Fazem esse complemento colocando um custo financeiro, e ainda assim isso é insuficiente. Sem perspectivas nenhuma de reajuste, a gente fica com uma diária de 119 reais, recebendo R$ 90. Isso torna a estrutura frágil do ponto de vista financeiro, que o SUS renumera hoje, que é o que a gente usava para pagar os salários. Já com esses reajustes, parte dessas obrigações que nós temos com os funcionários, nós temos que achar outro lugar para alçar mão, afirmou.

SESA

Com o não pagamento mensal de repasses por parte do Estado desde outubro de 2014, acumulando no período um crédito de aproximadamente R$ 1,2 milhão, Dr. Dietrich Rupprecht Seyboth (Dr. Hippi), afirma não haver conflito com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). O relacionamento pessoal é bom. O entendimento em torno das nossas necessidades e obrigações é bom. Sempre tivemos amplo acesso e não temos um conflito com a Sesa em si. O que nós temos hoje é uma impossibilidade financeira imposta pela política de desospitalização que é praticado pelo Ministério da Saúde, que tem o objetivo claro e declarado inviabilizar os hospitais psiquiátricos. Quero pontuar e destacar que na Sesa nós somos parceiros e no Ministério da Saúde nós estamos confrontando uma política que está nos inviabilizando, afirmou Dr. Hippi.

TRABALHADORES

Atualmente, o Hospital Filadélfia emprega cerca de 140 trabalhadores. Na conversa com os trabalhadores, a direção assumiu que irá cumprir com todas as obrigações rescisórias.

Alguns serviços, como a lavanderia, por exemplo, devem continuar funcionando, para atender a demanda do Hospital Rondon, que também é da família. Algumas pessoas de outros setores, como enfermagem, recepção e outros, também devem ser realocadas no Hospital Rondon. Pacientes O Hospital Filadélfia já não está mais recebendo novos pacientes e os que estão em tratamento atualmente deverão ser transferidos para outras unidades. A unidade mantinha 160 leitos através da Central de Leitos da Secretaria de Estado da Saúde. Além disso, havia outros 10 leitos para tratamento de adolescentes, exclusivamente para casos de saúde mental.

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