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Marechal Dia das Mães

Educar e fundamentar valores: os desafios da maternidade; cotidiano afetivo pode ser transformador

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Desconstruir a forma de encarar a maternidade pode ser algo transformador para mães e filhos. Conceitos ligados ao cotidiano afetivo ajudam no desafio diário de educar e fundamentar valores; também contribuem para o fortalecimento de vínculos familiares (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Com elas ficou o grandioso papel de gerar a vida. Dar à luz um ser humano, fundamentar valores e princípios que formam o caráter para um dia se tornarem adultos conscientes, íntegros e com senso crítico para encarar os desafios apresentados pelo mundo à sua volta.

Mas ser mãe é muito mais que isso. Ser mãe é perder horas de sono, é perguntar se está levando casaco, é fazer a previsão do tempo e mandar levar o guarda-chuva porque vai chover, é querer ver o filho sempre bem.

Ser mãe é se dedicar à profissão, cuidar da casa, ir ao supermercado, preparar as refeições, dar atenção ao esposo e ainda estar sempre linda, o que se torna um mero detalhe, diante de gestos tão nobres.

A rondonense Marla Cristiane Viteck foi mãe aos 37 anos. Com o nascimento das gêmeas Letícia e Sofia, hoje com nove anos, a mãe de primeira viagem lembra que tentou seguir à risca a cartilha de como ser mãe. Mas aos poucos foi percebendo que era impossível seguir tudo ao pé da letra. “Quando você mal vai ao banheiro e almoça em três minutos para amamentar e socorrer a outra filha, fica difícil”, menciona.

 

MÃE GEMELAR

Marla relembra que ao saber que daria à luz duas crianças, sentiu uma mescla de medo e preocupação, satisfação e felicidade. “Mas sempre pensei ser mãe como um jardim em constante florescer. Planta, nasce, cresce e morre, em ciclos infinitos de aprendizados e entendimentos”, expõe.

Mas, como nem tudo são flores, os dias espinhosos da rotina e da correria do dia a dia, existentes em qualquer família, também aconteceram na casa de Marla.

Ela conta que nestes momentos lembrava dos conselhos da voz da experiência, vindos de sua mãe. “Lembro da minha mãe dizendo: para de querer controlar tudo. Você vai se frustrar todos os dias. Você precisa sentir, dançar conforme a música”, recorda.

E como conselho de mãe não falha, ela ouviu, e com o crescimento das filhas, aos poucos tudo foi ficando mais tranquilo. “Foi então que entendi que filhos independentes crescem no afeto, no aconchego de um abraço, na confiança e na segurança de seus pais”, pontua.

O desejo de sempre acertar em relação à criação dos filhos é intrínseco na maioria das mães, no entanto, a busca pela perfeição pode ser desgastante e inatingível. O melhor a se fazer, na opinião de Marla, é abaixar o nível de exigência. “Entender que somos as melhores que podemos ser é libertador”, enaltece.

Para a rondonense, apesar de dolorosa, a desconstrução da forma em que encarava a maternidade foi algo transformador na maneira de lidar com as crianças, de observar mais atentamente seus sentimentos, suas necessidades e emoções. “Tenho olhado mais para mim, encarado partes que nem sempre são fáceis de enfrentar”, relata.

Um dos prazeres do cotidiano da família é a cozinha. Desde cedo Sofia e Letícia ajudam Marla a preparar bolos e outras receitas: afeto em gestos simples do dia a dia (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

TEMPO PARA SI

Muitas mães precisam se desdobrar entre o trabalho, afazeres domésticos e cuidados com os filhos, e com tanta correria, quase não sobra tempo para dedicar a si. Na casa da Marla não é diferente. “Sempre preciso encontrar um tempo para mim. É um malabarismo constante para equilibrar todas essas funções em paz com cada uma delas”, comenta.

Marla acredita que esse tempo para si é fundamental, por mais desafiador que seja, ou possa parecer. “Faço tudo pelas minhas filhas, mas tenho algumas necessidades que não abro mão e com jeitinho vamos encontrando espaço para todas as nossas demandas”, pontua.

 

MÃE NA PANDEMIA

A pandemia mudou a vida cotidiana na casa da maioria das famílias brasileiras que ainda estão se adaptando às novas rotinas e formas de viver em sociedade.

Na casa da Marla, muitas atividades que eram costumeiras também tiveram que passar por ajustes e mudanças. “O importante é viver um dia de cada vez da melhor e mais prazerosa alternativa para cada momento. Ter um olhar positivo e saber administrá-lo faz a diferença”, afirma.

Seguindo essa linha de pensamento, a rondonense cita três conceitos dos quais é adepta e que, segundo ela, trazem enormes benefícios no desafio de ser mãe: comfort food, slow living e hygge.

As tarefas da escola são sempre realizadas sob os olhos atentos da mãe: “Cada filha com sua personalidade, com sua forma de ser e de pensar”, diz Marla Viteck (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

CONCEITOS

O comfort food é uma nova tendência em alimentação moderna e saudável. É aquela comida da casa da mãe ou da avó que remete à infância e às coisas mais simples e deliciosas da vida.

Adepta deste conceito há muitos anos, Marla explica que é algo simples e para ser realizado em família. Pode ser aquele almoço de domingo preparado com carinho, mas tendo como ponto-chave a simplicidade que descreve uma trajetória de história de vida das pessoas. “Isso tem muito a ver com mãe, avó, afeto. Criar laços, um refúgio”, descreve.

Marla considera que esses momentos de interação enaltecem o contato afetivo em família e ajudam bastante no fortalecimento de vínculos.

São valores familiares repassados de geração em geração e que Marla espera que suas filhas levem para a toda a vida. “Das coisas boas da vida, poucas são tão boas quanto ter quem você ama na mesa”, ressalta.

 

SLOW LIVING

O slow living é um estilo de vida que prega mais autoconhecimento e respeito consigo mesmo. O termo vem do inglês e poderia ser traduzido como “vida lenta”, mas não faz referência à velocidade em si.

Marla diz que este outro conceito tem a função de mostrar como fazer para levar a vida e o trabalho inspirados em valores simples e reais, com o objetivo de criar um cotidiano afetivo. “Valores esses, menos esquecidos pela velocidade, pelo piloto automático e pelos excessos que transformam as pessoas”, aponta.

 

HYGGE

Palavra de origem dinamarquesa e norueguesa, hygge é usada para descrever um clima de aconchego e convívio confortável com sentimentos de bem-estar e satisfação.

O estilo hygge é marcado por ambientes decorados com muitas almofadas e outros objetos que são responsáveis por dar um toque especial e acolhedor no ambiente.

Na prática este último conceito pode ser definido em levar um estilo de vida que valoriza prazeres simples, como estar confortável e alegre em sua casa, relata Marla.

Segundo ela, são coisas fáceis de se fazer, mas que podem servir de inspiração e aprendizado mútuo. “Eu e minhas filhas passamos muito tempo juntas. Arrumamos e enfeitamos a casa sempre com flores, tomamos café juntas, cozinhamos juntas”, comenta.

Seja qual for a forma que cada mãe encontra para criar os filhos, dentro de cada condição e realidade, entre erros e acertos, sejam elas mães de filhos adotivos ou biológicos, casadas ou solteiras, não importa, a todas que honram a dádiva que lhes foi dada em gerar a vida, o desejo é que todo dia seja dia delas.

Marla Viteck com as filhas Sofia e Letícia e a Cacau, o pet da família (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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