Fale com a gente

Marechal Mais idosos e menos crianças

Em dez anos, idade média da população do Oeste será de 35 anos

Publicado

em

Foto: Leme Comunicação

 

Menos crianças e jovens e mais adultos e idosos. Este é o panorama traçado para a pirâmide etária da região Oeste do Paraná para 2030.

No último ano da vigência dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que estabelece ações de desenvolvimento com foco nas pessoas, sua qualidade de vida e o respeito aos seus direitos apresentarão um novo desafio aos administradores da região: planejar soluções e implementar políticas públicas para enfrentar os problemas consequentes ao envelhecimento populacional, que também deverão ser, nos próximos 11 anos, encarados como prioritários.

Em 2017, estima-se que viviam 1.372.079 de pessoas no Oeste do Paraná. Entre 2011 e 2017, a estimativa é que a população desta região tenha crescido a uma taxa média anual de 1,1%, enquanto no Estado essa taxa foi de 1,2%, no mesmo período. Em 2030, projeta-se que o Oeste paranaense tenha uma população menor do que a atual, de 1.361.594 de habitantes, e com maior número de adultos e idosos que de jovens.

O secretário de Saúde Marco Wickert (Max), de Quatro Pontes, município que ostenta o título de “Capital da Longevidade” por ter o 3º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, acredita que as mudanças na projeção da população para os próximos anos têm relação, principalmente, com o perfil e comportamento das famílias. “O núcleo familiar hoje é muito diferente. Os casais mais jovens têm acesso, por meio do trabalho das secretarias de Saúde, às informações para estabelecerem um planejamento familiar, algo que no passado não existia, então não era difícil encontrar famílias com pelo menos cinco filhos”, comenta.

Questões econômicas que levaram à independência das mulheres de deixarem o posto de donas de casa para ocuparem lugar no mercado de trabalho, segundo ele, têm grande peso para a mudança no perfil das famílias. “São casais que têm acesso à informação em todos os aspectos, algo que não acontecia no passado”, reforça.

 

Via de mão dupla

Em 2010, a faixa etária com maior população no Oeste era a de 15 a 29 anos. Já em 2030 estima-se que será a de 35 a 39 anos. Neste contexto, o maior número de adultos e idosos compondo a população dos municípios necessita de um diagnóstico de saúde a que possa conduzir a propostas com métodos inovadores e que contribuam para uma atenção humanizada ao processo de envelhecimento da população.

Ao mesmo tempo em que o planejamento dos gestores deve caminhar de acordo com a realidade socioeconômica dos municípios, o objetivo deve ser voltado à manutenção da saúde e qualidade de vida das pessoas, objetivando o viver e envelhecer de forma ativa, com autonomia e dignidade. “Há a necessidade, porém, da população também perceber esse envelhecimento com qualidade e qual o papel de cada um neste processo. Hoje os programas de prevenção às doenças e promoção à saúde acontecem e são acessíveis a todas as pessoas, entretanto, é preciso que a população busque esse serviço, essas informações, para que este processo aconteça de forma plena”, ressalta a secretária de Saúde de Marechal Cândido Rondon, Marciane Specht.

No município, ela diz que no ano passado foi implementado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), composto por uma equipe multidisciplinar que atua em todas as Unidades de Saúde localizadas nos bairros rondonenses. “A equipe conta com nutricionista, psicólogo, assistente social, educador físico e fonoaudiólogo que realizam um cronograma de ações na atenção básica para desenvolvimento nas Estratégias Saúde da Família”, menciona.

As atividades englobam palestras e atendimentos que objetivam levar informação acerca da prevenção de doenças e a promoção à saúde em diversos temas, como hipertensão, diabetes, hábitos alimentares saudáveis, importância da prática de atividades físicas, entre outros. “Sensibilizando a população sobre determinados temas, incentivando a mudança de hábitos de vida, teremos pessoas vivendo com mais qualidade, mais saúde e por mais tempo”, pontua Marciane.

Ela cita como exemplo um trabalho desenvolvido no distrito rondonense de Porto Mendes, onde a própria equipe de atenção em saúde formou um grupo para realização de atividades físicas. O resultado foi um grande envolvimento e comprometimento da comunidade local. “Mais do que isso, percebemos as pessoas muito mais felizes e ativas. Temos no distrito idosos de 90 anos que participam das atividades que são desenvolvidas por um educador físico. Sabemos que por conta desse envolvimento as comorbidades que podem surgir serão de menor proporção”, salienta.

Da mesma forma, nos bairros de Marechal Rondon são desenvolvidas atividades guiadas por um educador físico, elaboradas de acordo com a realidade de cada bairro. Além disso, o atendimento de todos os profissionais do Nasf também pode ser dirigido conforme a demanda dos postos de saúde, sendo feito diretamente na casa do cidadão de forma individual.

 

Saúde para quem quiser

Em Quatro Pontes, Wickert enaltece que o atendimento com foco em estimular a prática de hábitos saudáveis e, principalmente, levar a informação ao máximo de pessoas também está ativo. “Não podemos generalizar, pois sempre existem exceções, mas quando falamos na condição de envelhecimento dos quatro-pontenses, é um processo de envelhecimento saudável por conta dos programas que são ofertados aos cidadãos”, considera.

Além do atendimento domiciliar, por meio do médico da família, que sai um dia da semana do consultório para fazer visitas às residências, a equipe conta com profissionais de nutrição e psicologia, além de enfermagem. “No Centro Poliesportivo foi inaugurada no ano passado a Academia da Terceira Idade, que tem atendimento exclusivo aos idosos do município, acompanhados por um educador físico. Previamente ao início das atividades, eles passam por uma avaliação com o médico e, quando já participando das atividades, têm a aferição da pressão arterial feita antes e após os exercícios para ter um acompanhamento ainda mais próximo”, destaca.

Por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, atividades de grupos de dança voltados exclusivamente aos idosos são desenvolvidos. “Hoje só não tem acesso à saúde quem não quer. Indo ao posto de saúde você tem acesso à consulta, faz exames e quando necessário tratamento, além de ter acesso a todos esses outros programas de promoção à saúde e prevenção a doenças”, evidencia Wickert. “Não apenas em Quatro Pontes, mas em boa parte da região Oeste não há justificativa para a população não cuidar da sua saúde”, complementa.

 

Impacto em planejamento e investimentos

A projeção da população é um cálculo realizado anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que estima a população de cada município e Estado para o ano seguinte. Esta é uma estimativa calculada com base nos dados de mortalidade, fecundidade e migração, componentes da dinâmica demográfica e de informações recentes da administração local sobre nascimentos e óbitos.

O número tem extrema importância para gestores em seu planejamento, pois é um dos nortes na identificação de áreas prioritárias de investimento, como construção de creches, escolas e hospitais, e na verificação de necessidade de realocação e ampliação de serviços e pessoal de acordo com os dados populacionais.

Além disso, a projeção da população também é utilizada, junto com a renda per capita de cada Estado, como base para o cálculo da transferência de recursos da União para municípios, por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Isso significa que variações na projeção de população municipal e na renda per capita estadual provocam alterações na soma total que os municípios receberão do governo federal pelo FPM.

“Quando falamos em saúde preventiva, além dela ter um impacto positivo extremamente significativo na qualidade de vida da população, temos a questão do custo para o Poder Público, seja qual for a esfera de governo. Uma questão curativa, que demanda de atendimento de especialista e de tratamento, é muito mais oneroso para o município, Estado ou para a União”, aponta Marciane.

Ela reforça que mesmo em municípios que há programas voltados à saúde preventiva, quando não há a conscientização e busca da população pelo serviço, o aumento pelos atendimentos de média e alta complexidade aumentam de forma significativa, que, na prática, são as filas de espera pelas altas demandas. “Quanto mais a população buscar esse serviço que já é oferecido, maior será a prevenção por meio do auto cuidado. O município tem o seu papel, que é fundamental, mas é de extrema importância que o cidadão também cumpra com o seu, de ter o cuidado consigo e sua família”, conclui.

 

 

O Presente

Copyright © 2017 O Presente