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Embalagens de agrotóxico e veneno encontradas no Lago preocupam pescadores

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Uma grande quantidade de embalagens de agrotóxico e veneno, além de lixo e outros objetos nocivos à saúde, foi recolhida às margens do Lago de Itaipu na região de Porto Mendes, em Marechal Cândido Rondon, durante mutirão de limpeza realizado entre quarta (19) e sexta-feira (21) da semana passada. Os recipientes foram recolhidos na área compreendida entre os distritos rondonenses de Margarida, Bom Jardim e Porto Mendes. Algumas das embalagens são muito antigas e devem ter sido eliminadas ainda na época em que o Rio Paraná foi alagado.

De acordo com o presidente da Colônia de Pescadores Z-15, Marino Both, os recipientes de agrotóxico e veneno muitas vezes vêm de longe. “As embalagens de vidro são muito velhas e proibidas há muito tempo, sendo que a maioria delas foi eliminada sem tríplice lavagem. É complicado e preocupante encontrar praticamente a mesma quantidade de lixo e veneno depois de seis vezes que a gente limpou o lago. Eu não sei se vai ter peixe, porque isso é uma prova de que não tem como a espécie se reproduzir. O peixe se reproduz na beirada, bem onde para o veneno”, lamenta Both, lembrando que a colônia é formada por 160 famílias de pescadores dos municípios de Marechal Rondon, Mercedes e Pato Bragado.

Both se queixa que as espécies de peixes localizadas no Lago de Itaipu não estão bem desenvolvidas e a principal causa apontada é a falta de alimento. “Isso geralmente é motivado pelo acúmulo de lixo no barranco e pela oscilação de água, no entanto já teve anos piores do que este para a nossa atividade”, comenta, acrescentando que as principais espécies pescadas em Porto Mendes são o armado e curimba, enquanto em Pato Bragado se fisga mais mapará.

Ele acrescenta que aos poucos os agricultores e a comunidade devem estar mais conscientes quanto à preservação ambiental, uma vez que o recolhimento de agrotóxicos foi iniciado há pouco tempo no Paraná. “Tem uma embarcação para chegar de Margarida e de Bom Jardim. Só o lixo, que tinha cadeiras e outros objetos, além de agrotóxico e veneno, somava mais de uma tonelada. A gente vai continuar esse trabalho de recolha porque depende da pesca para sobreviver”, expõe.

 

Transformação

O responsável pelo setor de pesca e piscicultura do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Taciano Maranhão, reconhece o trabalho dos pescadores profissionais que abriram mão de alguns dias de pesca para transformar a atividade comercial e coletar lixo e galões de veneno. “Damos o mérito aos pescadores, à Itaipu e demais instituições pelo trabalho em conjunto, pois desenvolvemos o cadastro dos pescadores com lago de rede, o que vem a colaborar na fiscalização e até mesmo para proteger o pescador”, diz.

“Esse trabalho de limpeza ultrapassa cinco metros cúbicos entre galões de veneno e outros detritos, o que deve ser feito para servir de exemplo às pessoas que jogam lixo na natureza. O ambiente aquático recebe tudo isso e sofre as consequências desse descaso”, avalia Maranhão.

 

Destinação

O técnico especializado da Itaipu Binacional, Aldérico Coltro, ressalta que o trabalho de limpeza às margens do Lago é realizado com as dez colônias de pescadores no trecho entre Foz do Iguaçu e Guaíra. “O trabalho de hoje (sexta-feira) a gente optou por fazer com a Colônia de Pescadores Z-15. A Itaipu, as colônias de pescadores e os municípios lindeiros subsidiam combustível, alimentação e quites para o manuseio dos materiais. Tudo é recolhido e nós acompanhamos a destinação final até chegar à usina de reciclagem. Esses resíduos vão para Santa Terezinha de Itaipu, de onde são encaminhados para incineração em São Paulo. São realizadas duas campanhas mensais desse trabalho”, menciona.

 

Campanha

A campanha denominada “Um dia de limpeza no Lago” foi iniciada no ano de 2014 a partir de uma parceria entre Itaipu Binacional, associações e colônias de pescadores profissionais, Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros e prefeituras municipais. O principal foco da atividade é a educação ambiental, procurando valorizar os pescadores como agentes ambientais e conscientizar a comunidade sobre a necessidade de dar o correto destino e manejo ao lixo produzido.

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