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Marechal Economia estagnada

Empresários rondonenses falam sobre a crise gerada pelo coronavírus

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(Foto: Montagem/OP)

A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid -19) alterou de forma drástica a rotina da população. As medidas de prevenção contra a doença restringiram a circulação de pessoas para diminuir o ritmo de contágio, a fim de evitar a sobrecarga do sistema de saúde, bem como obrigaram o fechamento de parte do comércio na maioria das cidades.

Em Marechal Cândido Rondon, após o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ- PR) suspender o decreto municipal que permitiu a reabertura do comércio rondonense, atendendo à ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado, a prefeitura entrou com duas ações junto ao TJ- PR para assegurar a reabertura das atividades comerciais. No entanto, ambos os recursos foram negados e as lojas permanecem fechadas e sem previsão de reabertura.

Diante das incertezas de empresários e funcionários, o governo federal publicou na semana passada a medida provisória (MP) 936, que prevê o pagamento de benefício emergencial de preservação do emprego e da renda. O benefício será pago em casos de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou quando acontece a suspensão temporária do contrato de trabalho.

Mas será que a MP traz alívio aos empresários e a garantia da manutenção dos empregos?

O Jornal O Presente ouviu empresários de diferentes segmentos do comércio rondonense, que falaram sobre a expectativa com a medida provisória do governo federal. Confira:

 

SEM ADESÃO, POR ENQUANTO

Sócios de uma empresa de lubrificantes, Evair Fernando Engelmann e Anderson Fernandes contam que a princípio não pretendem aderir a nenhuma das opções dispostas na MP do governo federal.

Engelmann comenta que a empresa tem dois funcionários e um deles já estava com as férias programadas para o começo do mês de abril e o outro foi recém-contratado. No entanto, ele diz que com o fechamento do comércio devido à decisão judicial, que não prevê data para a reabertura das atividades, não descarta a possibilidade de adesão na opção de redução da carga horária de trabalho, caso o período de fechamento das lojas se prolongue por muito tempo. Ele explica que devido ao serviço de plantão de atendimento oferecido pela empresa, o afastamento temporário dos funcionários não é viável para a empresa.

 

Evair Fernando Engelmann e Anderson Fernandes, sócios de uma empresa de lubrificantes: “Não descartamos a possibilidade de adesão na opção de redução da carga horária de trabalho, caso o período de fechamento das lojas se prolongue por muito tempo”

 

INTERESSANTE

Rejane Chaves da Silva Köhler, proprietária de uma loja cosméticos, vê com bons olhos a medida do governo federal. “Acho muito interessante o governo dar este apoio aos empresários e aos empregados também, afinal estamos todos no mesmo barco”, comenta a empresária.

Ela menciona que, dependendo do tempo em que o comércio permanecerá fechado, provavelmente deve optar por uma das formas oferecidas na medida. “Analisaremos o que é melhor para a empresa e para os nossos colaboradores. Desejamos que tudo volte ao normal o quanto antes”, ressalta

Segundo Rejane, a empresa estuda opções de crédito criadas para ajudar os empresários durante a pandemia. Ela diz que está avaliando a taxa de juros e o que pode ser mais viável para sua empresa. “Creio eu que não haverá outra saída. É um momento delicado e temos que pensar muito bem no que faremos para equilibrar novamente o nosso comércio”, pontua.

 

Rejane Chaves da Silva Köhler, proprietária de uma loja de cosméticos: “A empresa estuda opções de crédito. Creio eu que não haverá outra saída. É um momento delicado e temos que pensar muito bem no que faremos”

 

MEDIDAS EM AVALIAÇÃO

Diretor executivo de uma escola de idiomas, Jean Michell Lange conta que as aulas passaram a ser ministradas em uma plataforma on-line e o horário foi ampliado para oferecer monitoria personalizada aos alunos. “A ideia é fazer com que os alunos recebam mais conteúdo do que recebiam antes e continuem o processo de aprendizado de uma nova língua tão bem quanto acontecia nas aulas presenciais”, ressalta.

Lange diz que a escola possui um grande número de profissionais, entre professores, administradores e coordenadores, e o objetivo da empresa é manter todo o quadro de funcionários recebendo salário integral.

O empresário comenta que para o mês de março nada deve mudar em relação ao pagamento e à carga horária dos colaboradores, porém, para o mês de abril, ele ainda estuda qual é a melhor medida. “Não comprometendo a renda da minha equipe, eles poderão colaborar com o comércio local para que as coisas se movam aqui. Quanto mais trabalharmos de forma colaborativa, menor será o impacto na economia”, opina.

Para o empresário, a reabertura do comércio é importante por representar a retomada da atividade econômica local, no entanto, ele pontua ser essencial que a população tenha consciência da importância de adotar as medidas de proteção recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), especialmente as pessoas que estão no grupo de risco: idosos e portadores de doenças crônicas. “Torço muito para a reabertura do comércio porque ele é o coração da nossa economia. Quando ele para, outros setores que dependem dele também são prejudicados. É como se estivéssemos vivendo em uma guerra, onde os mais jovens e saudáveis precisam ir ao combate, voltar a trabalhar, para salvar a nossa economia”, considera.

 

Jean Michell Lange, diretor executivo de uma escola de idiomas: “Para o mês de março nada deve mudar em relação ao pagamento e à carga horária dos colaboradores, porém, para o mês de abril, ainda estudo qual é a melhor medida”

 

ALTERNATIVAS DE NEGOCIAÇÃO

A empresária Ivânia Marlova Kochan, proprietária de uma loja do segmento de vestuário, afirma que a pandemia causada pelo novo coronavírus fragilizou as pessoas e consequentemente as empresas, que precisam saber lidar com a situação e decidir o que pesa mais atualmente. “Estamos em um momento nunca imaginado e uma angústia natural nos cerca. Não estamos com uma condição financeira estável e precisamos saber lidar com isso, enquanto empresários. Devemos pensar em nossos colaboradores, fornecedores, nas despesas fixas e em muitas outras questões. Assim sendo, procuramos alternativas de negociação, como descontos em aluguéis, escolas, despesas programadas, visando manter somente o necessário”, destaca.

Segundo Ivânia, alguns comerciantes precisam de amparo específico para não demitir suas equipes, considerando há certa dificuldade em prever quando isso tudo vai acabar. “E mesmo se soubéssemos, como serão as coisas com a volta da ‘normalidade’? Então, penso que, em um primeiro momento, as palavras de ordem são sensibilidade e solidariedade”, frisa.

Ela relata que pretende implantar na empresa pontos representados na medida provisória. “Essa legislação veio no momento certo, trazendo novos fôlegos ao enfrentamento da Covid-19, considerando que ainda se mantém a necessidade de um distanciamento social, condição que coloca as atividades comerciais em suspenso”, salienta.

 

Ivânia Marlova Kochan, empresária do ramo de vestuário: “A empresa optará pelo afastamento temporário de colaboradores para ter tempo de estudar novas estratégias e possibilidades”

 

AFASTAMENTO TEMPORÁRIO

De acordo com a empresária, nesses dois meses em que o governo federal proverá os pagamentos dos colaboradores, a empresa optará pelo afastamento temporário de colaboradores para ter tempo de estudar novas estratégias e possibilidades. Para ela, os valores das pessoas passam por um momento de renovação. “Não somos mais os mesmos e precisamos uns aos outros mais do que nunca. Creio que esse olhar vai muito além do âmbito empresa e colaborador. É ter empatia, se colocar no lugar do outro e sempre se questionar se posso fazer algo a mais. Todos estamos lutando pela vida, pela sobrevivência, e esse deve ser o nosso maior projeto”, evidencia.

 

MP EM BOA HORA

O cirurgião dentista Marco Aurélio Dockhorn Tomasi, sócio-proprietário de uma clínica de especialidades em saúde, acredita que a medida provisória veio em boa hora e deve beneficiar empresários e trabalhadores. “Penso que o governo federal está fazendo um trabalho excelente no combate a esta situação, tanto na área da saúde como na economia”, enaltece.

Conforme ele, o fato do governo pensar nas empresas em um momento de calamidade como o que vivemos é novidade no Brasil. “Querendo ou não, sem as empresas os empregos não existem e é óbvio que o contrário também é valido”, aponta.

O empresário afirma que o auxílio oferecido pelo governo aos empresários deverá manter os trabalhadores empregados. “Isso é fundamental para o sustento das famílias, principalmente nas circunstâncias atuais”, entende.

Tomasi diz que tentará evitar ao máximo a utilização dos recursos disponibilizados pela medida provisória para superar a crise, injetando recursos próprios. “Estamos tentando fazer nossa parte para que tudo acabe bem e o Brasil possa voltar a crescer. Contudo, se chegarmos ao ponto de precisar dispensar um colaborador, iremos, sim, buscar auxílio através desta MP”, menciona.

Ele diz que a redução da jornada de trabalho e salário poderá ser eventualmente usada na clínica. “Creio que esse é um momento de reflexão e se cada um fizer a sua parte sairemos dessa rápido e ainda mais fortes”, ressalta Tomasi.

 

Cirurgião dentista Marco Aurélio Tomasi, sócio-proprietário de uma clínica de especialidades em saúde: “Se chegarmos ao ponto de precisar dispensar um colaborador, iremos, sim, buscar auxílio através desta MP”

 

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