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Marechal Mercado

Empresas devem criar estratégicas para estimular vendas, diz economista

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Economista Jandir Ferrera de Lima: “Mais que custos, os feriados prolongados tiram a competitividade da indústria. Mais dias trabalhados significam mais produção, o custo unitário cai e com isso as margens da indústria podem ser melhoradas” (Foto: Divulgação)

 

“O número reduzido de feriados em 2019 impacta positivamente em quantidade de produção na economia, o que significa mais produtividade das empresas e possibilidade de diminuição dos custos unitários dos produtos em função da disponibilidade de mais dias produtivos”. A declaração é do economista Jandir Ferrera de Lima, que diz, ainda, que isso deve encarecer menos os produtos, pois menos feriados prolongados significam menos horas adicionais a serem pagas pelas empresas que têm produção contínua.

“Do ponto de vista da indústria e das empresas agroindustriais, significa mais produtividade. Para o comércio, mais dias úteis, com menos feriados prolongados, significa uma maior oportunidade de ter a porta aberta do seu estabelecimento e fazer novos negócios. O setor de serviços, por sua vez, tem a possibilidade de fazer uma prestação de serviços mais ampliada e auferir ganhos de produtividade”, expõe o economista.

Porém, ele lembra que mais dias a serem trabalhados não significa necessariamente que as empresas vão aumentar suas vendas. “Pouco adianta a empresa produzir mais se ela não tiver mercado. Então, essa possibilidade de ter uma maior produção também exige das empresas que elas tenham estratégias de ganho de mercado, de fidelização dos clientes e estratégias para estimular as vendas”, observa. “Quem é da indústria pode aproveitar esse maior número de dias, as possibilidades que o Brasil está tendo com a desvalorização cambial e abrir margem no comércio exterior, ampliando suas vendas”, exemplifica.

Essas estratégias também devem ser pensadas pelas empresas comerciais, em especial as lojas. “Oferecendo produtos de melhor qualidade, preços diferenciados, condições de crédito para o consumidor, mimos e atrativos para que ele circule no comércio e também possa fazer a sua compra. Ou seja, apenas ter dias a mais de produção, trabalho e comercialização não implica necessariamente que haverá demanda. A demanda nesse sentido precisa ser estimulada e isso vai exigir das empresas industriais, comerciais e de serviços estratégias para atrair o consumidor”, ressalta.

Conforme Lima, o incremento da produção se reflete em ganhos de crescimento da economia, o que também impacta de forma positiva no Produto Interno Bruto (PIB) da região Oeste, que hoje é superior a R$ 10 bilhões por ano. “É menos lazer para os trabalhadores, mas, por outro lado, para a economia significa mais produção, disponibilidade de horas trabalhadas, isto é, oportunidades de ampliar inclusive os empregos, e também a possibilidade de se gerar novos negócios. Ou seja, de um lado, é menos tempo para lazer, mas, por outro, é mais possibilidade de ganhos na economia, em especial para se gerar novas oportunidades de investimentos”, orienta.

 

Diferencial

O economista ainda destaca que a abertura de empresas em dias de feriados depende da atratividade do comércio. “Em geral, nos períodos de festa, como o Dia dos Namorados, Natal, Dias das Crianças, Dia dos Pais e Dia das Mães, já há um calendário diferenciado do comércio, porque é um período em que há incremento nas vendas. Ou seja, mais do que abrir as portas, o empresário precisa oferecer um diferencial para estimular consumidor, seja em preço, condições de venda, crediário facilitado ou outros atrativos, como brindes, promoções e assim por diante”, aconselha.

O mesmo vale para os comércios situados nos centros das cidades. “Em algumas situações, é mais interessante os empresários trabalharem os atrativos de forma coletiva do que individualmente”, sugere.

 

Ampliação de mercados

O economista destaca que as empresas precisam criar estratégias para ampliar mercados e conquistar consumidores. “O comércio exterior é uma grande possibilidade para as empresas brasileiras, em especial da nossa região Oeste do Paraná. Também há a necessidade de criar crédito facilitado para estimular o consumidor, criar alternativas de pós-venda, para que ele se sinta atraído a comprar e também que as áreas centrais dos municípios, onde há maior concentração de comércios, criem algum atrativo para que o consumidor circule no comércio”, salienta Lima.

 

Menos competitividade

Dias parados significam produção paralisada em alguns setores, portos fechados e uma série de serviços públicos que deixam de ser oferecidos à comunidade. Isso causa atrasos e atrapalham determinadas áreas produtivas, em especial aquelas que necessitam de autorização, licenciamento, fiscalização e assim por diante. “Mais que custos, os feriados prolongados tiram a competitividade da indústria. Mais dias trabalhados significam mais produção, o custo unitário cai e com isso as margens da indústria podem ser melhoradas”, avalia.

 

Mudanças na legislação

A aprovação da reforma trabalhista, em 2018, pode acabar com parte da perda do setor produtivo, principalmente no que se refere às emendas de feriados. A legislação sugere que quando o feriado ocorrer em terças ou quintas-feiras, que seja substituído por segundas ou sextas, dias mais próximos dos fins de semana, acabando de vez com o dia adicional de folga. Para Lima, esta é uma alternativa viável para diminuir os custos de gestão dos programas de compensação de horas de trabalho. “Feriado prolongado é uma invenção puramente brasileira. É claro que cada setor tem suas especificidades e em alguns setores talvez não valha a pena fazer essa quebra de dias trabalhados. Nas repartições públicas, os feriados emendados e compensados ainda é uma prática recorrente. Todavia, esse avanço na legislação trabalhista ajudou muito alguns setores empresariais no qual a gestão dos dias é muito importante para se auferir competitividade. Sem dúvida nenhuma, foi um ganho para os empresários”, garante o economista.

 

Expectativas de crescimento

Ano de transição para o Brasil, 2018 foi muito conturbado politicamente. As expectativas de crescimento da economia se frustraram, ficando abaixo das expectativas. “Entretanto, 2018 fechou com a inflação abaixo da meta do Banco Central e isso terá um impacto muito positivo sobre a taxa de juros a médio e longo prazo”, revela Lima.

O economista considera que, a partir disso, para 2019, se o governo de Jair Bolsonaro conseguir avançar na reforma da Previdência, que é muito necessária, segundo ele, e na simplificação de tributos, e se possível também na reforma tributária, as perspectivas de crescimento para o Brasil serão bem melhores. “Há também a questão do cenário internacional, que está muito conturbado, além da desaceleração da economia chinesa e a guerra comercial entre China, Estados Unidos e Europa e a questão das expectativas em relação a taxas de juros americanas. Esse cenário internacional não está sendo muito positivo para o Brasil. Mas, como sempre, tudo pode acontecer na economia, em especial para o Brasil, haja vista que a economia brasileira é estável e tem certa estabilidade por natureza”, enaltece.

Lima reforça que o crescimento depende muito dos ciclos políticos. “Se o governo Bolsonaro conseguir avançar nas reformas e o cenário internacional melhorar, as expectativas de crescimento da economia brasileira são bem positivas, em especial para o Paraná, que tem na Ásia o seu maior comprador de produtos alimentícios”, finaliza.

 

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