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Marechal Marechal Rondon

Epidemia de dengue faz dobrar venda de repelentes

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(Foto: Joni Lang/OP)

A venda de repelentes dobrou em Marechal Cândido Rondon de 20 dias para cá, especialmente depois que o município decretou epidemia de dengue, em meados de 20 de fevereiro. Os repelentes tradicionais à base de DEET custam em média de R$ 13 a R$ 30, enquanto repelentes com o composto Icaridina variam de R$ 30 a R$ 65.

“A partir do dia 15 de fevereiro a venda de repelentes dobrou, embora o uso atualmente é mais comum. Alguns anos atrás era mais procurado por pessoas que iriam para pesca ou camping”, comenta a farmacêutica Gissele Marçal Lamberty, da Coperfarma da Vila Gaúcha.

Segundo ela, os repelentes seguros para grávidas e crianças e que podem ser utilizados sem nenhum risco são os que contêm DEET, Icaridina ou IR3535 na composição. “Eles só devem ser usados se estiverem registrados na Anvisa, seguindo a orientação dos profissionais da área de saúde e as indicações do rótulo do produto. Os repelentes facilmente encontrados para aquisição são com DEET e Icaridina e o que determina e diferencia se uma grávida, um bebê, criança ou somente adulto podem usar é a concentração do ativo”, aponta.

 

ORIENTAÇÕES

Os repelentes com DEET podem ser usados em crianças com idade superior a dois anos e grávidas na concentração máxima de 10%, sendo que, com esta concentração, o produto tem tempo de ação de cerca de quatro horas. “Crianças a partir de 12 anos e adultos podem usar em uma concentração maior de 10%. Existem marcas com até 25% do ativo em que a duração chega até dez horas”, explica Gissele.

De acordo com ela, os repelentes com Icaridina também podem ser usados em grávidas e crianças com mais de dois anos de idade na concentração de 25%. “Uma vantagem destes produtos é que possuem um tempo de ação prolongado, até cerca de dez horas no caso de repelentes com 25% de concentração de Icaridina. A partir de três meses de vida até um ano de vida podem ser aplicados repelentes com Icaridina na concentração de 10% limitando o uso para duas vezes ao dia. Para crianças de um a dois anos de vida a aplicação pode ser até três vezes ao dia”, ressalta.

No que tange à aplicação, a farmacêutica lembra que o uso é recomendado no máximo três vezes ao dia. “No caso de spray e aerosol é bom manter a uma distância de 15 centímetros da área desejada, necessitando espalhar o produto sobre a pele massageando até o líquido desaparecer. Não deve ser aplicado nas áreas dos olhos, boca e mucosa e caso ocorra acidentalmente basta lavar abundantemente com água. É importante evitar o manuseio por crianças, pois podem ficar resíduos nas mãos, além de manter longe do alcance das crianças e animais. Em caso de irritação na pele o uso deve ser suspenso e a pessoa precisa entrar em contato com um médico”, sugere.

 

COMPOSTOS CASEIROS

Além dos repelentes adquiridos nas farmácias, permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não é raro encontrar compostos caseiros para “afastar” o mosquito transmissor da dengue, o Aedes Aegypti. Um dos exemplos é um repelente preparado à base de álcool, cravo-da-índia e óleo de amêndoas. Inclusive, um vídeo que mostra a elaboração do composto está sendo bastante propagado pelas redes sociais.

A elaboração do repelente consiste em despejar um pacote de cravo-da-índia em meio litro de álcool e deixá-los de molho por quatro dias, chacoalhando ao menos duas vezes. Após, deve-se peneirar a mistura e, usando um funil, despejá-la de volta na primeira garrafa. Em seguida, adiciona-se o óleo de amêndoas e o conteúdo pode ser transferido a um recipiente adequado para então poder ser utilizado na pele, podendo ser um frasco de desodorante ou outro. Para finalizar, basta sacudir para a mistura funcionar. O repelente caseiro pode ser vaporizado na pele e depois passado nas mãos com a finalidade de prevenir a picada do Aedes aegypti.

 

EFICÁCIA LIMITADA

Conforme o presidente da Sustentec e membro da Comissão Técnica de Fitoterapia do Conselho Federal de Farmácia, toledano Euclides Lara Cardozo Júnior, inúmeras são as plantas que possuem elementos químicos em sua composição e que podem atuar contra insetos e o cravo-da-índia é uma delas. Porém, alerta, a eficácia destes produtos é limitada. “Os produtos naturais estão presentes em vários compostos com ação de repelir insetos, o que incentiva a criação de formulações caseiras. Para situações corriqueiras do dia a dia estes produtos podem ter certa justificativa na sua utilização devido ao baixo custo, mas no caso de situações graves e que envolvem a saúde pública não são a melhor estratégia”, adverte.

Segundo ele, é preciso lembrar que o mosquito transmissor da dengue tem comportamentos que já foram compreendidos e a melhor forma de combate é não deixar que o mesmo se prolifere no ambiente. “Neste sentido a população tem grande responsabilidade em focar nas estratégias corretas em conjunto com as ações do Poder Público. Estas estratégias são amplamente divulgadas pelas autoridades na nossa região”, frisa.

 

FOCO NA PREVENÇÃO

Bastante conhecido pelo bom desempenho, a Icaridina é um exemplo de produto natural (originado de plantas) utilizado como repelente de insetos. “Contudo, é importante reforçar que o uso de repelentes para o combate ao mosquito da dengue é limitado se não ocorrer a conscientização da população sobre as ações que diminuem a proliferação do mosquito”, ressalta Cardozo.

O farmacêutico recomenda que nenhum repelente caseiro seja utilizado, tendo em vista a gravidade da situação envolvendo a dengue na região, onde muitos municípios estão em epidemia. Outra questão, indica ele, é fechar os ralos das casas para impedir que o mosquito transmissor da dengue se prolifere. “Colocar barreiras físicas nos ralos é o jeito mais eficiente para a não proliferação de insetos, então tampar os ralos para impedir o acesso do mosquito é eficiente. Também devem ser adotadas demais ações divulgadas pelo sistema de saúde para controlar a proliferação do mosquito transmissor”, pontua.

 

CASOS

Conforme o Setor de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, até a última quarta-feira (04) Marechal Rondon tinha 542 casos confirmados de dengue. Foram 1.112 notificações até o momento, das quais 506 em investigação e 64 descartadas.

 

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