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Marechal Inquérito encerra em 10 dias

“Está sendo difícil viver o luto sem saber o que aconteceu”, diz família de Edna Storari

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Há oito anos residindo em Marechal Cândido Rondon, Edna Storari desapareceu aos 56 anos e deixou um rastro de pessoas preocupadas. A família da empresária rondonense reside nas cidades de Tapejara e Pérola do Oeste, no Paraná, e acompanha de lá o desenrolar do caso emblemático. Edna tem duas filhas e dois netos, um adolescente de 14 anos e uma bebê de um ano.

O Jornal O Presente procurou a família dela para falar sobre o caso, porém, abaladas diante dos acontecimentos, as filhas da rondonense preferiram não se manifestar. O genro de Edna, Edgar Macari de Almeida, atendeu às ligações e contou à reportagem um pouco da vida antes do desaparecimento.

 

“Uma pessoa quieta”

De acordo com Almeida, nada de estranho foi percebido nos últimos contatos com a sogra. “Para nós, ela dizia que estava tudo bem. Até então a gente não sabia de nada do que estava para acontecer”, assegura.

Ele conta que sua esposa e a cunhada costumavam visitar Edna sempre que possível. “Não eram todos os meses em que a gente conseguia visitá-la ou ela vir nos visitar. Em todo caso, tínhamos uma boa relação”, disse.

O genro menciona que o companheiro da rondonense não era muito conhecido da família. “Eu o conheci muito pouco, porque ele trabalhava nos fins de semana como segurança de uma empresa. Ele nunca veio na nossa casa, mas nas nossas visitas a Edna ele aparentava ser uma pessoa quieta, na dele”, frisa.

 

Boatos de separação

Quanto aos boatos de que a rondonense teria pedido a separação do companheiro, Almeida pondera que a informação só chegou à família “por terceiros”.

Edna administrava uma empresa de transporte e a família suspeita que interesses financeiros, atrelados ao suposto desejo de separação, teriam motivado a ação. “A gente não sabe o que levou a isso, mas tudo indica para um desfecho nesse sentido, até porque os bens eram todos dela e, automaticamente, estando desaparecida ele ficava na posse dos bens”, ampliou o genro.

 

Luto na família

O genro dá a entender que a família, assim como a Polícia Civil de Marechal Rondon, não partilha da possibilidade de desaparecimento e já lidam com a dor da provável morte de Edna. “Está sendo difícil viver o luto sem ter corpo e sem saber o que aconteceu de fato. Está sendo muito difícil e elas (filhas de Edna) estão bastante abaladas”, lamentou.

A família acompanha à distância o desenrolar dos fatos e aguarda a conclusão do inquérito, que deve ser finalizado em dez dias. “O que nós mais esperamos nessa hora é que a justiça seja feita, que a polícia chegue em um resultado e faça justiça com os envolvidos”, finaliza Edgar Macari de Almeida.

Empresária rondonense Edna Storari foi dada como desaparecida no dia 21 de setembro. Após diligências, inquérito em andamento da Polícia Civil aponta para feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual (Foto: Reprodução/Facebook)

Caso foi feminicídio

O desaparecimento da empresária Edna Storari tem intrigado autoridades policiais de Marechal Cândido Rondon e causado grande repercussão, mesmo antes de ser totalmente elucidado pela polícia.

Na manhã de ontem (02), o caso ganhou mais um capítulo com o cumprimento de três mandados de prisão preventiva e dois mandados de busca e apreensão contra o genro e um casal de filhos do companheiro da vítima.

Segundo o delegado da Polícia Civil, Rodrigo Baptista Santos, a polícia não trata mais a situação como desaparecimento. “Temos elementos suficientes que, infelizmente, apontam para a morte da Edna, tendo como principal autor o seu companheiro”, declarou, ao O Presente.

Baptista não relatou a respeito de qual foi a participação específica de cada uma das pessoas presas ontem, acusadas de envolvimento indireto no crime. Mas, de acordo com ele, os elementos reunidos no inquérito policial apontam para a participação no desaparecimento do corpo da vítima. “Não exatamente no feminicídio, mas em princípio participaram de crimes que gravitaram ao redor desse feminicídio, que seria a ocultação de cadáver e a fraude processual”, revela.

 

Presos negam participação

As três pessoas presas ontem foram interrogadas pela Polícia Civil na presença de seus advogados ao longo do dia. Segundo o delegado, os acusados pelo desaparecimento da empresária e ocultação de provas negaram ter qualquer participação.

Desde o momento de sua prisão, em 07 de outubro, o ex-companheiro de Edna e acusado pela sua morte também vem negando o crime. Porém, segundo o delegado, as provas colhidas ao longo do inquérito direcionam para um caso bárbaro motivado possivelmente pelo fim do relacionamento e a divisão dos bens. “A nossa investigação desmentiu ponto a ponto os álibis apresentados pelo acusado”, declara.

Baptista informa ainda que os indiciamentos serão feitos de forma minuciosa e o inquérito policial deverá ser concluído em dez dias. “Ainda há algumas diligências em trâmite e no final desse período iremos relatar esse inquérito com os indiciamentos para, em seguida, enviar ao Judiciário”, conclui o delegado.

 

Desaparecimento

Desde o primeiro contato com o então companheiro de Edna, os investigadores da Polícia Civil estranharam a demora dele para comunicar o desaparecimento da empresária.

Este comunicado foi feito somente pela filha dela, que procurou a polícia para informar que a mãe estava sumida há mais de uma semana.

Após o relato, os policiais foram até a casa do suspeito, que ao ser indagado sobre a demora para registrar o boletim de ocorrência (BO) respondeu que estava indo naquele exato momento para a delegacia.

Na época, o companheiro apresentou a versão de que Edna havia viajado para o Paraguai com um casal de amigos de Guaíra, mas que ele não tinha conhecimento de quem eram.

No entanto, as primeiras evidências que a história apresentada parecia não proceder surgiram quando os policiais encontraram roupas, maquiagens e as joias da vítima na casa onde ela morava com o companheiro.

Outro ponto que gerou estranheza por parte da polícia foi o fato da vítima não ter levado o celular e, segundo relato do investigado, ela teria pedido para ele formatar o aparelho.

Com a aprofundamento das investigações, as autoridades policiais constataram, ainda, que alguns dias após o sumiço o companheiro de Edna começou a procurar a vizinhança pedindo que os vizinhos apagassem imagens de câmeras de segurança.

Com a reunião de todos esses e outros elementos, houve o pedido de prisão temporária contra o acusado, cumprido no início de outubro, e agora transformado em preventiva depois da prisão, ontem, dos outros suspeitos pelo envolvimento no crime.

 

Delegado da Polícia Civil de Marechal Rondon, Rodrigo Baptista Santos: as provas contra os filhos e o genro do suspeito de feminicídio foram extraídas de elementos relacionados a oitivas, aparelhos celulares e vídeos de câmeras de segurança (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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