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Marechal Falta de água preocupa

Produtores rurais dizem que Marechal Rondon nunca viveu uma escassez de água tão grande

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Pecuaristas, avicultores, suinocultores e piscicultores fazem investimentos na perfuração de poços, além de contratar caminhões pipa para suprir o consumo dos animais (Foto: Sandro Mesquita/OP)

O longo período de estiagem, que se estende por cerca de dois anos no Paraná, aliado à previsão de pouca chuva para os próximos meses, aumenta a cada dia a preocupação de produtores rurais de Marechal Cândido Rondon.

Muitas vertentes e poços localizados no interior do município, que outrora esbanjavam água, hoje estão secos ou com o volume bem abaixo do normal.

O dilema ainda é maior entre pecuaristas, avicultores, suinocultores e piscicultores, atividades que demandam grande quantidade de água diariamente.

 

Gastos extras

Na granja de Valmir Lindner, localizada na Linha Heidrich, são necessários aproximadamente 18 mil litros de água por dia para dar aos 70 mil frangos existentes na propriedade.

Segundo ele, recentemente foi preciso comprar água de caminhão pipa para fornecer aos animais. “Gastamos R$ 630 por dia para comprar 20 mil litros de água durante uma semana para evitar a morte das aves”, revelou ao O Presente.

O avicultor conta que depois de ver o poço artesiano secar, outro poço de 150 metros de profundidade foi perfurado, porém, não foi encontrado água. “Tivemos que fazer um terceiro poço com 84 metros em outro lugar e dessa vez encontramos água com vazão de 8,5 mil litros por hora”, expõe.

A última perfuração aconteceu há poucos dias e, conforme Lindner, o investimento feito para não deixar faltar água na granja deve passar de R$ 40 mil.

O rondonense diz que uma mina d’água que existia na propriedade já secou e a água existente em um açude da propriedade deve acabar em cerca de uma semana. “Nunca havia faltado água no açude e agora está prestes a secar também”, lamenta.

Lindner mora na zona rural de Marechal Rondon há mais de 30 anos e, de acordo com ele, nunca presenciou uma estiagem tão longa como a atual. “A situação é preocupante. Se não chover logo não sei o que pode acontecer”, ressalta o avicultor.


Pai e filho, os avicultores Valmir e Danton Lindner trabalham juntos e procuram se antecipar para não deixar faltar água na granja: “Nunca havia faltado água no açude e agora está prestes a secar também” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Perfuração de poços

Na granja de Jaime Fidler o dilema de conseguir água para fornecer aos animais se repete. Na propriedade existem três barracões com frangos e o consumo diário chega a 60 mil litros durante a fase terminal das aves.

Fidler menciona que recentemente faltou água na granja porque o único poço existente na propriedade secou. “Tivemos que fazer outro poço que ainda tem água, mas não sabemos até quando”, pontua.

Em um dos poços foi encontrado água, mas imprópria para o consumo. “Na primeira tentativa foi perfurado a 52 metros e deu só dois mil litros de água, foi então que decidimos aumentar a profundidade para 208 metros, mas a água encontrada era salobra”, comenta.

No momento em que a reportagem de O Presente esteve na chácara, um terceiro poço estava sendo perfurado na granja. O local escolhido foi próximo a outro poço perfurado recentemente na propriedade vizinha, onde, segundo Fidler, foi encontrado água. “Vamos procurar até uns 150 metros, se encontrarmos vai ficar como reserva”, relata.


Avicultor Jaime Fidler: “Aqui na propriedade já faltou água, mas com os outros poços que fizemos deu uma tranquilizada, mas não sabemos até quando” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 


Rondonenses estão tendo que investir na perfuração de poços para não deixar faltar água em suas propriedades: gastos extras pesam no bolso (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Situação crítica 

Na propriedade de Sérgio Finkler, na Linha São Cristóvão, a situação também é crítica. Além de criar bezerros de engorda, o produtor rural possui três açudes com tilápias.

Depois que o único poço que fornecia água aos animais secou, outro poço com 220 metros foi perfurado, no entanto, a vazão foi pequena, o que tornou a extração inviável. “Não compensou porque só deu mil litros por hora e teria que dar pelo menos uns 20 mil/hora”, expõe.

De acordo com ele, enquanto não chove, os bezerros precisam tomar água nos açudes, que também estão secando rapidamente. “Moro aqui há 45 anos e nunca havia visto uma escassez de água tão grande como agora”, menciona.

Atualmente os peixes estão com cerca de 600 gramas, abaixo do peso ideal para o abate, mas se a estiagem persistir a retirada da produção precisará ser antecipada. “Acredito que os peixes aguentam mais uns 15 dias, depois disso teremos que tirar tudo antes que eles morram”, revela.

 


Além da escassez de água para dar aos animais, na propriedade de Sérgio Finkler a água da rede consumida na residência costuma faltar quase todos os dias. “Espero que chova logo para melhorar, caso contrário a situação vai complicar ainda mais” 
(Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Dando conta

A produtora rural Rosimeri Prisnitz, moradora da Linha Marreco, pode se considerar uma privilegiada, afinal, mesmo com o fornecimento de água para 400 suínos e para a residência, a propriedade não está interligada à rede do Saae e é abastecida somente com a água retirada de um poço com apenas 40 metros de profundidade. “O nosso poço ainda está dando conta”, enfatiza.

Além da suinocultura, a família se dedica à criação de peixes em seis açudes, mas três deles estão desativados por conta do baixo volume de água das vertentes. “Ainda tem um pouco de água, mas está escassa. Vamos torcer para que venha muita chuva”, expõe.

Na propriedade existe um reservatório que ainda tem água que deve ser usada para abastecer os açudes quando o nível baixar, mas caso a estiagem se prolongue por muito mais tempo existe o risco de perder a produção de peixes. “Conforme os peixes vão crescendo e a água diminuindo, talvez teremos um problema ainda mais sério do que temos hoje”, afirma Rosimeri.

Outra dor de cabeça, segundo a produtora, é com relação ao plantio da safra de verão, que deve começar nos próximos dias. “Com a hora de plantar chegando e sem previsão de chuva a situação fica muito preocupante”, destaca.

 


Produtora rural Rosimeri Prisnitz, moradora da Linha Marreco: “Moro aqui há 30 anos e nunca tinha visto uma seca tão grande como essa. Vamos torcer para que venha chuva logo” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

 

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