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Marechal

Excesso de chuva pode interferir no peso dos grãos e gerar perdas na soja

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Joni Lang/OP

Para que os 40% restantes das lavouras da região sejam colhidos, é necessário ter tempo aberto com sol, o que não aconteceu nos últimos dias

Com a totalidade das lavouras cultivadas com soja em Marechal Cândido Rondon e microrregião no ponto ideal para serem colhidas, engenheiros agrônomos e produtores fixam o olhar para o céu, esperando que o tempo se mantenha firme nos próximos dias para que as máquinas entrem no campo e avancem com a colheita.

E tudo isto por uma razão: os números da colheita são considerados satisfatórios até o momento, contudo, o excesso de chuvas – com média de 153 milímetros no acumulado deste mês – pode interferir na qualidade dos grãos e ocasionar perdas na soja.

De acordo com o engenheiro agrônomo Renato Wiebrantz, da Agrícola Horizonte, 60% das lavouras cultivadas já foram colhidas, alcançando bons índices de produtividade, inclusive, a princípio, superiores à safra anterior. A qualidade do material colhido também é satisfatória, uma vez que existe bom peso nos grãos, menciona.

Segundo ele, para que os 40% restantes sejam colhidos, é necessário ter tempo aberto com sol, o que não aconteceu nos últimos dias. Os grãos estão maduros, apenas esperando as condições adequadas para secar, comenta, acrescentando que o tempo bom também contribuirá para que o plantio do milho safrinha avance até 90% em média. Em o tempo permanecendo aberto até segunda-feira (dia 20), a gente consegue acelerar a colheita e estabelecer o plantio da segunda safra, o que oferece condição de ótima safrinha, diz.

 

Eventuais perdas

Wiebrantz ressalta que o excesso de chuvas pode agravar a situação. Deve diminuir a qualidade dos grãos e, principalmente, reduzir a produtividade, fazendo com que esses grãos fiquem menos dourados, percam cor, fiquem mais esbranquiçados e mais leves. Precisamos diluir essas perdas sobre índices de produtividade muito bons até agora, em função disso essas perdas são pontuais e vão impactar pouco no resultado final, menciona, lembrando que alguns produtores da região colheram 200 sacas de soja por alqueire.

O agrônomo reforça que, apesar da apreensão devido ao risco de perdas caso volte a chover, há registros de produtividade acima da média. Convém lembrar que temos uma situação de clima mais particular nas terras mais baixas na região beira lago, onde essas produtividades não foram tão expressivas. Queremos esperar uma colheita com média entre 150 e 160 sacas por alqueire, salienta.

Conforme Wiebrantz, mesmo com a queda na cotação do dólar, o agricultor tem obtido bom rendimento em função da produtividade. No ano passado o dólar estava em R$ 4, o que propiciou preços acima da média. Os agricultores obtêm ganhos com os preços atuais e esperamos que se mantenham nesses patamares ou venham a subir, opina.

 

Manejo adequado

O agrônomo destaca que nos três, quatro últimos anos está sendo percebido um incremento na produtividade de soja e milho safrinha. Isso se deve, principalmente, a esta antecipação do plantio da soja para meados de setembro, pois a cultura faz enchimento de grãos no clima mais ameno da primavera e quando chega dezembro, no veranico, a soja está formada. Também se instala a safrinha de milho mais cedo, o que garante melhor desempenho, explica.

Segundo ele, outros fatores fundamentais são o melhoramento da qualidade genética da semente, com aplicação da variedade certa que se adapta melhor à lavoura de cada produtor. Além disso, as novas tecnologias, que evoluem e melhoram, como exemplo a agricultura de precisão, o que proporciona adubação mais equilibrada com o que falta e gera economia no fertilizante que já está rico no solo, assim como corrigir o nutriente deficiente para que a soja com mais calcário e mais gesso possa colocar as raízes mais para o fundo e atingir umidades que ficam na camada abaixo de 25 centímetros são importantes para um bom resultado. Sem calagem e gessagem, a parte fértil se restringe à parte superficial de cinco a seis centímetros. Com a correção e precisão pode estabelecer abaixamento da camada fértil para 20, 30 centímetros, gerando maior estabilidade de produção. A distribuição precisa das sementes e profundidade dá um pé robusto e de ótima qualidade. Além disso, a condição de plantio com boa umidade é importante e favorece muito a implantação de bom estande inicial, essencial para estabelecer ótima produtividade, finaliza.

Colheita deve ser concluída em até 20 dias

No ano passado foram cultivados 471.595 hectares com 1.588.734 toneladas de soja colhidas na área de abrangência do Departamento de Economia Rural (Deral) de Toledo, ligado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab). A expectativa para este ano é de que a safra renda 1.699.200 toneladas. Caso isto se confirme, a produção será uma das maiores, de acordo com dados do Deral.

O técnico Paulo Oliva destaca que com a previsão de tempo aberto a colheita de soja volta a se intensificar na região. Até quarta-feira (dia 15) havia 56% das lavouras colhidas. Os rendimentos em nível de produtividade estão bons, com média de 60 sacas a 85 sacas por hectare, o que significa 150 a 212,5 sacas por alqueire até o momento, enaltece.

Oliva menciona que o excesso de chuvas pode manter a média da safra em 60 sacas por hectare ou um pouco abaixo disso. Em algumas regiões pontuais houve falta de chuva nos meses de novembro e dezembro, principalmente à beira lago, o que tende a afetar o índice de produtividade. Ainda é cedo para afirmar, pois a colheita deve ser concluída em 15 ou 20 dias, todavia não está descartado que essa perda na safra possa ocorrer devido à interferência na qualidade dos grãos devido ao excesso de chuvas, comenta.

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