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Marechal

Frota rondonense cresce 80% em dez anos

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Já não é novidade que Marechal Cândido Rondon se tornou uma cidade motorizada. Prova disso é observada no trânsito local, constituído de um elevado número de veículos, sejam eles automóveis, caminhonetes, motocicletas e motonetas – os mais comumente utilizados – ou caminhões, carretas, ônibus, tratores, entre outros. O município tem posição de destaque no cenário estadual em número de veículos, reunindo 40.511 de todos os tipos até junho de 2017.

A frota emplacada em Marechal Rondon disparou 80% nos últimos dez anos, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2016, passando de 22.157 para 39.960. Os automóveis ocupam a maior fatia do bolo, com aproximadamente 48%, respondendo por 19.160 unidades. Já as campeãs de cadastros no período são as caminhonetes e motonetas, que saltaram de 680 para 3.360, ou 390% de aumento, e de 1.982 e 4.261, o que resulta em 115% de crescimento. Os números foram obtidos junto ao portal do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR), cujas tabelas podem ser conferidas a seguir.

Tal evolução impõe uma série de desafios às autoridades policiais e ligadas ao trânsito, para que tomem atitudes visando garantir a fluidez e, especialmente, oferecer maior segurança aos cidadãos. Isso ocorre por meio de um preparo mais aprofundado dos novos condutores de veículos, através de campanhas educativas, de fiscalizações rotineiras, assim como de intervenções em ruas e avenidas.

 

Orientação

O chefe da 35ª Ciretran com sede em Marechal Rondon, Roque Sturm, destaca que trafegar pela sede rondonense tem ficado cada vez mais difícil devido ao elevado número de veículos. “Estão sendo promovidas modificações constantes para acompanhar esse crescimento. Sentimos alguns problemas de estacionamento, temos dificuldades que antes Marechal Rondon não enfrentava, sendo que tudo isso deve ser superado. Os estudos e a própria mobilidade urbana, com auxílio do Detran, podem sugerir modificações para tornar o tráfego melhor. A preocupação existe, tanto que tivemos palestras sobre mobilidade urbana para cada vez implementar itens que ajudem a população justamente por causa desse aumento de veículos”, expõe.

Sturm enaltece que atualmente está em prática uma orientação mais rigorosa dos novos condutores e por todos que passam por cursos nas autoescolas. “Há necessidade de redobrar os cuidados no trânsito, principalmente quando o fluxo de veículos aumenta. Um trânsito mais intenso deixa a mobilidade mais difícil e perigosa, o que nos faz trabalhar mais com a educação para o trânsito. Antigamente o Detran tinha uma imagem de apenas emitir documentos, quando hoje se preocupa muito com a orientação mais correta dos condutores”, enaltece.

 

Fiscalização

De acordo com o comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar com sede em Marechal Rondon, capitão Valmir de Souza, o aumento da frota deve ser encarado como sinônimo de maior cuidado na fiscalização desses veículos que circulam pelo município. “O aumento proporciona maior fluxo de veículos nas vias da cidade e isso em tese induz ao aumento de acidentes. Não é o caso específico de Marechal Rondon, onde felizmente percebemos até mesmo uma estabilização no número de acidentes. Esse aumento traz preocupação com a engenharia de tráfego, conservação das vias, que ao longo do tempo podem se deteriorar, então é importante uma parceria de todos os órgãos para que o trânsito seja mais seguro”, ressalta.

Souza lembra que muitas pessoas não conseguem encontrar ou não planejam rotas alternativas de tráfego nos horários de pico. “A manutenção do mesmo caminho intensifica em determinados pontos os locais de acidentes, então é importante que os condutores procurem outras rotas quando há grande fluxo de veículos nas vias geralmente utilizadas. A preocupação da PM é de que o tráfego seja tranquilo e que os acidentes sejam diminuídos nos índices mais aceitáveis possíveis”, enfatiza.

O comandante da PM menciona que a corporação deve observar esse aumento na frota e replanejar a forma de fiscalizar, atuando diretamente em pontos de maior circulação de veículos, evitando a ocorrência de acidentes. “Notamos que na cidade as pessoas morreram mais em acidentes de trânsito do que especificamente por armas de fogo em determinado período, então veja que o trânsito acaba matando mais, contudo as pessoas têm uma resistência muito grande em aceitar a fiscalização de trânsito como algo importante. As pessoas entendem que a polícia deveria prender bandidos ao invés de fiscalizar o trânsito, quando percebemos que muitas vezes as pessoas dirigem embriagadas, além do que a velocidade imprimida é muito maior em um trânsito com muito mais veículos”, enfatiza.

“As pessoas devem se conscientizar de que trânsito é vida e a fiscalização é parte essencial na manutenção da vida e da integridade física das pessoas. A PM ao longo do tempo vem intensificando essa fiscalização, o planejamento vem sendo remodelado para garantir ao cidadão mais segurança, visando entender que a comunidade precisa participar das atividades, da discussão do trânsito na cidade, seja através da PM, prefeitura ou órgãos de fiscalização para gerar um trânsito mais seguro”, completa Souza.

 

Intervenções

“Esses são números que chamam muito a atenção e fazem com que a administração pública planeje uma cidade para daqui dez anos em se tratando de trânsito. Verificamos que a frota quase dobrou, com aumento de 80%, e a cidade cresceu na sua periferia, mas na área central, onde há o congestionamento de estacionamento e circulação, quase não houve alteração. Temos que planejar uma cidade pensando no aumento da frota, pois mesmo que em dez anos aumente 50% quanto já terá aumentado e poderá estrangular o nosso trânsito?”, indaga o secretário municipal de Segurança e Trânsito, Welyngton Alves da Rosa.

Ele afirma que a administração municipal tem pensado nisso, tanto que atitudes vêm sendo tomadas. “Nessa semana (amanhã, dia 23) teremos reunião do Conselho Executivo de Trânsito (Coetran), na qual vamos propor que o conselho delibere a aprove algumas mudanças justamente para tornar o trânsito mais seguro como a gente espera. Neste ano já criamos mais de 50 vagas de estacionamento que não existiam na cidade para desafogar a área de trânsito e, principalmente, nesse estreitamento da cidade com o número de veículos, motos e caminhões estamos procurando mudar algumas vias, como as avenidas Maripá e Rio Grande do Sul”, pontua.

“Faremos uma caixa de segurança na Rio Grande do Sul e na Maripá para haver circulação normal de veículos, um trânsito adequado e que as pessoas utilizem as rotatórias em vigor, buscando diminuir os pontos de acidente que são retornos mal colocados nas nossas vias. Há alguns anos esses retornos eram muito utilizados porque a cidade comportava isso. São locais que normalmente por um número estatístico da PM nós temos muitos acidentes e devemos eliminar esses pontos. Na Avenida Maripá precisamos melhorar os retornos com a retirada das árvores que estão obstruindo a visão dos motoristas. O nosso trânsito era um dez anos atrás, hoje é outro e com certeza em dez anos será outra cidade em nível de trânsito urbano”, enfatiza.

Welyngton destaca que o trabalho é desenvolvido com o objetivo de garantir maior fluidez. Um exemplo, menciona ele, é a retirada – na Rua 7 de Setembro – dos pontos de ônibus e dos sobressaltos da calçada que proporcionam mais vagas de estacionamento. “Na Rua Tiradentes também faremos um trabalho de retirada desses pontos para gerar mais vagas, enquanto nos bairros vamos ampliar o trabalho de sinalização que já vem ocorrendo. Cem placas estão sendo confeccionadas para serem colocadas em breve nos cruzamentos dos bairros, para que a sinalização seja melhor visualizada, para que a comunidade saiba o que pode ser feito e evite entrar em ocorrências de trânsito”, descreve.

 

Campanhas

Conforme o secretário, as campanhas de educação no trânsito também receberão atenção especial, tal como a campanha Maio Amarelo, que mobilizou forças policiais, clubes de serviços, entre outros parceiros com o objetivo de diminuir os casos de acidentes. “A educação no trânsito é fundamental. Não se pode falar e pensar em municipalizar o trânsito sem ter a educação de trânsito nas escolas municipais. Esse é até um requisito legal do Código de Trânsito Brasileiro. Foi o que já implantamos neste ano com a cidadania no trânsito, cujo projeto já atingiu mais de duas mil crianças e agora no segundo semestre nós vamos voltar às salas de aula, o que vai se tornar padrão no governo municipal com muito mais força. Infelizmente para este ano nós não tivemos um orçamento previsto pela administração anterior com relação à educação de trânsito. Trabalhamos a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e o PPA (Plano Plurianual) com autorização do prefeito prevendo orçamento muito bom para campanhas educativas de trânsito, com a distribuição de cartilhas, folders e materiais educativos que fiquem presentes na nossa cidade”, reforça.

“Não se pode falar em frota de veículos, conscientização, diminuição do número de acidentes sem abordar a educação no trânsito. Nós precisamos doutrinar essa e a futura geração de motoristas para poder ter uma geração mais segura, pois a nossa desrespeita demais as regras de trânsito. Devemos educar os futuros motoristas para ter menos acidentes e preservar mais vidas”, reforça Welyngton.

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