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Marechal Tratamento de infectados

Hospital de campanha deve estar pronto em dez dias; veja fotos

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(Foto: Joni Lang/OP)

Segue a todo vapor em Marechal Cândido Rondon, junto ao Centro de Eventos do Parque de Exposições, a montagem de um hospital de campanha que será destinado para o tratamento de pacientes com sintomas mais severos do coronavírus.

De acordo com a secretária de Saúde, Marciane Specht, a definição pela instalação do hospital de campanha se deve a um processo emergencial que contou com aprovação do Conselho Municipal de Saúde e do Centro de Operações Emergenciais (COE).

Após estruturado, o Centro de Eventos terá capacidade para 76 leitos. Serão investidos cerca de R$ 320 mil na adaptação do espaço, com a instalação de divisórias, portas, chuveiros, torneiras, pintura de paredes, rede de oxigênio, locação de estandes, aquisição de enxoval como lençóis, travesseiros e cortinas. A Associação Comercial e Empresarial (Acimacar) vai pagar as estruturas das divisórias necessárias para a montagem dos 76 leitos da unidade hospitalar emergencial.

Equipamentos e móveis estão sendo removidos do Hospital Fumagali, cuja estrutura irá a leilão judicial, e transferidos de forma temporária para o hospital de campanha. O tempo estimado da cedência é de 180 dias, prorrogáveis por igual período, conforme a necessidade.

Os gastos mensais da estrutura devem ser de mais de R$ 575 mil, entre limpeza, vigia, equipamentos de proteção individual (EPI’s), recarga de oxigênio, recolha de lixo hospitalar, materiais e medicamentos, serviços de lavanderia, entre outros.

 

INTERNAMENTO

Marciane diz que o município precisa estar preparado para atendimentos emergenciais. “Em reunião com a equipe técnica e avaliando números e projeções em nível de Brasil e de mundo, em especial na atenção ao grupo de risco a ser trabalhado (formado por pessoas a partir dos 60 anos), estima-se que de 75% a 80% da população terá coronavírus com sintomas leves. Segundo estudos em que nos baseamos, 5% dessas pessoas poderão ter um quadro com a necessidade de internamento”, comenta.

Ela salienta não ser possível afirmar que as projeções apresentadas de fato se concretizem e nem sobre como será a evolução da patologia, no entanto, reforça, é preciso estar preparado. “Nossa equipe técnica é composta por diversos profissionais concursados da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Hospital Dr. Cruzatti e dos postos de saúde, entre médicos, técnicos, enfermeiros e outros profissionais. A projeção foi feita em cima dessa parte da população com necessidade de internamento, além do que teremos uma parcela que talvez precisará de cuidados específicos, com respiradores, que é o maior ponto nevrálgico da Covid-19, não só em Marechal Rondon, mas em nível mundial, visto que um dos principais complicadores do coronavírus é a insuficiência respiratória, que pode levar o paciente a precisar de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de respiradores”, ressalta.

Conforme a secretária de Saúde, também não se pode afirmar quando e se o município terá de fato um pico significativo da doença. “Tudo é muito incerto, não temos como afirmar nada. Duas, três semanas atrás ouvimos que na metade do mês de abril apareceriam pessoas com sintomas mais acentuados. Todavia, nos pacientes que monitoramos, tanto nos casos suspeitos como neste confirmado, todos são de evolução leve. A jovem com caso confirmado ficou em isolamento domiciliar, não teve outra necessidade de avaliação médica ou ainda condução à UPA ou hospital. Hoje não tenho segurança em afirmar qual será o mês ou ponto de partida com maior incidência de casos confirmados e de apresentação de sintomas que serão mais graves, necessitando de atendimento direto em um hospital”, evidencia.

 

ESCOLHA DO LOCAL

Marciane informa que a UPA possui capacidade de 11 leitos, enquanto o Hospital Cruzatti tem 23 leitos. “Paralisamos atendimentos de ginecologia, obstetrícia e cirurgias eletivas, mas sabemos que as pessoas também vão ficar doentes por outras patologias. Haverá acidentes, casos de derrame cerebral e existirá necessidade de atendimentos que não sejam apenas relacionados à Covid-19. Nesse cenário, a equipe avaliou um terceiro ponto de atendimento da rede. Ao pensar outro ponto de atenção, foi visualizado o hospital de campanha. Os pontos de porta de entrada que temos hoje no sistema público de saúde são os postos de saúde, com atendimento de livre demanda, onde não há agenda nem de manhã e nem de tarde, exceto o Dia da Gestante, único dia que ficou mantido”, expõe.

Segundo a secretária, os cidadãos devem procurar os postos de saúde para casos corriqueiros. “No caso de haver suspeita de sintomático respiratório, se a pessoa foi nos últimos sete dias a algum lugar com transmissão comunitária ou fez viagem de cruzeiro no país ou exterior, deve permanecer em casa. Esta é primeira orientação. Caso tenha necessidade de buscar atendimento, deve se dirigir ao posto de saúde e só depois à UPA. Desde segunda-feira (dia 30) temos atendimento na Clínica da Mulher para sintomático respiratório, que passa a ser mais um ponto de atenção”, menciona.

 

OPÇÕES DESCARTADAS

Nos últimos dias, algumas autoridades e pessoas da comunidade sugeriram a utilização das estruturas dos hospitais Filadélfia e Fumagali como ponto de apoio para atendimentos de possíveis casos de coronavírus, a qual foi descartada. “Quem avaliou (as estruturas) comigo foram dois profissionais médicos com o intuito de análise de atendimento de fluxo, condições higiênico-sanitárias, logística de atendimento em relação a pontos de oxigênio, ar-comprimido e em observância à RDC 50, sobre exigência da estrutura física dentro dos padrões mínimos. O Hospital Fumagali está fechado há muitos anos e possui estrutura antiga, já o Filadélfia prestava atendimento na área de psiquiatria e sua estrutura era voltada a esta finalidade, então deveria existir investimento nessas duas unidades por parte do Poder Público”, explica, justificando o porquê da decisão de implantação do hospital de campanha.

Marciane afirma que o principal, dentro de uma avaliação técnica, é ter à disposição um espaço que permita trabalhar em formato de enfermaria, com ambiente mais aberto. “Quando há quartos onde se colocam dois ou três pacientes se torna difícil, então um hospital de campanha, por mais que você tenha divisão por box de leito, proporciona uma estrutura mais aberta, diferente de quartos, onde precisa de maior efetivo de funcionários e médicos. Dentro dessa realidade foi avaliada a implantação de um hospital de campanha no Centro de Eventos”, relata, emendando: “No local não haverá UTI. O hospital de campanha atenderá pacientes sintomáticos respiratórios de grau moderado a grave. A grande necessidade será melhorar o padrão respiratório”.

 

LEITOS, ESCALA E EQUIPES

Conforme a diretora do Hospital Municipal Dr. Cruzatti, Luana Borth, o hospital de campanha contará com quatro alas de 19 leitos, dos quais 38 para homens e o mesmo número para mulheres, totalizando 76. “A previsão é de que o internamento dure de cinco a dez dias por paciente, uma vez que o tratamento é similar ao de uma pneumonia, porém vai depender do quadro de gravidade do paciente”, detalha.

A escala de trabalho ainda será definida por Marciane e Luana, podendo ser adotados seis ou 12 horas e no período noturno com jornada de 12 por 36 horas, a exemplo do que ocorre na UPA e no Hospital Cruzatti.

De acordo com a secretária de Saúde, a instalação da estrutura deve demorar de dez a 15 dias para estar concluída. “É esse tempo que tem levado para montar os hospitais de campanha em outros municípios. Precisa ficar claro se tratar de uma situação extremamente nova, na qual o município caminha para oferecer a melhor condição de atendimento à população e também aos funcionários. São dois caminhos que devemos traçar juntos: condição para que nosso paciente tenha atendimento de qualidade e também que nosso funcionário tenha condição de trabalho adequada com estrutura mínima, insumos necessários e materiais adequados para prestar atendimento específico à Covid-19”, enfatiza.

A secretária aponta que mesmo havendo o hospital de campanha o objetivo é que a equipe da Secretaria de Saúde acompanhe o paciente no domicílio. “A abertura do hospital de campanha não remete a internar os pacientes suspeitos de Covid-19. Nós apenas vamos internar quem possui indicação clínica que se encaixe no perfil de internamento, senão todos os pacientes atendidos até a presente data serão avaliados e colocados em isolamento domiciliar. O critério médico mínimo é de classificação moderada para internamento e com dificuldade respiratória. Quem puder será acompanhado na sua residência junto das equipes da Epidemiologia, Emad e do call-center. Esta rotina não altera. Agradecemos todos os funcionários que são extremamente importantes no conjunto de atendimento da Secretaria de Saúde, indiferente da função, pois sem eles não teríamos condição de atender a população”, conclui Marciane.

 

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