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Marechal Lidar com sentimentos

Inteligência emocional no trabalho é essencial ao aumento da produtividade

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Profissional coach e especialista em comportamento humano Ana Maria Canton: “Com um pouco de técnica, didática, embasamento científico, mas principalmente atitude positiva, é possível superar qualquer problema de forma profissional e madura, sem que interfira negativamente no trabalho” (Foto: O Presente)

 

O trabalho é algo de extrema importância na vida do ser humano e que ocupa grande parte da sua existência. Passamos um tempo considerável de nossa trajetória realizando as atividades laborais que escolhemos para que assim tenhamos a oportunidade de aproveitar os frutos de tudo aquilo que realizamos profissionalmente.

Por se tratar de algo que justamente ocupa um espaço significativo em nossa vida, é preciso lidar com ele, e com tudo que o envolve, da melhor maneira possível, lembrando que o desempenho de atividades profissionais está relacionado a diversos fatores. Dentre eles, um se destaca e é fundamental no processo de desenvolvimento e aumento da produtividade: a inteligência emocional no trabalho. “É importante ter isso bem transparente na mente das pessoas. É impossível dizer que a pessoa que tem um problema familiar, um filho doente, problemas financeiros ou outras situações consiga ir para o ambiente de trabalho totalmente despida de preocupação, estresse e assim por diante”, enaltece a profissional coach e especialista em comportamento humano, Ana Maria Canton.

De acordo com ela, inteligência emocional é a capacidade que um indivíduo tem de compreender e gerenciar os próprios sentimentos, sem varrê-los para “debaixo do tapete, e também de aprender a lidar com as emoções e sentimentos das pessoas a sua volta, com o objetivo de alcançar resultados positivos, não só na vida pessoal, como também na profissional. “Por exemplo, uma pessoa que não tem inteligência emocional tende, em situações de nervosismo e raiva, a ‘jogar’ esses sentimentos de desânimo e frustração na primeira pessoa que aparece, e muitas vezes essa pessoa está no ambiente de trabalho, onde passamos maior parte do nosso tempo”, diz a profissional.

A partir disso se inicia um ciclo vicioso de atritos. “A pessoa está com problemas pessoais, vai para o trabalho e acaba sendo grosseiro com o colega do lado, com o funcionário, patrão, cliente e assim sucessivamente. Por isso, a inteligência emocional é uma dinâmica utilizada no processo de coach, sendo uma capacidade que alguns têm e outros que precisam apenas desenvolver de forma mais apropriada, identificando suas emoções e canalizando suas atitudes de forma que lhe favoreçam e não prejudique”, aponta.

Ana Maria ressalta que sentimentos de ódio, raiva, desânimo e tristeza não são errados e reprova o fato de muitas vezes as pessoas acreditarem que é preciso “engolir” o choro e a raiva, o que interfere nas relações interpessoais de família e trabalho. “É preciso entender que quando se está com muita raiva de uma situação, o caminho correto é identificar essa emoção e tomar uma decisão de forma consciente sobre o que fazer com ela”, analisa.

Ela esclarece que uma pessoa com a inteligência emocional desenvolvida, assim como todo ser humano, também tem problemas familiares, financeiros e uma série de outros, mas também tem uma maturidade maior para lidar com isso no seu ambiente de trabalho, mesmo estando triste, com raiva ou decepcionado. “Ter problemas é algo natural e todos nós estamos sujeitos a isso. Agora a forma como lidamos com os nossos problemas é uma decisão individual e que faz a diferença”, afirma a coach. “Com um pouco de técnica, didática, embasamento científico, mas principalmente de atitude positiva, é possível superar todo e qualquer obstáculo, problema, sentimento negativo ou positivo de forma muito profissional e madura, sem que interfira negativamente no ambiente de trabalho”, complementa.

Outro ponto explorado pela profissional coach é que a própria inteligência emocional traz a capacidade, em um caso extremo, para que o profissional diga ao chefe, diretor ou gerente do local de trabalho que naquele determinado momento ele não tem condições de executar as suas obrigações e que precisa de algumas horas, ou quem sabe uma tarde livre, para resolver seus problemas e voltar com as energias recarregadas. “Muitas pessoas acreditam que se fingir que não estão com o problema ele vai desaparecer e, então, se tornam improdutivos no trabalho, desanimados e uma série de outras circunstâncias negativas. Maturidade emocional também serve nesse aspecto para que as pessoas tenham o autoconhecimento de identificar até quando conseguem ‘carregar o piano’, porque como seres humanos frágeis que somos, é necessário saber até que ponto isso poderá ser conduzido de uma forma que não afete o ambiente de trabalho e as pessoas que fazem parte dessa convivência”, explica.

 

IMPACTO DAS REDES SOCIAIS

Que as redes sociais vieram para modificar as experiências relacionadas à comunicação e internet, isso todo mundo sabe. A questão é se realmente a comunicação via internet de forma instantânea e os entretenimentos auxiliam e acrescentam no ambiente corporativo.

Na opinião da profissional coach, as redes sociais são grandes vilões da produtividade. “O mau uso das redes sociais é algo maléfico para a produtividade e isso pode ser comprovado ao pegar o celular e identificar quantas horas você ficou em uso do aplicativo Facebook, por exemplo”, pontua.

Outro grande problema, segundo Ana Maria, é o fato de muitas pessoas confundirem produtividade com ocupação, que são duas coisas completamente diferentes. “As pessoas acreditam que quanto mais ocuparem seu tempo, mais estão sendo produtivas, e isso é extremamente conflitante. Uma coisa é ocupar o tempo, outra é produzir no tempo”, declara.

Ela também evidencia a necessidade de quebrar e resignificar a famosa crença limitante e cultural de que para ser mais produtivo há a necessidade de trabalhar mais. “É uma inverdade e digo isso com tranquilidade porque quando acreditamos em algo, não questionamos se está certo ou errado. Simplesmente acreditamos e isso passa a ser uma verdade. Como é uma crença cultural, ela não nasceu ontem, é uma linha de pensamento que passou pelos nossos avôs, pais, para nós e que provavelmente será repassada para frente”, comenta Ana Maria.

Apesar disso, a profissional garante que é possível amenizar o vício pela tecnologia, impedindo que ele seja um entrave para a produtividade, e despertar mais foco no trabalho. “Quem hoje não tem uma rede social no celular? Praticamente a maioria das pessoas. Mas, além de ter no celular, tem também no notebook e computador, inclusive do trabalho. Por isso, a primeira dica é elimine-o do desktop. Se usa o WhatsApp para trabalho, por exemplo, é uma outra situação, mas o aplicativo particular que muitos não precisam para o trabalho, e mesmo assim usam, também precisa ser eliminado do computador, assim como as demais redes sociais que roubam energia e atrapalham a linha de raciocínio”, enfatiza.

Ter redes sociais no celular é natural, então outra dica da coach é manter o aparelho longe das mãos no ambiente de trabalho. “E aí está o grande desafio, por mais simples que pareça, porque hoje todos estão a todo o momento com o celular em mãos, no bolso, na mesa e assim por diante”, destaca, aconselhando: “Coloque no silencioso e em uma distância mínima de dois metros, para que não tenho acesso ao esticar o braço. E por questão de foco e disciplina, estabeleça que de hora em hora vai verificar as mensagens e não a todo o momento”, orienta.

Estabelecer códigos de comunicação com as pessoas que mantêm contato com frequência também é uma opção para se desvencilhar de estar constantemente com o celular em mãos. Ana Maria sugere que quando o assunto, principalmente relacionado à família, for urgente, é indicado ligar e não enviar mensagens, pois assim a pessoa saberá que é algo realmente importante. “Esses acordos podem ser combinados, por exemplo, no ambiente de trabalho, com o chefe, com a família, esposa, esposo, filhos, professora da escola, ou seja, pessoas importantes da sua rede de convívio, para que de uma forma muito profissional e madura continue tendo acesso às tecnologias, usando-as a seu favor, mas principalmente sem perder a produtividade”, finaliza.

 

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