Marechal Instituições financeiras
Juros baixos estimulam consumidores a buscarem crédito
As taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras nunca estiveram tão baixas. Isso se dá porque o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic, que é a taxa básica de juros praticada pelo mercado financeiro, encontra-se em 3%. Com um percentual que já chegou a 14,25%, esse baixo valor esquenta o mercado financeiro e traz uma série de benefícios para a população e para as instituições financeiras.
O Conselho Monetário Nacional e o Banco Central (BC) têm tentado atuar na economia acompanhando os cenários que vêm se apresentando. No Brasil, hoje a inflação está sendo controlada, ficando abaixo do centro da meta que é definida todos os anos pelo BC. Talvez até o cenário de pandemia tenha contribuído para isso, porque não está estimulando o consumo e a inflação acaba sendo baixa, e em função disso a instituição intervém baixando os juros da economia para tentar estimular o consumo.
Conforme explica o diretor de Negócios da Sicredi Aliança PR/SP, Gilson Metz, o Banco Central no Brasil tem uma atuação muito importante. “O sistema financeiro no Brasil é muito sólido para enfrentar inclusive crises como essa, e essa intervenção do Banco Central em reduzir juros tem servido de estímulo em um período como agora principalmente, pois juros mais baixos atraem investimentos e novas possibilidades”, expõe.
Para especialistas, a nova taxa veio para ficar e, para ter melhor retorno nos investimentos financeiros, os brasileiros precisam arriscar mais.
O diretor de Negócios da Sicoob Marechal, Edison Luiz Dechechi, enaltece que “a economia brasileira está entrando em um novo patamar, muito parecido com as grandes economias mundiais, que têm taxa de juros mais baixas. No entanto, o mercado financeiro terá que se preparar para retornos menores nos seus investimentos”.
A economia do Brasil está em um processo de reinvenção, porque, apesar das baixas taxas de juros, o Banco Central vem acompanhando as tendências no mundo todo. “Ainda não sabemos como será a reação da economia no pós-pandemia. Existem expectativas, mas no momento atual essa redução que o Banco Central vem fazendo é em relação ao cenário que se apresenta, e isso vem sendo benéfico para os nossos associados”, relata Metz.
Diretor de Negócios da Sicredi Aliança PR/SP, Gilson Metz: “O sistema financeiro no Brasil é muito sólido para enfrentar inclusive crises como essa, e essa intervenção do Banco Central em reduzir juros tem servido de estímulo em um período como agora principalmente, pois juros mais baixos atraem investimentos e novas possibilidades” (Foto: O Presente)
NEGOCIAÇÕES
Com a baixa taxa de juros, tanto pessoas físicas quanto jurídicas têm acesso mais facilitado ao crédito. “As instituições têm um ganho em volume para fazer frente a essa redução, e o associado se beneficia de juros mais acessíveis, que em teoria acabam facilitando as operações e viabilizando os negócios que os associados pretendem fazer”, enaltece o diretor de Negócios da Sicredi Aliança PR/SP.
PROCURA POR CRÉDITO
Atraída pelas taxas convidativas, a procura por crédito nas instituições financeiras de Marechal Cândido Rondon aumentou. No Sicoob Marechal houve aumento na busca por crédito, além de outras transações financeiras, como aplicações de recursos em poupanças e fundo, segundo aponta Dechechi.
Na Sicredi Aliança não foi diferente. A procura de crédito vem acontecendo tanto nas linhas emergenciais que foram retificadas, quanto linhas do BNDES que a instituição tem à disposição, seja para o pagamento de folha, investimento ou capital de giro, como linhas próprias que a cooperativa criou com taxas acessíveis, principalmente com carência, neste período, a fim de facilitar o acesso aos associados. “Estamos tendo bastante procura. Alguns casos, os principais, para capital de giro, para as empresas terem um fôlego nesse período. Com a carência, ela acaba se planejando, com a expectativa da situação se normalizar. Porém, essa procura não está crescendo na velocidade que estava ocorrendo até março. Houve uma retração, mas não deixou de crescer”, menciona Metz.
Diretor de Negócios da Sicoob Marechal, Edison Luiz Dechechi: “A economia brasileira está entrando em um novo patamar, muito parecido com as grandes economias mundiais, que têm taxa de juros mais baixas. No entanto, o mercado financeiro terá que se preparar para retornos menores nos seus investimentos” (Foto: O Presente)
MENOR JURO DA HISTÓRIA
Em um mercado que já teve juros praticados a 14,24%, os 3% da atual Selic é considerada a menor taxa de juro da história. “No contexto do Brasil, especialmente se pegarmos as últimas décadas, o país viveu cenários totalmente inversos. Já tivemos juro da Selic a 14,25% e agora estamos vivendo um cenário de Selic a 3% com expectativa de baixa, então esse, sim, é um momento, no sentido de taxa de juros, estável, em que o Brasil experimenta uma nova vivência de juros extremamente baixos como poucas vezes observado na história do país”, evidencia o diretor de Negócios da Sicredi Aliança.
VANTAGENS PARA AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
As taxas baixas estimulam a tomada de crédito e facilitam as operações, porque as pessoas têm a condição de se programar e se organizar melhor com reembolsos menores às instituições financeiras. “Com isso, nós acabamos ganhando mais clientes na condição de associados, novos negócios, novas operações, o próprio crédito acaba trazendo novos parceiros e com isso outras operações também são reveladas”, enfatiza Metz.
“O associado, em um momento de dificuldade de crédito, em um momento posterior, pode ter investimentos para fazer, então a instituição acaba fidelizando um associado e com isso ganha em várias frentes. O crédito normalmente é o estímulo para isso. Com a redução das taxas de juros, mais pessoas procuram as instituições, e isso obviamente gera novas oportunidades”, pontua o diretor.
VANTAGENS PARA A POPULAÇÃO
Em contrapartida, a população também é beneficiada pela oferta de crédito com juros baixos. Conforme explica o diretor de Negócios do Sicoob, abre-se brecha para troca de dívidas mais caras, como aquelas contraídas no cartão de crédito e no cheque especial, por outras mais baratas, especialmente o empréstimo pessoal e o crédito consignado.
“A possibilidade de portabilidade de crédito e a concorrência entre as instituições financeiras num ambiente de pressão do governo para rebaixamento dos juros permite que o cidadão busque uma equação mais barata da dívida e, dessa forma, agilize o pagamento. Com isso, as cooperativas de crédito do Sicoob estão à frente, pois já vinham praticando taxas mais amenas que outras instituições financeiras bancárias”, enaltece Dechechi.
Pessoas que historicamente tomaram crédito nunca tiveram encargos tão baixos quanto no presente momento e isso, segundo Metz, viabiliza os novos empreendimentos. “Vemos associados buscando novas fontes, novas alternativas, segmentos que não eram explorados até o momento porque o juro está facilitando esse tipo de iniciativa. A instituição acaba ganhando bastante e por consequência o associado também, porque esse acesso facilita sonhos, desejos, necessidades e a própria melhoria daquilo que ele já tem de empreendimento. É um ganho positivo e mútuo que nós observamos com essa redução”, ressalta o diretor.
DESVANTAGENS PARA AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Taxa de juros menores são sinônimo de queda no lucro de instituições financeiras. Dechechi diz que para manter os ganhos é preciso aumentar a captação de recursos, alternativa que, em muitos casos, não é viável para pequenas e médias instituições. “Portanto, à medida em que os juros caem, bancos e financeiras de menor porte têm mais dificuldades em operar no mercado. O resultado é uma concentração do sistema financeiro, seja pela extinção dessas instituições financeiras ou por processos de fusão e aquisição”, menciona.
O diretor de Negócios da Sicredi Aliança entende como desfavorável a redução de spreads (que é a diferença entre o preço de compra e venda de uma ação). “Mas nós temos, até enquanto cooperativa, como premissa do nosso propósito que é agregar renda. Então, não deixamos de cumprir com a nossa missão enquanto instituição de favorecer o associado, e falando historicamente as cooperativas de crédito sempre tiveram taxas mais justas”, frisa.
TAXA MAIS BAIXA
Há especulações e expectativas de que os juros baixem mais ainda. O Comitê de Política Monetária (Copom), na última reunião, já informou através dos seus relatórios que tem expectativa de baixa. É claro que isso vai depender da economia, mas na próxima reunião, que é em meados de junho, existe possibilidade, inclusive projeções dos economistas de mais um corte na taxa Selic.
“Os economistas que pensam mais alto trabalham com uma taxa Selic finalizando 2020 na casa dos 2%. Os que são um pouco mais moderados trabalham com 2,25% a 2,50%. Tudo varia. Por exemplo, não se tinha há algum tempo essa expectativa de redução tão grande, e aí o cenário todo, a própria pandemia, as relações internacionais, os demais países, todo esse cenário econômico mundial favorece a redução, por isso o Banco Central tem se posicionado assim”, compartilha Metz.
A tendência é que a taxa Selic em queda sirva como parâmetro para as demais taxas de juros na economia. “Dessa forma, uma queda na taxa básica de juros tende a ter um impacto positivo sobre a demanda e a produção, dado que funciona como um estímulo ao crédito”, declara Dechechi.
“Portanto, em um cenário no qual seja necessário um impulso maior para a economia, a taxa de juros pode ser reduzida. Esse movimento é realizado visando não apenas o crédito para consumo, mas também o crédito produtivo, fato que geraria um aumento nos investimentos. Todavia, esse movimento depende também das expectativas relacionadas à inflação”, finaliza.
O Presente