Fale com a gente

Marechal Crescimento de 70%

Março bate recorde de abandono de animais em Marechal Rondon

Publicado

em

Para ONG Arca de Noé, crescimento de 70% no número de animais recolhidos das ruas do município no mês passado é reflexo da crise do coronavírus, considerando que algumas famílias tiveram a renda prejudicada e/ou perderam seus empregos (Foto: Divulgação)

Os efeitos da crise do coronavírus começam a dar as caras. Muitas famílias estão cortando gastos para economizar, e isso tem refletido no número de animais abandonados.

Em Marechal Cândido Rondon, conforme a tesoureira da ONG Arca de Noé, Rosemari Lamberti, o mês de março bateu recorde de animais abandonados. “Somente no mês passado recolhemos 52 cães e gatos das ruas da nossa cidade”, ressalta.

Segundo ela, o abandono é reflexo da situação econômica que muitas famílias começam a enfrentar diante da realidade atual. “Muitas famílias tiveram a renda prejudicada ou até mesmo perderam seus empregos, o que contribuiu para o aumento no número de abandonos de animais de estimação, visto que, querendo ou não, o animal requer recursos financeiros”, pontua.

De acordo com Rosemari, de um mês para o outro, houve um crescimento de 70% no número de animais recolhidos das ruas. “Passamos de 30 animais recolhidos em fevereiro para 52 em março”, expõe.

Tesoureira da ONG Arca de Noé, Rosemari Lamberti: “Muitas famílias tiveram a renda prejudicada ou até mesmo perderam seus empregos, o que contribuiu para o aumento do número de abandonos de animais de estimação, visto que, querendo ou não, o animal requer recursos financeiros” (Foto: Arquivo/OP)

 

FAKE NEWS

Além do corte de gastos, a tesoureira da ONG acredita que a disseminação de fake news também contribui para o abandono de animais de estimação neste período de pandemia. “Há notícias falsas sendo divulgadas dizendo que cães e gatos podem transmitir o coronavírus. Contudo, essa informação não é verídica. Os cães podem pegar gripe convencional, mas existem vacinas que previnem isso”, esclarece, acrescentando: “Os animais que não têm culpa de nada e lamentavelmente acabam prejudicados por esses boatos compartilhados por algumas pessoas”.

 

DIFICULDADES FINANCEIRAS

Rosemari destaca que a ONG passa por dificuldades no momento, uma vez que houve queda na receita e a alta na demanda de serviços. “Neste mês findado, não recebemos nenhuma ajuda do Poder Público rondonense. A expectativa é de que essa suspensão do recurso seja de caráter temporário, pois a Arca de Noé muito contribui para o cuidado e castrações de animais abandonados. Estamos em atividades há 15 anos e neste período já realizamos cerca de seis mil castrações, promovendo o controle populacional e a prevenção de zoonoses”, evidencia, emendando: “Hoje Marechal Rondon é bem organizada em relação aos animais de rua porque há anos a ONG presta um belo trabalho em prol do município”.

A tesoureira lembra que a entidade conta a doação financeira mensal de pessoas, o que, segunda ela, também ajuda muito no desenvolvimento dos trabalhos. “Outra fonte de renda é o programa Nota Paraná, por meio do qual recolhemos cupons em vários estabelecimentos da cidade. Todavia, com as atividades comerciais suspensas, sentimos drasticamente a queda dessa arrecadação. Até mesmo o sorteio que o programa realizava entre as entidades do Paraná foi suspenso pela Receita Estadual devido à pandemia, devendo retornar apenas em julho. Com essas reduções, perdemos cerca de 40% da arrecadação que entrava todos os meses”, informa.

 

Atualmente, ONG adquire cerca de 1,3 mil quilos de ração por mês para alimentar os animais (Foto: Divulgação)

 

ANIMAIS ATENDIDOS

Atualmente, a ONG Arca de Noé conta com 180 cachorros no abrigo junto à sede da entidade e ajuda a manter outros lares temporários, um com 20 e outro com 28 cães. “Utilizamos aproximadamente 1,3 mil quilos de ração por mês e mesmo comprando diretamente da indústria o preço é muito alto. O fornecedor alega que a matéria-prima é comprada em dólar, encarecendo o produto final”, relata Rosemari.

Além disso, ela diz que a ONG possui outros compromissos que devem ser honrados com ou sem pandemia. “Temos débitos em clínicas veterinárias, lojas de materiais de construção devido à manutenção dos canis, gastos com as funcionárias que nos auxiliam, além de água e luz, contas elevadas. A situação não é fácil”, lamenta.

Em alguns casos, são recolhidas fêmeas gestantes que dão a luz na segurança do abrigo e, por vezes, ninhadas são encontradas nas ruas (Foto: Divulgação)

 

AUXÍLIO

A tesoureira destaca que a Arca de Noé está disposta a auxiliar no que for possível as famílias com animais de estimação sem condições de cuidado. “Faremos o que tiver ao nosso alcance. Mantemos os trabalhos de castração, visto que se a pessoa tem dificuldades em cuidar de um animal, caso haja a procriação o problema só aumenta. O controle populacional é de suma importância. Pedimos para que as famílias não abandonem seus pets. Mesmo nesses tempos difíceis, eles são o melhor amigo do homem e são parte da família. Com o abandono, além dos animais sofrerem com a traição do dono, estão sujeitos a maus-tratos, atropelamentos, doenças, fome e muitos outros problemas”, frisa.

A empresária enfatiza a importância de comerciantes manterem pontos de apoio aos animais de rua, com água e alimento, mesmo com as atividades comerciais suspensas. “Pedimos para que os empresários tentem continuar com a disponibilização de ração e hidratação aos animais de ruas. Eles continuam sem ninguém e precisam ser lembrados. No meu estabelecimento, eu tenho mantido esses locais abastecidos”, conta.

 

APOIO

Apesar das dificuldades, Rosemari ressalta que o trabalho da ONG não pode parar, posto que, na opinião dela, presta um serviço essencial à sociedade. “Sabemos que as famílias estão com prioridades nesse momento, mas os animais também precisam se alimentar e ter os cuidados necessários. Estamos em várias redes sociais, temos contas bancárias e vamos atrás de quem quiser contribuir, seja financeiramente, doando ração, adotando ou apadrinhando algum de nossos animais. Mais do que nunca, precisamos do apoio da comunidade”, salienta.

 

Com assessoria

 

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente