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Marechal Rondon não está livre dos Aedes aegypti

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Mirely Weirich/OP

Larvas do mosquito Aedes aegypti – como estas localizadas em uma propriedade no perímetro urbano de Marechal Cândido Rondon – são encontradas diariamente pelos agentes de combate às endemias

 

Após sete meses, Marechal Cândido Rondon voltou a registrar um novo caso autóctone de dengue. A suspeita foi confirmada por exames laboratoriais e a ocorrência da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti confirmada no encerramento do 2º ciclo de 2016/2017, finalizado em abril. “Até fevereiro eram apenas três casos confirmados, e agora tivemos o quarto autóctone. Por outro lado, não tivemos nenhum caso de zika e chikungunya registrado no município até hoje”, informa o coordenador do Programa de Combate à Dengue, Sigmar Sergio Radke.

As chuvas inconstantes e a variação de temperatura é um dos fatores que contribui para que, diariamente, os agentes de combate às endemias (ACEs) localizem focos com larvas do mosquito vetor das três doenças em todos os bairros da cidade e também no interior. “Talvez por este baixo número de casos as pessoas deixaram o cuidado de lado e não estão dando a devida importância a este problema. Elas não sabem o tamanho do perigo que correm”, alerta.

De acordo com a 20ª Regional de Saúde, este foi o primeiro ciclo em que o município atingiu a meta de vistorias preconizadas pelo Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), de 80%. “Chegamos a 89% de residências vistoriadas nestes dois meses após adotarmos um horário alternativo, que cobrisse visitas das 11 horas às 13h30, já que em muitas vistorias as residências estavam fechadas porque o horário dos agentes coincidia com o horário de trabalho dos moradores”, revela.

Conforme Radke, o objetivo da equipe do Programa Municipal de Combate à Dengue para os próximos ciclos é superar a meta de 80% estabelecida. Anteriormente, a média de cobertura do município ficava na faixa dos 60%.

No 1º ciclo, realizado em janeiro e fevereiro, foram 13.737 imóveis vistoriados, sendo que 8.721 estavam fechados. Destes, 21 foram recuperados em uma segunda visita dos agentes, totalizando 71,11% de imóveis vistoriados.

Já no segundo ciclo, após o início do horário alternativo nas sextas-feiras, quando de dois a quatro agentes de cada equipe se voluntariaram para atuar no horário especial, foram vistoriados 14.920 imóveis, 8.149 fechados e 2.440 foram recuperados. “O fato de aumentarmos as vistorias não é simplesmente executarmos essa visita, mas acender o alerta à população de que este problema ainda existe, para que os cuidados com o mosquito não caiam no esquecimento”, enaltece. “Os índices de infestação baixaram em todo o país, mas o vetor está circulando em número suficiente para causar uma epidemia, é como um barril de pólvora”, resume.

 

Situação estável

Neste segundo ciclo, conforme informações da 20ª Regional de Saúde, o índice de infestação predial passou de 3,5% para 3,7% – que se manteve estável segundo o coordenador da equipe de Endemias de Marechal Rondon. A incidência por dez mil habitantes está em 7,87, e já foram notificados 62 casos suspeitos da doença entre agosto e abril deste ano no Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), 54 com resultado negativo, quatro pendentes e quatro positivos. “Com as estratégias adotadas para alcançar a meta das vistorias, esperamos também que os índices de infestação coletados durante a realização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) também tenham queda, fazendo com que a possibilidade de surgimento de novos casos ou o desenvolvimento de epidemias igualmente sejam menores”, comenta Radke.

O LIRAa auxilia a compor o índice de infestação predial, identificando os criadouros predominantes e a situação de infestação do município, permitindo o direcionamento das ações de controle para as áreas mais críticas. “Apesar disso, os focos ainda são muitos. De janeiro até agora, foram encontrados e notificados 142 focos do mosquito no município, sendo expedidas oito multas”, contrapõe.

 

Exemplo

Para Radke, outro ponto positivo e que deve ter reflexos no próximo LIRAa é o cronograma de recolha de galhos e entulhos realizado pela Secretaria de Agricultura e Política Ambiental em parceria com a equipe de combate à dengue, que faz a entrega de panfletos informativos sobre os bairros que receberão a equipe de limpeza. “Muitas vezes os agentes eram mal recebidos porque as pessoas diziam: se a prefeitura não faz sua parte, por que eu tenho que fazer a minha?”, diz. “Os munícipes estão muito satisfeitos com essa limpeza que está sendo feita na cidade, pois estão sentindo-se na obrigação, estão tendo o exemplo para manter suas casas e quintais limpos e, consequentemente, livres de focos do mosquito”, aponta.

Radke estima que este trabalho de limpeza tenha reflexos positivos e culmine na queda do próximo índice de infestação predial, que deverá ser divulgado em agosto.

 

Estratégias

Além do horário alternativo para melhorar a cobertura de residências vistoriadas para fortalecer o trabalho dos 36 agentes que já atuam no município, outra estratégia adotada pelo Programa de Combate à Dengue foi a designação de um ACE para atuar exclusivamente no distrito de Porto Mendes. Segundo Radke, o local pode ser um foco propagador e receptor do vírus tendo em vista sua posição geográfica e o número de pessoas de diferentes cidades, Estados e países que frequentam o distrito turístico. “Com isso demos início também às vistorias no interior do município, que não eram realizadas há aproximadamente um ano. A partir de agora esses imóveis serão vistoriados a cada ciclo conforme o recomendado”, garante.

Também há expectativa de que seja implantado nos próximos 60 dias o projeto “Agente Mirim” nas escolas do município, a fim de mostrar às crianças na prática como funciona uma vistoria para que eles saibam onde são os possíveis locais de focos do mosquito e também auxiliem na conscientização e no combate à dengue, zika e chikungunya.

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