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Marechal Debate retomado

Marechal Rondon pode ganhar plano de arborização

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(Foto: Joni Lang/OP)

A cada temporal ou vento forte é comum os rondonenses se depararem com árvores antigas caídas ao chão. Fato recorrente em muitas cidades especialmente no período de calor e no verão, quando se torna habitual haver mais intempéries climáticas e descargas elétricas, em Marechal Cândido Rondon foram ao menos quatro situações nos meses de outubro e novembro envolvendo quedas de árvores de grande porte.

Parte considerável dessas árvores são velhas, o que expõe a população e terceiros a riscos, além de prejuízos que podem ser registrados em residências, comércios, rede elétrica ou em veículos.

Essas situações, vira e mexe, voltam à pauta e geram acalorados debates na comunidade.

Atento a isso, o vereador Valdir Port (Portinho) apresentou no último dia 04, na Câmara, requerimento solicitando que a prefeitura promova amplo debate com a sociedade civil para discutir a substituição gradativa de todas as árvores velhas, doentes ou impróprias para cultivo urbano por novas árvores.

 

CIDADE VERDE

Portinho frisa que o objetivo é manter a cidade verde. “Queremos sombra, mas, ao mesmo tempo, proteção às pessoas e ao patrimônio. Há muito tempo existe a necessidade de renovação das árvores. Algumas são inadequadas, outras estão doentes e há aquelas nas redes de energia elétrica, comprometendo por vezes todo um investimento, toda uma realidade, sem falar que Marechal Rondon, de um tempo para cá, passou a ser rota de vendavais e nós devemos estar atentos a isso”, ressalta.

Segundo ele, informações extraoficiais dão conta de que em torno de dois mil protocolos foram apresentados na prefeitura para solicitar a remoção, poda ou corte de árvore. “Acredito que isso seja um indicativo para a Câmara solicitar, e foi o que fizemos, de sugerir ao Poder Público um amplo debate respeitando, obviamente, todas as questões ambientais. Não é uma forma indiscriminada, como algumas pessoas por vezes tentam compreender, mas um amplo debate sobre a arborização da cidade envolvendo prefeitura, órgãos ambientais, cooperativas, empresas, escolas e a população. Vejo ser este o caminho necessário”, pontua.

Conforme o edil, ao se falar em cidade verde, a finalidade é proteger as árvores, a natureza e estimular o plantio e a renovação de árvores em praças, parques e outros ambientes. “Marechal Rondon já conquistou esse patamar de que cuida do verde e das árvores, só precisamos adequar e pensar no replantio. É muito mais amplo do que tão somente cortar. Nós devemos replantar a cidade com árvores para continuar a dar a sombra que a população merece”, enaltece.

 

PEDIDOS

O engenheiro ambiental do município, Marco Chaves, diz que a Secretaria de Agricultura e Política Ambiental recebe inúmeros pedidos para retiradas de árvores, contudo, as avaliações são criteriosas. “Temos inúmeros pedidos e mesmo assim fazemos avaliações periódicas por haver risco à população e a terceiros. Quando se fala em substituição isso já acontece e naturalmente ocorre diariamente, mas antes havia dificuldade em equipamento adequado para árvores mais altas, sendo que hoje temos um caminhão munck, que facilita a poda e a retirada de árvores”, comenta.

Chaves ressalta que vê muitas árvores em risco devido a podas inadequadas que ocorreram ao longo de anos, tornando-as suscetíveis ao vento ou situações extremas. Todavia, na opinião dele, essas árvores que apresentam risco ou estão velhas não podem ser simplesmente cortadas. “A retirada não pode ser drástica, pois causaria mais malefícios do que benefícios, então precisa ser uma substituição gradativa por espécies que causem menos problemas no futuro. As sibipirunas, por exemplo, não são inadequadas, apenas mal conduzidas. Existem problemas na cidade toda, porém há ruas mais arborizadas do que outras e agora está havendo ocupação pelas construções. Também não se deve pensar só na parte superior, pois quanto se faz calçada, esgoto e drenagem urbana muitas vezes é preciso escavar e cortar raízes, o que danifica a estrutura da árvore. Muitas vezes há árvores saudáveis, bem formadas, porém não sabe a condição do solo, que pode estar compactado, além de raízes que não suportam o peso daquela árvore e acabam caindo”, expõe.

De acordo com o engenheiro ambiental do município, a determinação é de que novos loteamentos contem com arborização adequada, mas nem sempre é dada a devida importância. “Um ponto positivo é que a maioria da população quando solicita a retirada tem o costume de colocar outra árvore na cidade”, enfatiza, acrescentando: “A população deve vir à secretaria pedir informações e solicitar o plantio que a gente faz. Há dois anos revitalizamos a arborização na Avenida Írio Welp, cujas árvores estão crescendo, mas o objetivo é que elas durem bastante tempo”.

 

PLANO

Segundo ele, a criação de um plano de arborização para Marechal Rondon vem sendo discutida há muito tempo, contudo até então não foi elaborado. “Esse plano deve ser construído por toda a sociedade, não só pelo Poder Público, ou seja, precisa ser avaliado em conjunto. Vemos com bons olhos que a sociedade civil também queira acompanhar esta situação para fazer um planejamento de longo prazo sem retirar todas as árvores porque não cabe e não é o momento. Medidas preventivas devem ser tomadas principalmente no verão com o trabalho de podas, análise de riscos e não simplesmente retirar por um transtorno. Eventualmente vai cair árvore, mas temos de limitar isso”, enfatiza.

O plano, de acordo com Chaves, precisa contar com a atuação de vários profissionais e a realização de diagnósticos por parte de engenheiros ambientais e biólogos. “Depois, é preciso envolver a esfera política porque a população faz poda drástica e irregular. Necessita regulamentar quem vai fiscalizar e incluir punição aos cortes sem autorização. Tudo isso precisa embasar o plano e a lei”, salienta.

 

PROGRAMA

O vice-conselheiro da Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos na área ambiental e integrante do Conselho Municipal de Meio Ambiente, engenheiro ambiental Maycon Zimermann, lembra que muitos empresários investem altos valores nas fachadas de suas empresas, as quais, contudo, acabam cobertas pelas árvores, o que gera reclamação. “Algo curioso em Marechal Rondon são algumas palmeiras na Avenida Maripá, que não são recomendadas para áreas urbanas devido ao sistema radicular chegar a um porte no qual as árvores vão cair. Já no caso das árvores mais antigas quem faz a poda deve ter conhecimento técnico para o serviço ser correto, evitando o surgimento de fungos que matam as árvores”, menciona.

Na visão dele, a arborização urbana é muito importante por atingir vários setores da sociedade, mas em Marechal Rondon verifica-se que não houve um programa para substituir as árvores existentes, muitas delas plantadas nos anos 70 ou 80. “Naturalmente elas têm sua vida esgotada, perdem galhos e tendem a morrer, daí acabam caindo. A calçada rente na raiz impede a alimentação de água suficiente para a árvore, cujas fraturas causam fungos e doenças, deixando a árvore fraca e suscetível às quedas. Não tem outra saída a não ser remover essas árvores antigas e substituí-las por novas, no entanto, necessita-se de acompanhamento técnico. Assim sendo, a Associação de Engenheiros se coloca à disposição para acompanhar a discussão e o que for necessário para escolher a melhor opção de árvores para plantio. É importante elaborar um planejamento de longo prazo para definir o melhor caminho”, opina Zimermann.

 

PROCEDIMENTO LEGAL

O engenheiro agrônomo da Emater, membro do Conselho de Meio Ambiente e presidente da Associação dos Agrônomos, Urbano Mertz, diz que existem ideias em relação ao que deve ser feito sobre a arborização urbana, algumas questões constam no Plano Diretor, mas não há um procedimento legal sobre como o município atuar. “O município não precisa apenas de um plano de arborização, mas de algo maior para definir quais espécies melhor se adaptam à realidade local no que tange à altura, ao clima, fiação e calçadas. Temos ideia de quatro ou cinco espécies que seriam adequadas, mas um projeto precisa englobar outras questões”, destaca.

Mertz comenta que a partir do mês de agosto são comuns temperaturas de 36ºC a 39ºC, o que torna o clima quase insuportável. “Assim, as árvores são cada vez mais necessárias nas calçadas para os veículos e pedestres. É preciso que haja adequação das árvores em relação ao comércio, não eliminar, porém cultivar espécies que se adaptem às calçadas nas áreas central e comercial. Nos outros países as árvores são respeitadas acima de tudo porque são importantes para o microclima, para diminuir a poluição sonora, de resíduos e fuligem. As árvores são essenciais para todo este controle”, evidencia.

Ele lembra que quando secretário de Agricultura, na gestão do prefeito Moacir Froehlich, foram plantadas mudas de oiti, que podem ser manejadas para não crescer demais e formam uma sombra muito boa. “O oiti branco se adapta muito bem às características que temos nas áreas centrais. O ipê vai bem no canteiro central, no entanto na calçada não é bem-aceito. A sibipiruna plantada lá na década de 70 ou 80 suporta muito bem o vento, não quebra os galhos, contudo a parte radicular fica bastante danificada quando é feita rede de esgoto, além da necessidade de consertar calçadas, ou seja, existe o risco da queda da árvore. Tudo isso deve constar no plano de arborização. Vejo que se avançarmos e conseguirmos apresentar um bom plano de arborização antes do período eleitoral pode ser algo interessante, todavia o município vai precisar de uma equipe exclusiva, com duas a quatro pessoas para atuar no manejo, plantio, cuidados, poda, substituição”, conclui.

 

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