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Marechal Um brinde ao chope!

Microcervejarias de Marechal Rondon agradam paladares e conquistam mercado local e regional

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Em três anos, número de microcervejarias registradas junto ao Ministério da Agricultura passou de 270 para mais de 900 no Brasil. Em Marechal Rondon, Haus Bier e Alken Bier estabeleceram-se no mercado com produtos de características próprias, conquistando as microrregiões Oeste e Sudoeste do Paraná (Foto: Mirely Lins Weirich)

 

A descoberta de novos sabores e estilos. É assim que o empresário Bruno Konieczniak resume a mudança de comportamento dos consumidores de cerveja e chope não só da microrregião, mas de todo o país.

Nos últimos três anos, desde que abriu a Alken Bier, uma microcervejaria localizada em Porto Mendes, no interior de Marechal Cândido Rondon, o número de empresas no ramo disparou: de 270 para mais de 900 registradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Nos últimos dez a cinco anos o consumidor brasileiro começou a conhecer esses outros estilos e a aprender a degustar a cerveja, algo que já existe em outros países da Europa e Estados Unidos”, avalia.

O boom das microcervejarias iniciou em Santa Catarina, especialmente pela descendência da maioria da população, de origem europeia, bem como no interior de São Paulo, onde, segundo Konieczniak, há grande curiosidade em conhecer novos sabores. Partindo dessas duas regiões, este mercado teve crescimento expressivo e ele considera que no Sul e Sudeste do Brasil o segmento já está bem estabelecido.

 

Sócio-proprietário da Alken Bier, Bruno Konieczniak: “O segredo do nosso produto é a pureza e a qualidade. Não filtramos a cerveja para manter as características naturais. Como sai do tanque é envazado no barril, por isso há uma certa turbidez e com o passar do tempo os consumidores entenderam que essa é a característica do nosso chope” (Foto: Mirely Lins Weirich)

 

POLO CERVEJEIRO

Um estudo inédito realizado por meio de projeto do Sebrae/PR, Associação das Microcervejarias do Paraná (Procerva) e Faculdade Guairacá mapeou o setor de microcervejarias artesanais no Paraná e apontou que a maior densidade de fabricantes está em Curitiba e Região Metropolitana e também nos Campos Gerais. Entretanto, pela relevância e tradição no ramo, a região Oeste do Estado tornou-se um polo cervejeiro.

Em Marechal Rondon, a Haus Bier, primeira microcervejaria do município, foi fundada em 2005. De acordo com o sócio-proprietário da empresa, Vitor Giacobbo, pelo município sempre ter sido ligado ao consumo de chope e cerveja pela cultura europeia, os fundadores do negócio entenderam que aquele era o momento de a cidade contar com uma fábrica de chope. “Na época eram poucos concorrentes no ramo de microcervejarias, mais na região de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A tendência era o crescimento do setor, e foi o que aconteceu. Mais do que isso, o desafio deste mercado é posicionar o produto, fazê-lo ser conhecido frente às grandes marcas”, resume.

No início da empresa, Giacobbo relembra que a proposta era de produção e consumo no local, com o restaurante junto à fábrica. Aos poucos, foi iniciada a expansão para outros municípios com a mesma proposta de negócio. “Mas não obtivemos sucesso”, menciona.

A alavancada da empresa, então, foi com o atendimento a eventos de diferentes portes que, aos poucos, também tornaram-se foco de empresas distribuidoras de bebidas. “Agora atingimos outro nível no negócio, que é a abertura de pontos de venda e representantes em outras cidades, atuando em todo o Oeste e Sudoeste do Paraná”, aponta.

 

TENDÊNCIA

Para manter a competitividade no mercado, além dos tradicionais chopes pilsen e escuro, Giacobbo explica que a marca se reinventou ao apresentar para os consumidores novos produtos. “As cervejas e chopes especiais têm grande aceitação no mercado e nós também seguimos essa tendência, porém, com muito cuidado porque não é uma fabricação pequena e não podemos errar”, salienta.

Desde 2005, na cartela de produtos estão os chopes com menta e caramelo. Além disso, o chope com vinho, com um toque mais refrescante, também tem boa aceitação no mercado, especialmente na época mais fria do ano. “Neste ano, lançamos o puro malte, com uma formulação própria”, comenta.

A produção média da empresa rondonense é de 25 mil litros de chope ao mês, com variações para mais de outubro a janeiro, podendo chegar a 40 mil litros e para menos nos meses de inverno.

 

Sócio-proprietário da Haus Bier, Vitor Giacobbo: “Estamos praticando o preço hoje similar de cervejas de marcas de boa qualidade. Além disso, surgiram novas maneiras de vender chope. Antes as chopeiras eram enormes e atendiam a grandes eventos. Hoje você pode comprar chope a partir de dois litros, um barril de dez, 25 ou 20 litros, de acordo com a sua necessidade” (Foto: Mirely Lins Weirich)

 

COMPETITIVIDADE

Além dos novos estilos apresentados ao mercado e da mudança de hábito do consumidor, outro fator que colaborou para o crescimento do consumo do chope e a abertura de microcervejarias é a competitividade no preço quando comparado a cervejas de grandes marcas.

Giacobbo compara que quando iniciou a fabricação de chope, o litro de cerveja era cerca de metade do preço do litro de chope. Com o aumento do número de microcervejarias, a especialização de profissionais e a variedade e qualidade de produtos oferecidos no mercado, o preço tornou-se cada vez mais competitivo e, em alguns casos, equivalente. “Estamos praticando o preço hoje similar de cervejas de marcas de boa qualidade. Além disso, surgiram novas maneiras de vender chope. Antes as chopeiras eram enormes e atendiam a grandes eventos. Hoje você pode comprar chope a partir de dois litros, um barril de dez, 25 ou 20 litros, de acordo com a sua necessidade”, detalha.

Além disso, outro fator é a economicidade. Especialmente para pessoas que organizam eventos, oferecer chope ao invés de cerveja é sinônimo de menos gasto. “Se você tira uma garrafa de cerveja do freezer e não consome ela de uma vez, ela vai esquentando e ninguém mais bebe. O chope cada um tira a quantidade que deseja da chopeira e bebe na temperatura ideal”, expõe o empresário.

 

MUDANÇA DE HÁBITO

Mais do que buscar novos produtos, os consumidores também tornaram-se mais críticos e entenderam que o ato de beber chope não é tão simples. Konieczniak comenta que os consumidores rondonenses estavam acostumados a bebidas bem claras e cristalinas, características bastante diferentes do chope da Alken Bier. “O segredo do nosso produto é a pureza e a qualidade. Não filtramos a cerveja para manter as características naturais. Como sai do tanque é envazado no barril, por isso há uma certa turbidez e com o passar do tempo os consumidores entenderam que essa é a característica do nosso chope”, pontua.

Ele explica que a busca para encontrar o produto tradicional da forma como apresenta hoje ao mercado foi baseado em uma procura bastante pessoal. “Eu via dois extremos: as grandes cervejarias, com um produto muito comum, e as microcervejarias com um produto de alta qualidade, mas que era para você degustar e não comprar um barril de 30 litros para uma festa”, menciona. “Eu queria achar esse meio termo, de ter um produto de qualidade, um puro malte, mas que a produção não fosse em alta escala visando o alto lucro, mas que também não fosse algo tão carregado de sabores e aromas como uma cerveja encorpada”, complementa.

Alexandre Konieczniak Junior, pai de Bruno, comprou a ideia e produz cerveja junto ao filho. Ele diz que em três anos a Alken Bier teve crescimento expressivo, fez seu nome na região e a pretensão da família é expandir. “Hoje nossa produção máxima é de seis mil litros por mês, mas buscamos chegar a 15 mil litros. Nosso raio de atuação não passa dos 40 quilômetros e sabemos que há muito mercado para ser trabalhado na nossa região”, sintetiza.

O carro-chefe da empresa é o chope pilsen, porém, a Alken Bier também trabalha com mais dois produtos, o schwartzbier, que é o chope escuro, e o märzen bier, um estilo típico da Oktoberfest da Alemanha. “Foi bem aceito no mercado quando fizemos no inverno do ano passado e neste ano fizemos novamente para concretiza-lo”, enaltece Bruno, ao afirmar que o objetivo é chegar, no máximo, a cinco estilos.

A empresa não trabalha com o envaze de produtos em garrafa. Este, de acordo com Bruno, é um projeto a se pensar em um prazo mínimo de dois anos devido à logística e investimentos necessários. “Hoje atendemos eventos como confraternizações, almoços, aniversários, casamentos, entre outros. O chope ganhou um grande espaço por conta do público local, que é de descendência europeia e tem um alto consumo, chegando a ser três vezes maior do que a região de São Paulo, por exemplo”, ressalta Alexandre.

 

O Presente

 

Sócio-proprietário da Alken Bier, Alexandre Konieczniak Junior: “Hoje nossa produção máxima é de seis mil litros por mês, mas buscamos chegar a 15 mil litros. Nosso raio de atuação não passa dos 40 quilômetros e sabemos que há muito mercado para ser trabalhado na nossa região” (Foto: Mirely Lins Weirich)

 

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