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Marechal

Nova onda de crimes assusta rondonenses

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Após um pequeno período de tranquilidade, moradores de Marechal Cândido Rondon voltaram a temer pela segurança de suas casas e estabelecimentos. A preocupação aumentou ainda mais após o último fim de semana, quando somente entre sábado (10) e domingo (11) 11 furtos de diversas naturezas foram praticados na cidade. Destes, nove ocorreram somente entre a uma hora e 20 horas de sábado.

Em meio a este cenário de arrombamentos de residências, furtos de bicicletas e motocicletas e assaltos à mão armada está uma população apreensiva e com medo dos próximos passos dos criminosos. De outro lado estão as pessoas que foram vítimas dos bandidos, traumatizadas.

É o caso da farmacêutica Franciane Chapla, de 28 anos, que trabalha em uma farmácia situada na Avenida Írio Jacob Welp, no Bairro Líder, a qual foi alvo de ladrões duas vezes em menos de uma semana. O estabelecimento é uma filial, sendo que a matriz fica localizada na Rua Sete de Setembro, no centro da cidade.

A farmácia foi assaltada na tarde do dia 05 deste mês e arrombada na madrugada do último domingo. Nas duas ocasiões os ladrões levaram o dinheiro do caixa. “Os dois chegaram e pediram para comprar um sabonete, quando fui até o caixa passar o valor para eles, um deles anunciou o assalto e mostrou um pedaço da arma, enquanto isso o outro veio até o meu lado, abriu o caixa e pegou o dinheiro”, relata Franciane sobre o episódio do assalto à mão armada. Após se apossarem do dinheiro, aproximadamente R$ 300, Franciane conta que os ladrões pediram para ela entrar no banheiro para que eles pudessem sair. “Eu entrei e eles fecharam a porta. Nesse meio tempo, um dos bandidos pegou meu celular que estava no balcão. Quando saí do banheiro, os dois já haviam ido embora”, conta.

Segundo a farmacêutica, logo que os indivíduos entraram no local, ela percebeu que ambos apresentavam atitude suspeita. “Aquele que estava armado usava um casaco grande com touca e ficava toda hora tentando esconder o rosto. O outro estava mais normal, realmente parecia apenas um cliente”, relata.

Já no último fim de semana o ladrão arrombou a fechadura da farmácia e furtou outros cerca de R$ 300 que estavam no caixa. As câmeras de segurança registraram a ação do criminoso. “Ele ficou pelo menos 15 minutos forçando a fechadura até conseguir abri-la”, diz a farmacêutica, que ainda destaca que não foi possível identificar o ladrão através das imagens do circuito de segurança, pois ele entrou de capacete no local.

Franciane trabalha há quatro anos na farmácia, mas está há apenas seis meses na filial, e, conforme ela, essa seria a primeira vez que foi vítima de um assalto. “No momento do assalto estava somente eu. Ele colocou a arma do meu lado, então agora estou insegura, todo mundo que entra já fico desconfiada”, admite.

Para a farmacêutica, o fato de ela estar sozinha teria facilitado a escolha do local e a ação dos bandidos. “Acho que eles estão procurando locais mais tranquilos, onde não tem muito movimento. Como somente eu estava trabalhando, foi mais fácil para eles praticarem o assalto. Um deles eu até mesmo já havia visto aqui farmácia em outra ocasião”, revela Franciane.

No mesmo dia do assalto, um dos ladrões foi preso por uma equipe do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) na Praça Willy Barth. O segundo assaltante, no entanto, ainda encontra-se foragido.

 

Delitos reincidentes

Só neste ano em Marechal Rondon, entre janeiro e maio, foram registrados 214 furtos, 57 roubos, 51 apreensões de menores e 157 prisões efetuadas. Conforme o comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar (PM), capitão Valmir de Souza, na maioria dos casos de furtos e roubos são sempre as mesmas pessoas cometendo os mesmos delitos, ou seja, são casos reincidentes. “O que a Polícia Militar pode estar fazendo, que é a abordagem e averiguação, está sendo feito, todavia, legalmente não há mais nada que se possa fazer. Para prendermos uma pessoa que não seja em flagrante, é necessário ter todo um conjunto de provas que, muitas vezes, não temos naquele momento, e que por isso ficará a cargo da Justiça levantar tais informações para que essas pessoas possam ser penalizadas pelos delitos cometidos”, expõe Souza.

De acordo com ele, principalmente no último fim de semana, alguns criminosos tentaram realizar furtos em estabelecimentos, mas foram surpreendidos pela Polícia Militar ou até mesmo pelo alarme do local, e por isso tentaram dar continuidade ao furto em outro local. “Essa sequência expressiva de furtos pode ter sido dada através dessa continuidade delituosa desses criminosos”, declara.

Ainda segundo o capitão, as abordagens realizadas pela PM demonstram que, às vezes, indivíduos se reúnem em três ou quatro pessoas para praticarem furtos na cidade. Em sua maioria, os atos delituosos são praticados por adolescentes e jovens entre 18 e 19 anos. “Não podemos afirmar que a maioria dos suspeitos desses furtos e roubos sejam menores. Somente após a investigação poderemos informar com certeza”, enaltece Souza. “Todas as informações que temos serão colocadas à prova através do trabalho que a Polícia Civil vem realizando, desvendando a autoria de vários crimes e identificando os autores”, completa.

 

Abordagens

Conforme Souza, as abordagens a adolescentes e jovens, principalmente na Praça Willy Barth, estão sendo intensificadas. “O que acontece, no entanto, é que eles escondem os ilícitos, principalmente drogas, e por isso não conseguimos efetuar a prisão ou apreensão”, diz o capitão. 

O comandante revela ainda que, muitas vezes, a prisão de uma pessoa que esteja de posse de droga não necessariamente implicará em uma prisão por tráfico. “Há uma discussão muito forte sobre se o traficante é usuário ou o usuário é traficante, então a comunidade espera que estas pessoas que são apreendidas fiquem presas, o que juridicamente acaba não acontecendo”, menciona.

Souza destaca a importância da união e da colaboração da comunidade para efetivamente garantir o trabalho da Polícia Militar, principalmente nas questões das abordagens. “A diminuição de crimes desta natureza, em sua grande maioria, se dá por conta das abordagens”, frisa.

Comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar de Marechal Rondon, capitão Valmir de Souza: “Todas as informações que temos serão colocadas à prova através do trabalho que a Polícia Civil vem realizando, desvendando a autoria de vários crimes e identificando os autores”

Aumento no índice de furtos

Uma sequência de furtos e roubos como a registrada no fim de semana já aconteceu em outras ocasiões na cidade, conforme o capitão. “Se compararmos com anos anteriores, como, por exemplo, 2015, os índices de furtos e roubos são até menores. No entanto, se comparado a 2016, houve um aumento e claro que isso gera preocupação na população, da mesma forma que em nós, enquanto Polícia Militar, que estamos atuando no sentido de combater e prevenir a criminalidade”, salienta Souza. (Confira na tabela os índices de furtos e roubos registrados em 2016 e 2017, no período de janeiro a maio)

Ele destaca esperar que os equipamentos da Polícia Militar melhorem para os próximos dias, pois, segundo diz, isso é fundamental para que a PM desempenhe melhor seu trabalho de segurança na cidade. “O trabalho que estamos realizando hoje é dentro daquilo que está ao nosso alcance, com o que temos disponível”, enfatiza.

 

Facilidade

Nas últimas ocorrências de furtos e arrombamentos, os locais escolhidos pelos ladrões eram, em sua maioria, residências e estabelecimentos comerciais. Para o capitão, são inúmeros os fatores que podem levar um indivíduo a praticar um crime. “A ação criminosa é executada com base na facilidade apresentada, ou seja, se a casa está aberta ou vazia aparenta ser mais vulnerável, se algum objeto que possa ser furtado está visível ou até mesmo se o local é pouco iluminado”, expõe Souza, destacando que a falta de meios que possam impedir a entrada do criminoso em uma residência também contribui para a prática do furto ou roubo.

 

Suspeitos

De acordo com o comandante, a polícia está monitorando alguns suspeitos de serem os responsáveis pelos últimos furtos. No entanto, ele reitera que o trabalho da Polícia Militar, assim como das demais forças policias, demanda um tempo maior daquele que as pessoas esperam. “A nossa convicção não se reveste na decisão jurídica e decisória do Poder Judiciário ou do Ministério Público. Nossa convicção é policial e que deve se reverter em provas dentro do processo legal em uma sentença penal condenatória. E isso não se faz de hoje para amanhã. O tempo da Polícia Militar não é o mesmo que o da Justiça ou da comunidade”, alega.

 

Trabalho conjunto

Trabalhos de prevenção, visando intensificar as ações de fiscalização, principalmente durante a madrugada, estão sendo realizados em Marechal Rondon e, segundo o capitão, muitos furtos foram evitados pois a ação foi flagrada pelos militares. “Nós estamos trabalhando para que haja uma diminuição na criminalidade em nosso município e, concomitantemente a isso, contamos com um trabalho de investigação por parte das polícias Civil e Militar. Fazemos o repasse de dados à Polícia Civil, que, por sua vez, nos repassa informações para que possamos atuar, principalmente no cumprimento de mandados de busca e apreensão”, relata.

 

Responsabilidade

Souza enaltece que a Polícia Militar e a Polícia Civil estão trabalhando incansavelmente para diminuir a incidência da criminalidade no município, entretanto ele afirma que a comunidade tende a olhar para as polícias e atribuir diretamente a elas a responsabilidade pelos crimes ocorridos. “Precisamos que a comunidade nos ajude com informações para que possamos chegar até os criminosos o quanto antes. Em algumas ocasiões, nós enfrentamos dificuldades em conseguir as imagens das câmeras de segurança dos estabelecimentos ou residências que foram arrombadas, por exemplo, porque as pessoas ou a própria empresa de monitoramento não as fornece e isso atrapalha nosso trabalho de identificação. O que pedimos é uma ajuda não para a polícia, mas, sim, para toda comunidade”, pontua.

Furtos podem ter ligação

O setor de investigações da Polícia Civil de Marechal Cândido Rondon está empenhado em buscar pistas que levem aos suspeitos de terem praticado os furtos no fim de semana. Conforme o delegado de Polícia Civil, Diego Fernandes Valim, ao longo da semana novas informações serão divulgadas. Ele adianta que, a princípio, uma das hipóteses é de que os criminosos podem estar agindo em grupo. “Acreditamos que os criminosos podem estar agindo em grupos e até mesmo compartilhando da mesma arma de fogo para a prática dos delitos”, afirma Valim, que menciona, no entanto, não acreditar que todos os furtos tenham sido cometidos pelo mesmo grupo, mas sim que os meliantes tenham se dividido em pequenos grupos.

Delegado Diego Valim: “Acreditamos que os criminosos podem estar agindo em grupos e até mesmo compartilhando da mesma arma de fogo para a prática dos delitos”

Apoio na segurança

O sub-comandante do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), major André Cristiano Dorecki, afirma que, na medida do possível, o BPFron está tentando apoiar todas as ações de segurança desenvolvidas dentro da cidade. “Nós temos demandas em vários municípios das regiões de fronteira, porém, até a proximidade do Batalhão com o centro da cidade acaba facilitando para que nós desenvolvamos operações em apoio às demais forças policiais”, declara.

Em relação à sequência de furtos e roubos ocorridos nos últimos dias no município, Dorecki revela que o serviço de inteligência do BPFron, juntamente com o 19º Batalhão de Polícia Militar, Polícia Civil e Ministério Público, possui em torno de 60 suspeitos que já estão identificados e, em sua maioria, reconhecidos pelas vítimas. “Agora estamos somente aguardando os trâmites legais para que sejam expedidos os mandados de busca e os de prisão. Alguns dos suspeitos, inclusive, já são foragidos da Justiça e outros possuem passagem policial e estão com novos mandados por serem reincidentes nos crimes de furtos e roubos”, menciona.

Ainda conforme o sub-comandante, os suspeitos são de Marechal Rondon e de municípios da região. Alguns até mesmo vieram morar recentemente no município.

Por conta do serviço de investigação estar adiantado, Dorecki acredita que nos próximos dias novos resultados serão apresentados. “Nós já temos a confirmação de que alguns desses suspeitos seriam os responsáveis pelos furtos ocorridos no fim de semana. Agora é questão de cumprir os mandados quando forem expedidos ou efetuar a prisão em flagrante”, informa.

Dorecki não acredita que, por conta da quantidade de delitos associada ao número de infratores, seja uma associação criminosa que esteja agindo no município. “São situações distintas, praticadas de forma isolada ou por pequenos grupos. Podemos verificar que em alguns casos foram furtos de bicicletas e em outros arrombamentos de residência, então os delitos não seguem um padrão de ação”, exemplifica.

Sub-comandante do BPFron, major André Cristiano Dorecki: “Alguns dos suspeitos já são foragidos da Justiça e outros já possuem passagem policial e estão com novos mandados por serem reincidentes nos crimes de furtos e roubos

 

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