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Marechal

O impulso que surge do cooperativismo

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As dificuldades enfrentadas pelas pessoas que atuavam nas mais variadas atividades fizeram com que se unissem em grupos para criar um sistema a partir do qual aumentaram a sua renda e a qualidade de vida. Deste modo surgiu o cooperativismo, modelo que estimulou e se tornou a mola propulsora do progresso especialmente nas cidades do Sul do país.

Não foi diferente para Marechal Cândido Rondon e microrregião. O primeiro passo foi dado por um grupo de produtores rurais que precisava de melhores preços para comercializar suínos e que após discussões resultou na criação da Copagril, fundada em 1970. Logo a cooperativa foi expandida e passou a atuar com grãos, até ingressar no mercado de leite e há 12 anos no abate de frangos. Contudo a atuação hoje é bastante diversificada.

Pioneira do movimento, anos mais tarde a Copagril se tornou referência e estimulou um grupo de associados a criar a atual Sicredi Aliança PR/SP, ainda na década de 80, voltada ao cooperativismo de crédito. Nesse meio tempo, todavia, foi fundada a Cercar, que atua no ramo de eletrificação e possui uma usina hidrelétrica. Já no ano de 2005 foi criado o Sicoob, sendo aberto a partir de um grupo de empresários.

Em um primeiro momento a finalidade das cooperativas esteve voltada a apoiar os associados no desenvolvimento das suas atividades, independente do segmento. Consolidadas, elas se firmaram como verdadeiras molas propulsoras do desenvolvimento econômico e social. Prova disso está nos números. Entre as inúmeras cooperativas que atuam em Marechal Rondon, as quatro de maior expressão no município (Copagril, Cercar, Sicredi e Sicoob) foram responsáveis no ano de 2016 pelo faturamento de R$ 1.672.534.356,16 e pelo pagamento de R$ 78.205.230,22 em impostos nas cidades onde atuam. Tais números representam um incremento significativo na renda das famílias e proporcionam maior movimento na economia dos municípios.

Juntas, essas quatro cooperativas reúnem 3.644 colaboradores em várias cidades, dos quais 2.635 profissionais em Marechal Rondon – a cidade tem 26 mil moradores como população economicamente ativa. Dos 50.394 associados, 24.811 estão em Marechal Rondon. O número aumenta ao considerar outras instituições instaladas.

É por essas e outras que a comunidade local e regional tem muito a comemorar no sábado (1º), por ocasião da mobilização em virtude do Dia do Cooperativismo, ou melhorar, do Dia C – de Cooperar.

 

Copagril, a precursora

Primeira cooperativa criada no município, a Copagril foi imprescindível ao desenvolvimento local e regional. No ano passado, a cooperativa teve faturamento de R$ 1.476.634.140, sendo responsável pelo pagamento de R$ 66.664.500 em impostos em diversas cidades. Ela tem 5.094 associados, dos quais 2.042, ou cerca de 40%, em Marechal Rondon. Os salários totais representaram R$ 68.111.719 aos 3.172 colaboradores diretos e indiretos, sendo eles 2.219 na cidade-sede.

O diretor vice-presidente da Copagril, Elói Podkowa, salienta que a cooperativa tem oportunizado aos associados uma diversificação muito grande das suas atividades, o que tem gerado novos negócios. “Com isso, todas as cidades onde a cooperativa atua são beneficiadas. Através de atividades novas, a Copagril tem impulsionado e oferecido sustentabilidade aos associados, gerando novos empregos, negócios e apresentando números interessantes também aos municípios onde atua. A Copagril é a maior empresa na maioria das cidades onde está inserida, proporcionando estabilidade aos associados e mais qualidade de vida”, menciona.

Podkowa lembra que a cooperativa surgiu a partir de uma dificuldade. “A principal atividade foi a comercialização de suínos, mas também acabou se ramificando bem em todos os setores. Os associados, junto com a direção, perceberam a necessidade de evoluir. Temos uma administração mais profissional, capacitando nossos funcionários bem como os produtores nos inúmeros segmentos. O cooperativismo tem dado resposta às dificuldades econômicas e sociais vividas no Brasil, pois estamos superando-as. Temos visto que, apesar de tudo o que acontece, quando empresas estão demitindo e fechando, estamos conseguindo crescer e remunerar dentro do que é possível no mercado. Conseguimos o melhor preço e um custo compatível com aquilo que o agricultor trabalha”, enaltece.

 

Energia elétrica

Fundada há 42 anos com o objetivo de disponibilizar energia elétrica nas propriedades rurais, a Cercar faturou em 2016 R$ 60.082.713,76, resultando em R$ 9.006.692,84 em impostos gerados. Ela tem 1.769 associados e 151 colaboradores na sua equipe. “Os agricultores sonharam com esse benefício, sendo criadas as cooperativas de eletrificação para angariar recursos e financiamentos para a construção de linhas no meio rural, o que até então não existia, e felizmente foi sendo expandida”, destaca o presidente da Cercar, Alcino Biesdorf, o qual emenda que “atualmente a função social das cooperativas representa papel muito grande na economia da região e do país. Os maiores pagadores de impostos são as cooperativas, independente do segmento. É o cooperativismo quem segura as pontas do país. Como seria a situação econômica de todas as pessoas se não fossem as cooperativas? Sem elas nós poderíamos, acredito eu, decretar falência”.

Há pouco mais de dois anos a Cercar inaugurou a sua usina hidrelétrica no distrito de Novo Três Passos, respondendo por 20% da energia consumida no município rondonense no último ano. “Temos um projeto para construir uma segunda PCH (Pequena Central Hidrelétrica), o que não foi iniciado porque não podemos comprometer a economia da nossa cooperativa, que é pequena se comparada com as outras. Momentaneamente este projeto está parado e será transformado em realidade algum dia. Ainda não definimos se a construiremos sozinhos ou se vamos procurar parceiros. Quando sair a segunda usina, poderemos chegar a quase 50% do consumo da energia elétrica de Marechal Rondon fornecida por hidrelétricas instaladas no próprio município. Hoje não existe mais sobrevivência sem energia elétrica”, enaltece.

 

Segmento empresarial

Na última década o município de Marechal Rondon ganhou a sua segunda cooperativa de crédito, que é o Sicoob Marechal. No último ano, a instituição arrecadou cerca de R$ 15 milhões e obteve um resultado de R$ 1.157.528,16 e R$ 155.820,52 em impostos gerados. Com 5.531 associados em números atuais, estima-se que quatro mil rondonenses estejam associados ao Sicoob. O quadro de colaboradores é formado por 52 pessoas, sendo 39 em Marechal Rondon. A cooperativa também atende em outras duas cidades da região.

O presidente do Sicoob Marechal, Luciano Cremonese, destaca que as cooperativas são muito significativas para as suas respectivas comunidades. “Do faturamento que temos, o resultado fica em Marechal Rondon e na microrregião, portanto os lucros não vão para fora. Nós fazemos os nossos faturamentos, as nossas vendas, pagamos os nossos impostos, geramos empregos e riquezas. As cooperativas entendem que os benefícios devem ficar na comunidade local”, salienta.

Cremonese acrescenta que 80% do nicho de mercado está em Marechal Rondon. “Aqui nós temos dois pontos de atendimento, além de Nova Santa Rosa e Quatro Pontes. Essa representação de números fica muito clara em outras cidades, então esses resultados têm sempre como ganhadores a sociedade. Nós investimos em treinamento de funcionários, capacitação de empresários, apoiamos a parte social nas escolinhas de basquete, futsal e vôlei. A grande importância do cooperativismo é investir no social, o que não é visto em uma grande empresa. Por sua excelência e suas auditorias internas e externas as cooperativas têm por hábito legalizar todos os seus atos”, declara.

 

Crédito essencial

Já a cooperativa de crédito Sicredi Aliança PR/SP faturou no último ano R$ 120.817.50,14, com resultado de R$ 19,9 milhões e pagamento de juros ao capital de R$ 8.614.975,18. Nas inúmeras cidades onde atua, o Sicredi emprega 269 profissionais. Em 2016 foram gerados R$ 2.378.216,86 em impostos. São 38 mil associados, dois quais 17 mil em Marechal Rondon. A previsão é de que 80% do movimento geral esteja na cidade-sede.

“O cooperativismo hoje não se divide entre rural e urbano, ele é geral, ao menos no Sicredi, mas o cooperativismo rural foi a alavanca da nossa região que fez essa criação de suínos, frangos e vacas leiteiras. Para a cidade nós temos financiamento de vários tipos e prazos, conseguindo atender a todos. Eu não enxergo mais Marechal Rondon sem o Sicredi. Sou associado há 31 anos desde a então Credilago, estou muito satisfeito e vejo como muitos associados nos dizem: que graças ao Sicredi conseguiram fazer empreendimentos, provando que há necessidade do cooperativismo existir no país desde que ele seja bem gerido, trabalhado e administrado. Ele se torna a mão direita do Brasil”, expõe, lembrando que o foco inicial estava nos agricultores, que ainda têm grande fatia, contudo os negócios hoje também estão voltados aos empresários.

“Em São Paulo o pessoal está admirado com a nossa apresentação, tanto que o jeito que fazemos lá é igual ao que fizemos aqui. O pessoal de lá não estava acostumado com isso porque deixamos renda e atendemos bem durante o ano todo. Eu fico surpreendido com muitos associados da nossa região que depois dos 65 anos estão retirando o capital (a partir dos 70 pode retirar o total do capital social). Essas pessoas estão felizes porque muitas vezes esses recursos fazem a diferença, o que não existe em outras instituições. Ficamos muito felizes e podemos crescer muito mais na nossa região e na região de São Paulo”, conclui Freitag.

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