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Marechal

O recomeço para os novos rondonenses

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Parece que, finalmente, as incertezas e a apreensão acerca do nascimento dos novos rondonenses chegaram ao fim. Após seis anos desde que o último bebê nasceu no município amparado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a administração municipal anunciou na manhã de ontem (1º) a volta da realização dos partos por meio do sistema público em Marechal Cândido Rondon.

Até então, desde que o último hospital particular do município que realizava os procedimentos descredenciou-se do sistema, em 2011, o caminho ao nascimento para aquelas famílias que não possuíam condições financeiras de bancar um parto de forma particular ou por convênio médico levava a Toledo. Alguns partos, contudo, acabavam acontecendo à beira da estrada dentro das ambulâncias que realizavam o transporte da parturiente – cenário que trazia preocupação a muitas famílias. 

Com investimento na casa dos R$ 300 mil para a adequação da estrutura e equipamentos do Hospital Municipal Dr. Cruzatti, que conta com 19 leitos – incluindo quarto de alojamento conjunto – duas salas de cirurgia e sala de recepção do recém-nascido, além de adequações administrativas, como a regularização do alvará e do CNPJ, e a composição da equipe médica, a casa de saúde está pronta para atender a demanda de gestantes que até então eram encaminhadas ao Hospital Bom Jesus.

“É com muita alegria e satisfação que hoje podemos anunciar que os partos voltam a ser realizados em Marechal Cândido Rondon”, destacou o prefeito Marcio Rauber.

Com o retorno dos partos ao município, os recém-nascidos também voltam a ser registrados como rondonenses e não mais como toledanos, já que a medida provisória 776/2017, a qual permite que os pais optem por registrar a naturalidade da criança no local do nascimento ou no município de residência, foi publicada apenas em abril deste ano. Até então, a lei que regulava o registro público previa que a certidão de nascimento informasse apenas a data e local onde ocorreu o parto do bebê. Com isso, muitas crianças de gestantes rondonenses eram registradas com a “naturalidade” toledana. “Esse é um desejo da comunidade, que brigou muito por isso. Se fosse possível administrativamente, dia 1º de janeiro faríamos isso, mas nós precisávamos trabalhar muito, muitas coisas precisaram ser feitas para chegarmos até este momento”, enfatizou Rauber durante coletiva de imprensa realizada no hospital, que também contou com a presença do vice-prefeito Ilario Hofstaetter (Ila), da secretária de Saúde, Marciane Specht, entre outros secretários, vereadores e autoridades municipais, além do corpo clínico e da equipe de enfermagem da casa de saúde.

 

Estruturação

A partir de agora, toda a demanda de gestantes que estão nos últimos meses de gravidez e até o dia 31 de maio eram atendidas na Unidade de Saúde 24 Horas será redirecionada ao Hospital Municipal, no qual a equipe está preparada para fazer o atendimento de plantão, com pediatra e ginecologista 24 horas por dia. “Seguindo a premissa do Rede Mãe Paranaense, nós também sempre vamos buscar a realização do parto normal que segue a livre demanda, porém também estamos estruturados para cesarianas”, esclarece a secretária de Saúde.

Para o mês de junho estão programados 33 nascimentos, para julho 29 e para agosto 22 partos. “São mais de 100 gestantes sendo acompanhadas pela Clínica da Mulher, ou seja, a média de atendimentos mensais no Hospital Municipal vai variar entre 25 e 30 partos”, estima Marciane.

Ela frisa que os procedimentos realizados no município serão apenas partos de risco habitual e intermediário, ou seja, que não apresentam possibilidade de complicações. Já aqueles que forem classificados como procedimentos de alto risco, como no caso de pacientes hipertensas, diabéticas, entre outras possíveis complicações, continuarão sendo encaminhadas ao Hospital Bom Jesus, em Toledo, que é referência para gestação de alto risco. “Eles têm suporte de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal e adulto, e nós jamais vamos expor as pacientes a riscos sem necessidade, por isso, o primeiro atendimento será feito aqui como foi até o momento, mas nascimento de alto risco será encaminhado ao Bom Jesus”, enfatiza.

 

Investimento

Para a manutenção dos procedimentos via SUS no município, o Poder Público terá um investimento mensal de R$ 250 mil em honorários médicos, além de R$ 250 mil anuais para a reposição de medicamentos e materiais hospitalares. “A quantidade de recursos envolvidos para isso é significativa, mas não vamos medir esforços se tivermos que investir mais”, assinala o prefeito. 

A secretária de Saúde apontou que participar deste momento é uma imensa satisfação, entretanto, o mérito deve ser compartilhado com todos os membros da equipe do Hospital Municipal, entre enfermeiros, médicos e também as empresas prestadoras de serviços, que envolveram-se no trabalho para que os partos via SUS em Marechal Rondon se tornassem uma realidade. “O mérito é da equipe, mas o ganho é de toda a população, das gestantes que diariamente vão à Clínica da Mulher, à Unidade de Saúde 24 Horas, buscam os Postos de Saúde e que muitas vezes, em um momento ímpar de suas vidas que é o nascimento de seu filho, sentiam-se desamparadas”, ressalta.

 

Equipe

De acordo com a responsável pela pasta, todos os médicos concursados estão envolvidos na equipe para atender as parturientes. Aqueles efetivos em regime T4, que atuam quatro horas na Clínica da Mulher, e os T12, que trabalham 12 horas um dia sim e outro não, estão compondo a equipe e inicialmente atuarão diariamente no Hospital Municipal para cobrir as 24 horas. “Temos o chamamento público para a contratação de ginecologista e obstetra presencial, já que não houve interesse no chamamento do sobreaviso, então após a conclusão desse processo esses profissionais também vão compor a equipe e acredito que a partir do dia 15 uma segunda equipe de profissionais completará o corpo clínico”, afirma Marciane.

A secretária esclarece que foi realizada a convocação de inúmeros profissionais da área de ginecologia e obstetrícia e pediatria oriundos do concurso realizado no ano passado e zerando as filas, levando em conta o anseio da municipalidade de compor as escalas com profissionais efetivos. “Mas isso não foi possível. Então encontramos esse outro mecanismo legal para, temporariamente, contratar os profissionais e temos ciência de que precisaremos fazer um novo concurso público para compor as equipes desses gargalos que foram fechados agora pelo chamamento público”, declara.

 

Recursos estaduais

A partir dos partos, há possibilidade de o município se credenciar em dois programas estaduais para o recebimento de recursos: o Programa de Apoio e Qualificação de Hospitais Públicos e Filantrópicos do SUS Paraná (Hospsus) e o Rede Mãe Paranaense. Conforme Marciane, as tratativas não foram iniciadas anteriormente principalmente pela questão documental. “Havia problemas em relação ao CNPJ utilizado, que estava vinculado ao Fundo Municipal de Saúde e isso não possibilitou o início das tratativas para a avaliação externa. Contudo, no máximo entre três e seis meses, esperamos receber esses recursos”, informa.

Os recursos do Hospsus devem girar em torno de R$ 20 mil mensais, enquanto que o Rede Mãe Paranaense é um auxílio do Estado por cada nascimento realizado no município.

A parte que compete ao município, ela destaca que em poucos dias será concluída, todavia há toda uma demanda de protocolos e tramites burocráticos por parte do Governo do Estado, que deve realizar a avaliação para a vinda dos recursos. “Recursos que são importantes para conseguirmos compor o custeio”, enfatiza.

 

Próximos passos

Com a etapa dos partos concluída, os próximos passos estão acerca do avanço na realização de cirurgias eletivas. De acordo com a secretária de Saúde, os procedimentos devem iniciar a partir do segundo semestre deste ano. “Estaremos em conversa com as equipes do chamamento público para organizar as escalas e poder atender essa segunda demanda”, aponta.

Atualmente, há cerca de 269 pacientes em fila de espera para cirurgia geral e que demandam de avaliações pré-operatória para verificar se há condições de serem atendidos na baixa complexidade. Caso não, os pacientes serão referenciados para a alta complexidade.

Quanto à construção de uma nova ala cirúrgica e do setor de esterilização, que neste momento será um serviço prestado por empresa terceirizada, Marciane informa que nos próximos dias serão organizados os projetos arquitetônicos e que já foi viabilizada uma tratativa por meio do prefeito com o secretário de Saúde do Estado, Michele Caputo Neto, acerca da liberação de recursos. “Esperamos que em médio e longo prazo possamos fazer essas ampliações no Hospital Municipal”, aponta.

Com o redirecionamento das gestantes para o Hospital Municipal, o fluxo de atendimento na Unidade de Saúde 24 Horas também tende a diminuir, por isso, a chefe da pasta declara que será realizado um trabalho voltado à reestruturação do local, buscando melhorar ainda mais o atendimento. “Falamos em 30 gestantes mês, mas as mães de primeira viagem, quando estão próximas do parto, acabam buscando mais vezes o atendimento por conta das inseguranças e preocupações acerca do nascimento do filho, então era uma demanda de atendimento considerável que virá para o Hospital Municipal”, comenta.

Rauber menciona, ainda, que um grande desafio para o setor de saúde do município é a pediatria, que precisa de uma atenção especial, além da redução das filas de exames. “Queremos até o fim de 2017 resolver também os problemas no atendimento pediátrico e nas filas para exames, que em algumas especialidades já zeraram, mas em outras ainda precisamos trabalhar bastante e nos organizarmos mais para garantir um atendimento de qualidade para a população”, reconhece o prefeito.

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