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Marechal Intercooperação avícola

Oito meses depois, Chapla avalia parceria com a Lar: “Houve uma boa evolução em muitas coisas”

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Diretor-presidente da Copagril, Ricardo Sílvio Chapla: “O tempo vai se encarregar de dizer porque fizemos essa parceria com a nossa coirmã Lar” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

A Cooperativa Agroindustrial Copagril, de Marechal Cândido Rondon, vive um novo momento em sua trajetória de 51 anos. No fim do ano passado, foi anunciada a intercooperação com a Lar Cooperativa Agroindustrial, na qual esta adquiriu a Unidade de Aves e a fábrica de rações, localizada em Entre Rios do Oeste, ambas de propriedade até então da cooperativa rondonense.

E, agora, a Copagril faz os últimos preparativos para colocar efetivamente em funcionamento o complexo industrial adquirido em leilão, há dois anos, o qual pertencia à Sperafico Agroindustrial.

No complexo, inicialmente, vai começar a operar a indústria de esmagamento de soja. Em uma segunda etapa, começam as atividades da fábrica de rações. Outros dois empreendimentos na estrutura ainda terão suas viabilidades avaliadas.

Em entrevista ao Jornal O Presente, o diretor-presidente da Copagril, Ricardo Sílvio Chapla, falou desta parceria com a Lar e enalteceu que há um sentimento de satisfação diante daquilo que foi feito e das melhorias que já foram proporcionadas.

O dirigente ainda comentou sobre o alto preço das commodities e o aumento no custo dos insumos, avaliando a forma como isso pode impactar em especial dois setores produtivos ligados à Copagril, que é a avicultura e a suinocultura.

Sobre seu futuro dentro da cooperativa rondonense, Chapla deixou a resposta em aberto: “Ainda é cedo para falar”, salientando que não deseja criar especulações. Confira.

 

O Presente (OP): O ano começou com a novidade da intercooperação entre a Copagril e a Lar Cooperativa. Como o senhor avalia essa parceria hoje? Há um sentimento de satisfação?
Ricardo Chapla (RC): Sim. Dentro do que planejamos, discutimos e negociamos, estamos satisfeitos. Está se fazendo aquilo que queríamos, tanto para a Copagril como para a Lar. Houve uma boa evolução em muitas coisas. Ficamos felizes e satisfeitos, porque para nós o que mais interessa é que seja algo bom para o nosso associado. Sabemos que tem até melhorado bem em muitas coisas e ainda tem espaço para melhorar. Estamos muito satisfeitos e tranquilos daquilo que foi feito. Foi feito no sentido pró ativo e positivo, e isso realmente está acontecendo, aquilo que falamos no dia que anunciamos na intercooperação de que o tempo vai se encarregar de dizer porque fizemos essa parceria com a nossa coirmã Lar.

 

OP: Diante do atual cenário, com a cotação das commodities em alta e os valores dos insumos subindo, o senhor acha que a intercooperação veio no momento certo para a Copagril?
RC: Eu acho que sim, porque queira ou não o mundo todo hoje vive dos grandes negócios, é muita escala, e todos sabem que quanto maior a escala melhor para competir em um mercado altamente competitivo. Observamos que dentro do que avaliamos, pensamos e projetamos, é o que está acontecendo. Evidentemente, também, coincidiu com este momento que vivemos. Primeiro, com a pandemia que é um momento ruim para todos. E, segundo, até em função disso (pandemia) a parte da puxada do preço das commodities como um todo, especialmente os cereais. E isso proporciona custos maiores em termos de produção, tanto frango, suíno como o próprio leite. Como um todo, estamos muito tranquilos e até felizes dentro da projeção que tínhamos este ano e das duas coisas que aconteceram, na produção de verão perdemos um pouco em alguns locais mais localizados e a de inverno, com falta de chuva e geada, mas felizmente estamos concluindo a safra.

 

OP: E como está a qualidade da safra?
RC: Fico feliz porque, para surpresa positiva, a qualidade do milho está boa. Em torno de 96% do que a Copagril recebeu até agora a qualidade do milho está boa. Isso é muito bom e dá uma tranquilidade para nós também. E o volume foi além daquilo que esperávamos. Foi muito maior do que projetamos inicialmente depois que ocorreram as geadas. No caso da Copagril, recebemos milho o suficiente no Estado do Paraná para suprir o consumo da cooperativa como um todo para um ano inteiro. Além disso, a Copagril ainda tem milho no Mato Grosso do Sul.

 

OP: O senhor pode revelar qual foi o volume recebido?
RC: Recebemos em torno de 65% do que foi o ano passado, na safrinha, e deu em torno de 55% daquilo que havíamos projetado para este ano. Então dentro disso os números são bons. Queríamos receber quase 6,5 milhões de saca de milho e devemos passar um pouco de 3,5 milhões de saca. Como ainda tem milho do Mato Grosso do Sul é possível que cheguemos a 3,7 milhões de sacas. A Copagril consome em torno de 2,9 milhões a 3 milhões por ano. Dá para um ano e sobra milho.

 

OP: O senhor acha que os preços das commodities estabilizam neste patamar ou pode haver oscilações?
RC: Essa é uma pergunta na qual é difícil ter certeza na resposta. Não temos. As tendências sim, mas nem sempre a tendência se confirma. Em princípio, a tendência não é ter muito recuo de preço, tanto do milho como da soja. Isto pelas análises daquilo que está acontecendo em termos de produção no mundo, não só no Brasil. Também vai depender da parte de clima e como vai se comportar no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. Da safra dos Estados Unidos a colheita está iniciando e está relativamente boa, mas aqui tivemos uma perda. Agora se tiver clima normal, sendo que a projeção é essa, devemos crescer mais um pouco nos cereais no Brasil. O consumo existe e a tendência não é diminuir e, sim, até aumentar. Se elevou a um patamar que vai depender, ainda, da variação cambial. As projeções são de que as cotações fiquem mais ou menos no que estão hoje. Se ficar nisso e dentro do que é projetado para as produções, não há perspectiva de grandes oscilações de preço das commodities, seja para cima ou para baixo.

Ricardo Chapla, em entrevista ao Jornal O Presente: “Precisamos torcer que as economias, especialmente brasileira, possam evoluir e, consequentemente, melhorar um pouco o ganho e oportunizar mais venda de carne” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

OP: O que vai representar na prática essa manutenção dos preços elevados?
RC: Preocupa um pouco na produção, especialmente em duas atividades: frango e suíno. Até que está equilibrado, mas depende da estrutura que cada produção está ligada. Posso falar pela Copagril e pelas cooperativas, pois não sei em relação às outras empresas e o produtor independente. Nós, no nosso sistema, na produção de suínos estamos equilibrados, não estamos com prejuízo. A parte de frango, pelo que temos entendimento e em conversas com nossos colegas presidentes de cooperativas, também está mais ou menos equilibrada. Se continuar assim, no entanto, não haverá grandes lucros nas duas atividades, mas ao menos está se mantendo. Agora precisamos torcer que as economias, especialmente brasileira, possam evoluir e, consequentemente, melhorar um pouco o ganho e oportunizar mais venda de carne. Isso pode melhorar alguma coisa até em termos de remuneração. Enfim, no geral podemos dizer que está equilibrado.

 

OP: A instabilidade política afeta a economia. O senhor vê perspectivas de melhora no setor econômico?
RC: Diria que precisamos acreditar que as coisas vão melhorar, embora se fique um pouco receoso em alguns momentos, porque não é nada bom o que está acontecendo no Brasil em relação à parte política como um todo. Não dá para culpar só um ou outro. Na minha opinião, os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) não estão de acordo como deveria ser. Agora quem é mais culpado ou menos, é difícil dizer. Infelizmente, na parte política, há muitos que só olham para si e não para o todo. Somos da opinião do diálogo, do respeito, mas também da responsabilidade. Alguns parecem que não têm tanta responsabilidade. Esperamos que em Brasília possa haver certa harmonia, porque existem excessos de todos os lados. Não é bom para ninguém.

 

OP: Em termos de projeto pessoal, o senhor tem desejo de permanecer à frente da Copagril ou almeja novos desafios?
RC: Ainda é cedo para falar. Ainda temos um bom tempo para concluir o mandato. Não queremos criar especulações. Pessoalmente, tenho algo em mente, mas é muito cedo para falar.

 

Maria Cristina Kunzler/O Presente

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