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Marechal Christian Netzel

Piloto rondonense comanda voo para levar medicamentos à China, epicentro inicial do coronavírus

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Há uma semana o piloto rondonense comandou um voo dos Emirados Árabes à China para levar medicamentos. Na volta foi examinado, cujo resultou deu negativo para coronavírus (Foto: Divulgação)

O piloto rondonense Christian Netzel, que trabalha em uma empresa aérea nos Emirados Árabes, recentemente passou por uma experiência inusitada: conduzir um avião cargueiro com muitos medicamentos tendo como destino a cidade de Guangzhou, na China, país epicentro inicial do coronavírus.

Em entrevista ao O Presente, ele contou como foi a viagem e detalhou os métodos adotados. “Estou de plantão neste mês e uma semana atrás fui acionado para ir à China, em Guangzhou, em um voo cargueiro levando bastante medicamento, mas não com o avião lotado. Voltando da China o avião estava lotado com outras coisas, como perecíveis e produtos manufaturados. O que impressiona é ver um grande aeroporto na China, onde tudo começou, com três pistas estar totalmente parado. Lá é a base da empresa China Southern Airlines”, expõe. “Os aviões estavam no chão e havia um esquema de guerra. Quando chega primeiro a gente abre a porta, daí entra uma equipe de funcionários do aeroporto ou da Agência Sanitária deles, todos vestidos com aquelas roupas checando nossa temperatura, fazendo mil perguntas, com formulários para preencher, ou seja, realmente um esquema de guerra. Todo mundo usando máscara. Não entro no mérito se funciona ou não, mas dentro do aeroporto é obrigatório e todos usam”, compartilha o piloto.

Conforme ele, os funcionários do aeroporto, que no Brasil equivalem à Polícia Federal, checam os passaportes e todos esses profissionais estão superprotegidos com capacete, viseira, máscara e luva. “Até sair do aeroporto acho que checaram a minha temperatura umas cinco vezes. Ao chegar no hotel, ainda na porta, já checaram minha temperatura. Você faz check-in e no elevador checam sua temperatura e vão anotando, de manhã levanta para tomar café e nos pouquíssimos restaurantes abertos vai ter alguém para checar a sua temperatura também”, comenta.

Netzel declara que agora as coisas estão começando a voltar ao normal na China, segundo informações que obteve com pessoas de lá. “Mesmo assim, dentro do hotel onde estive hospedado, por exemplo, restaurantes, academia e piscina estão fechados. Pouca coisa funciona para evitar ao máximo a aglomeração de pessoas. Poucos restaurantes estão abertos na rua e só abrem porque a prefeitura acabou de aliviar a restrição”, destaca.

 

EXAMINADO

Pelo fato de ter ido à China a trabalho, assim que retornou aos Emirados Árabes o rondonense foi submetido ao exame do coronavírus. “Quando voltei da China a Dubai fui obrigado a fazer o teste, que graças a Deus deu negativo”, expõe, aliviado. “É uma situação difícil, a gente não sabe qual vai ser o estrago final de tudo isso”, pondera.

Netzel cita que em termos de aviação civil a interpretação é de que as companhias que não estão bem podem cair. “Mas como é algo novo para todo mundo fica difícil ter certeza”, analisa.

 

Piloto rondonense Christian Netzel: “Quando cheguei à China, uma equipe de funcionários do aeroporto ou da Agência Sanitária checou a minha temperatura, fez mil perguntas, com formulários para preencher, ou seja, é realmente um esquema de guerra”

 

VOOS CANCELADOS

Segundo o piloto, as companhias aéreas cancelaram muitos voos. “Não por iniciativa própria, mas porque os países para onde voamos fecharam as fronteiras e não querem que ninguém entre lá. Como a gente faz conexão e muitos passageiros que vêm da Ásia pousam em Dubai, onde as pessoas são redistribuídas aos destinos finais, há uma preocupação dos outros países de que a gente acabe trazendo essas pessoas infectadas para dentro dos países deles”, pontua.

Netzel ressalta que de sábado (14) até segunda-feira (16) o Marrocos foi fechado, assim como a Polônia. “Destinos na Arábia Saudita estão fechados e no Paquistão, além da Itália e assim vai. Está bem esquisito, ninguém sabe ainda o tamanho do estrago que esse vírus faz, mas todo mundo anda cauteloso. Ninguém sabe até onde isso vai dar e quando as coisas vão se resolver. A princípio os voos estão cancelados e os comissários que estavam escalados para fazer aqueles voos ficam de folga e assim por diante”, menciona.

 

CIDADES FECHADAS

O rondonense diz que as praias de Abu Dhabi, após serem fechadas, agora estão sendo reabertas. “Aqui em Dubai está um pouco mais tranquilo, ainda assim as academias estão fechadas, esportes foram cancelados, piscinas de hotéis e bares estão fechados e é aplicada multa para quem for pego abrindo algum estabelecimento. Estamos vendo no que vai dar”, emenda.

Segundo ele, o Catar vive situação bastante parecida quando comparado aos Emirados Árabes. “Um colega, não daqui (dos Emirados Árabes), aparentemente está com o coronavírus. Ele foi testado, deu positivo e segue em isolamento forçado no hospital”, conclui.

 

O Presente

 

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