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Marechal Maternidade

Pré-natal: sinônimo de saúde para mãe e bebê

Consultas mensais e realização de exames para verificar as condições da mãe e do bebê, além de acompanhamento odontológico durante a gravidez, são essenciais para antever problemas no desenvolvimento do feto e parto prematuro

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Edisonia Sales Zimmermann, que espera pela chegada do terceiro filho. (Foto: Mirely Weirich/OP)

Um parto realizado no último fim de semana, em Marechal Cândido Rondon, causou surpresa em médicos, profissionais da área da saúde, comunidade e, principalmente, em futuras mamães e papais do município: uma gestante deu à luz a gêmeos, porém, esperava pela chegada de apenas um filho. Apesar de inusitado até mesmo para a família da mulher, tanto a mãe quanto os recém-nascidos passam bem.

O fato, no entanto, chama a atenção para uma importante atitude a ser tomada pelos casais gestantes assim que descobrem que estão esperando por um filho: o acompanhamento pré-natal, que não foi realizado pela mãe dos recém-nascidos. O pré-natal consiste na assistência prestada por médicos e enfermeiros à gestante durante os nove meses de gravidez, a fim de melhorar e evitar problemas para a mãe e à criança nesse período e no momento do parto.

De acordo com o ginecologista e obstetra Cleyton Sampaio, que atua no Hospital Municipal Dr. Cruzatti, os riscos tanto para a saúde da mãe quanto do bebê nos casos em que o acompanhamento não é realizado são inúmeros, como a possibilidade de a criança nascer com malformações e até mesmo retardo mental, que ocorre quando a gestante possui sífilis, uma doença de alta ocorrência em todo o Brasil. “Se a gestante faz um exame simples de sangue para verificar se tem a doença, o tratamento é muito simples. Além de zelar pela própria saúde, ela impede que o bebê tenha malformações graves e até mesmo outras doenças, como a toxoplasmose ou HIV”, expõe o especialista. Se a gestante descobre que é soropositiva nos exames pré-natais, diz o médico, durante o parto são utilizadas medicações para evitar que o recém-nascido contraia o vírus. “Se não utilizamos essa medicação, na maioria dos casos o bebê vai contrair o vírus. Com exames básicos a mãe evita que o filho nasça com HIV”, pontua.

 

Fundamental

Edisonia Sales Zimmermann está prestes a conhecer o terceiro filho. Ela, que está no 7º mês de gestação do novo integrante da família, descobriu a gravidez logo na 4ª semana e, desde então, faz o acompanhamento pré-natal com todos os exames e consultas solicitadas pelo médico. “Todo mês vou ao ginecologista, fiz todos os exames de sangue necessários, todas as ultrassons que o médico solicitou durante o desenvolvimento do meu bebê e vejo que esse acompanhamento é fundamental tanto para a saúde dele quanto para a minha”, destaca a rondonense.

Por acompanhar mensalmente o crescimento do filho, Edisonia já sabe que a gestação está transcorrendo normalmente e que o parto do terceiro filho não deverá ter complicações. “Acho inadmissível para uma mãe não se preocupar em realizar ao menos uma consulta, os exames básicos e uma ultrassom para ver como está o seu bebê, até porque tudo isso é oferecido gratuitamente aqui no município, nos postos de saúde. É um descuido que pode custar tanto a vida dela quanto a do filho. Não tem porque não fazer”, critica.

 

Complicações

Doenças como pressão alta e diabetes, que segundo Sampaio são patologias que acometem e levam à morte muitas mulheres no país, bem como alguns tipos de hemorragia, também são possíveis de fazer o diagnóstico por meio de exames realizados no acompanhamento pré-natal. “São inúmeras doenças tanto no bebê quanto na mãe que você pode evitar com simples exames de pré-natal”, reforça.

Ultrassons que são realizados no acompanhamento da gestante também constatam a idade gestacional e a posição do bebê, que possibilita ter um parto mais programado. “Algumas pessoas podem achar que esse acompanhamento é uma besteira, porém o pré-natal é fundamental porque mesmo com ele completo, podem ocorrer intercorrências ou até fatalidades durante o parto, então imagine se a gestante não tem o pré-natal completo?”, questiona o médico.

 

Tudo gratuito

Não possuir condições financeiras ou convênio médico não são desculpas para deixar o pré-natal de lado. Em Marechal Rondon, assim como em diversos outros municípios, o acompanhamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), onde tanto as consultas quanto os exames são feitos gratuitamente.

Segundo a coordenadora da Atenção Básica da Secretaria de Saúde, Andreia Guissardi, a linha guia da Rede Mãe Paranaense preconiza que cada gestante realize no mínimo sete consultas. No município rondonense, entretanto, muitas gestantes realizam até mais do que isso, já que a Secretaria de Saúde procura orientar as futuras mamães para que busquem atendimento assim que descobrem a gravidez. “Hoje estamos com os testes rápidos de gravidez nas Unidades Básicas de Saúde, então uma paciente que está com um atraso menstrual e suspeita de gravidez, vai até a unidade e pede para realizar o teste. Identificando que é uma gestação, a paciente já começa o pré-natal na própria unidade, porque o objetivo da Rede Mãe Paranaense é que as gestantes iniciem o pré-natal antes das 12 semanas, sendo que nós buscamos atendê-las ainda antes desse período”, explica.

Além das consultas, Andreia explica que a gestante passa por uma série de exames trimestralmente até o nascimento do filho. “No primeiro trimestre, por exemplo, são feitos testes rápidos de HIV, sífilis, hepatite B e C e é também importante que o parceiro realize esses exames para evitar alguma contaminação para a gestante”, informa.

Outros exames que estão listados são de toxoplasmose, urucultura e antibiograma, glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, dentre outros, bem como ultrassons, as quais têm objetivo de verificar a localização do feto para identificar se a gestação não é ectópica ou se o feto não está localizado nas trompas, se há alguma malformação, além do crescimento e evolução do bebê. “Nas consultas mensais são verificadas a altura uterina e crescimento uterino, se estão de acordo com o padrão gestacional, além do peso da gestante, se está alto, baixo ou dentro do preconizado”, diz.

O objetivo deste acompanhamento é também preparar a mãe e a família para a chegada do bebê, com orientações sobre cuidados com o recém-nascido, aleitamento, nutrição do bebê e da gestante, prática de atividades físicas durante a gravidez, preparo das mamas para amamentação, hidratação, ingestão de água, entre outros aspectos. “O pré-natal odontológico também é feito para todas as gestantes por meio do SUS e é de extrema importância o acompanhamento com dentista, já que foi comprovado que doenças bucais, cáries ou doenças gengivais podem ocasionar o parto prematuro”, enfatiza Andreia.

 

Onde fazer o pré-natal?

Para as gestantes rondonenses, o pré-natal é realizado de acordo com o local em que residem, nas Estratégias Saúde da Família dos bairros Augusto, Primavera, Alvorada, Líder, Marechal, São Lucas, Vila Gaúcha, Porto Mendes, Margarida e também na Unidade de Saúde do Bairro Botafogo. “Nessas unidades são acompanhadas as gestantes de risco habitual e intermediário. Aquelas que estão passando por uma gestação de alto risco fazem o acompanhamento na sua unidade, porém mensalmente devem fazer consultas com um ginecologista obstetra na Clínica da Mulher e da Criança”, pontua Andreia.

As gestantes consideradas de alto risco são aquelas que possuem hipertensão arterial, diabetes, fumantes, cardiopatas, que possuem doenças autoimunes, obesidade, depressão grave, entre outras patologias. Para as moradoras dos demais bairros, como a região central da cidade, distritos e localidades do interior do município, o acompanhamento do pré-natal ocorre na Clínica da Mulher e da Criança, localizada na Praça Willy Barth, ao lado da prefeitura. O telefone para contato é (45) 3254-7965.

Coordenadora da Atenção Básica da Secretaria de Saúde, Andreia Guissardi: “No primeiro trimestre, por exemplo, são feitos testes rápidos de HIV, sífi lis, hepatite B e C e é também importante que o parceiro realize esses exames para evitar alguma contaminação para a gestante” (Foto: Mirely Weirich/OP)

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