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Marechal Reajustes em sequência

Preço do gás de cozinha volta ao patamar do 1° semestre do ano passado; botijão custa em média R$ 90 em Marechal Rondon

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(Foto: Divulgação)

Item indispensável na maioria das residências brasileiras, o gás de cozinha se tornou um dos vilões no orçamento da maioria das famílias, em especial as de baixa renda.

Desde maio de 2020, o botijão de 13 quilos teve cinco aumentos, todos acima da inflação, e o desemprego, associado à crise econômica que o país atravessa por influência da pandemia de Covid-19, fez o custo do gás se tornar um sério problema em milhares de casas em todo o país.

Mesmo com a isenção das alíquotas dos preços do gás liquefeito de petróleo (GLP) e do diesel, determinada pelo governo federal durante os meses de abril e maio, a redução significou muito pouco no bolso dos consumidores.

Este ano o preço do botijão sofreu cinco aumentos. Um em janeiro, outro em fevereiro e o terceiro em março. Em abril foram mais dois reajustes anunciados pela Petrobras e o acumulado para o período foi de 22,7%.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), atualmente, o menor preço do botijão no Brasil é de R$ 64,99 e o maior é de R$ 120, com preço médio de R$ 85,27.

No Paraná, em 12 meses o botijão subiu quase 23%. O preço médio para o consumidor em março de 2020 era de R$ 71,42 e no mesmo mês deste ano o valor do botijão chegou a R$ 87,74 em média, elevação de 22,85%.

Atualmente, o preço mínimo do botijão de 13 quilos é de R$ 85 e o valor mais alto praticado na região é de R$ 95, com preço médio de R$ 89,83, segundo o último levantamento semanal da ANP.

Brasil é o país que mais produz gás liquefeito de petróleo (GLP) na América do Sul e Central. Atualmente, variantes externas como o dólar e a cotação do petróleo determinam o preço do gás de cozinha no Brasil (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Preços em Marechal Rondon

Em Marechal Cândido Rondon os preços são semelhantes, e o valor apresenta variação média de R$ 5 entre as revendedoras. Hoje, o gás custa R$ 90 para a entrega e R$ 85 para retirar no local de venda, mas em algumas revendas o botijão está sendo vendido por até R$ 100. No mesmo período do ano passado o botijão custava R$ 70 para retirar e R$ 75 com a taxa de entrega, 20% a menos que este ano.

Os preços praticados atualmente em Marechal Rondon são os mesmos de janeiro deste ano e a baixa registrada no primeiro semestre do ano passado foi por conta da concorrência que forçou a queda, diminuição essa que não se manteve ao longo do ano.

 

Dificuldade

Na casa do rondonense Nelson Fernandes, no Bairro São Lucas, onde moram ele, a esposa e as duas filhas do casal, um botijão costuma durar cerca de um mês e ultimamente a família não está conseguindo pagar à vista pelo produto. “Compro pra 30 dias. Tem vezes que até dura mais tempo, depende de quando recebo”, comenta.

Ele explica que trabalha com colocação de pisos e depende do clima para receber. “Quando chove não tem como trabalhar e a gente não recebe”, menciona.

Rondonense Nelson Fernandes: “O preço do gás afeta o orçamento aqui em casa. Se diminuísse um pouco já ajudava” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Problema social

De acordo com o professor de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Flávio Braga de Almeida Gabriel, o peso do preço do gás para o bolso das famílias de baixa renda se tornou um problema social. Segundo ele, isso acontece porque os alimentos são os maiores componentes da cesta de bens adquiridos pela população mais pobre e esses itens tiveram aumento significativo nos últimos 12 meses.

No comparativo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 8,06% nos últimos 12 meses (considerando a renda de indivíduos de até 40 salários-mínimos), com o Índice de Preços ao Consumidor (INPC) (considerando a renda de indivíduos de até cinco salários-mínimos), que foi de 8,9% no mesmo período, fica evidente que a inflação para os mais pobres foi maior.

Para o economista, o principal motivo que ocasiona o aumento do preço do botijão de gás para o consumidor final é a política de preços adotada pela Petrobras, com o aval do governo federal. As refinarias acompanham as cotações internacionais do petróleo e gás, que, por sua vez, estão cotadas em dólar. “Com a desvalorização do real frente ao dólar, está posto à sociedade, principalmente às famílias mais pobres, um cenário nada animador ao que se refere o preço do botijão de gás em 2021”, comenta.

Professor de Economia da Unioeste, Flávio Braga de Almeida Gabriel: “As oscilações sobre o valor do preço do gás serão cada vez mais constantes. Não devemos esperar redução no preço do botijão de gás este ano” (Foto: Arquivo pessoal)

 

Oscilações constantes

Braga explica que a política de preços da Petrobras, acompanhada pela não existência de subsídios governamentais para a redução do preço do botijão de gás, fará com que essas oscilações nos preços continuem constantes e dependentes do preço do produto no mercado internacional.

Ele lembra que em 2019 houve o fim do subsídio cruzado que era dado pela Petrobras desde 2003 para o gás envasado em botijões de 13 quilos, o mais comum nas residências brasileiras. “É de extrema importância que haja a retomada de subsídios para a compra do botijão de gás, principalmente para as populações mais pobres”, opina.

 

Menos compras à vista

O empresário Neco Kist, proprietário de uma revenda de gás de cozinha em Marechal Rondon, conta que desde início da pandemia alguns clientes estão tendo dificuldade para comprar o produto. “Já presenciei uma família fazendo comida de forma improvisada, com lenha, porque não tinha dinheiro para comprar gás”, relata.

Segundo ele, nos últimos meses diminuiu a quantidade de pessoas que compram o produto à vista. “Vendemos no cartão de crédito pelo mesmo preço da entrega e no cheque para 40 dias”, comenta.

Neco Kist, proprietário de uma revenda de gás: “Nunca pensamos na concorrência e sim no valor justo ao consumidor” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

Lei pode baratear o gás

A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou em primeiro turno, nesta semana, proposta que pode reduzir o preço do gás de cozinha em até 20%. O projeto de lei 188/2021, assinado pelos deputados Ademar Traiano, Delegado Francischini e Hussein Bakri permite ao consumidor efetuar a compra do gás de cozinha de qualquer marca, independente daquela estampada no botijão.

O texto estabelece que, em todo o estado do Paraná, o titular da marca inscrita em vasilhame ou embalagem reutilizável, não poderá impedir a livre circulação do produto ou reutilização do recipiente, ainda que por empresa concorrente, ou criar, por meio de marca, vínculo artificial com o consumidor de maneira a impedir a plena liberdade de adquirir produto de sua escolha.

A iniciativa já é lei em alguns estados, como o Espirito Santo e o Rio de Janeiro e também há um entendimento do STF de que as leis estaduais são constitucionais.

(Arte: O Presente)

 

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