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Marechal

Procura por vacina contra HPV em baixa

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Joni Lang/OP
Meta é de que 842 meninos tomem a primeira dose da vacina neste ano em Marechal Rondon, mas apenas 59 foram imunizados nos postos de saúde. Desconhecimento e medo estão entre as causas

É baixa a adesão dos rondonenses à vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). A aplicação das doses em meninas de nove a 14 anos e de meninos de 12 e 13 anos foi iniciada no dia 10 de janeiro no município, contudo os índices até o momento estão longe de serem considerados satisfatórios.

A grande novidade por parte do Ministério da Saúde neste ano é que a vacinação foi estendida para o público masculino. O objetivo é proteger os meninos contra doenças ligadas ao HPV, caso dos cânceres de pênis, garganta e ânus. Já no público feminino a meta é prevenir contra o câncer de colo do útero, vaginal, vulva e anal, assim como de lesões, verrugas genitais e infecções.

De acordo com a responsável técnica pelas vacinas no município, técnica em enfermagem Carla Trentini, a procura segue baixa. A nossa expectativa é imunizar 842 meninos na faixa etária de 12 e 13 anos, porém até o momento foram vacinados 59. Com relação às meninas, a procura também se mantém baixa, com 43 vacinas, seja na primeira ou segunda dose. Muitas aplicam a primeira, mas não voltam para se vacinar na segunda dose. Nós esperamos que esses números melhorem, que os pais se conscientizem e tragam seus filhos para se vacinar para prevenir as doenças decorrentes e prevenir o público feminino dos altos índices de câncer de colo do útero, ressalta.

Carla alerta sobre a importância dos pais levarem seus filhos para serem vacinados na Unidade de Saúde 24 Horas, assim como nos postos de saúde dos bairros e distritos. Segundo ela, estudos dão conta de que os meninos iniciam a vida sexual antes das meninas, por isso a inclusão desses no roteiro de vacinação contra o HPV.

O objetivo é defender meninos e meninas ainda antes do início da vida sexual, período no qual podem ter contato com o vírus. Todos os postos de saúde estão com vacinas disponíveis, portanto as pessoas não precisam se deslocar apenas à Unidade de Saúde 24 Horas. Elas podem procurar em todos os postos da cidade e do interior. Além do mais, neste momento quem for vacinado pode passar a informação adiante para que familiares e vizinhos também se dirijam aos postos e fiquem protegidos, ressalta.

 

Preocupação

Conforme Carla, a baixa adesão à vacina tem gerado preocupação nas autoridades. Ela entende que o desconhecimento e o medo estariam afastando os meninos da imunização, assim como as meninas de tomarem a segunda dose. Muitos pais têm medo porque não conhecem muito bem a vacina e não sabem, em alguns casos, os benefícios que ela proporciona. Dessa forma, os seus filhos e filhas não são imunizados, ou então as meninas não retornam para tomar a segunda dose, diz.

O receio pode ser estar atrelado ao pensamento de que através da vacinação haveria um estímulo ao início da vida sexual, quando na verdade, enaltece Carla, isso é um equívoco. É melhor defender antes do início da vida sexual. A vacina não mata, previne. Já o câncer de colo do útero, esse sim pode matar. Fica o alerta de que é melhor vacinar para prevenir do que não vacinar e depois uma jovem ter câncer de colo do útero ou então o rapaz ter outras doenças ou passar o vírus adiante, salienta.

A técnica em enfermagem reforça o objetivo de atingir a meta estipulada de vacinação, por isso o aviso para que mães e pais tragam seus filhos para serem imunizados. O público-alvo que estiver prevenido não precisará tratar doenças causadas pelo HPV no futuro, expõe, acrescentando que a vacina é uma rotina, portanto sempre estará disponível no calendário nacional.

Em Marechal Rondon, a dose para meninos e a primeira e segunda doses para meninas é aplicada nos postos de saúde da Unidade de Saúde 24 Horas, Jardim Marechal, Jardim Líder, Bairro Primavera, Alvorada, Vila Gaúcha, São Lucas, Augusto e nos distritos. Na Unidade de Saúde 24 Horas o atendimento é de segunda a sexta-feira, das 08 às 18 horas sem interrupção ao meio-dia. Já nos postos de saúde dos bairros e do interior as vacinas são aplicadas das 07h30 às 11h30 e das 13 às 17 horas, também de segunda a sexta-feira. A vacina contra o HPV é gratuita via Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos de saúde, enquanto na rede particular é cobrada.

 

Altamente contagioso

O HPV é altamente contagioso. A transmissão é feita por contato com pele ou mucosa infectada, sendo a principal forma de contaminação por meio de relação sexual, mas o vírus também pode ser transmitido de mãe para filho no momento do parto.

A vacina contra o HPV tem maior eficácia na proteção de mulheres e homens que ainda não iniciaram a vida sexual e, portanto, ainda não tiveram contato com o vírus. Além disso, a vacina é quadrivalente, pois imuniza contra o HPV tipos 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo mundo, e os tipos 6 e 11, causadores das lesões anogenitais em cerca de 90% dos casos. A vacina é segura e tem o aval da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Apenas 47% das meninas se vacinaram no Paraná

No Paraná a procura pelas vacinas também é baixa. A campanha abrange meninas de nove a 14 anos e meninos de 12 e 13 anos, além de jovens de nove a 26 anos que vivem com HIV/Aids. Nas meninas e nos meninos, o intervalo é de seis meses entre primeira e segunda dose. Para quem vive com HIV o intervalo é de dois e seis meses entre cada dose, totalizando três aplicações.

Com a vacina, as chances de reduzir o número de casos de doenças causadas pelo HPV nas futuras gerações são grandes. Para isso, precisamos de maior adesão à campanha e garantir que a meta de vacinar pelo menos 80% do público-alvo seja cumprida, destaca a chefe do Centro Estadual de Epidemiologia, Júlia Cordellini.

Em 2015, o Paraná registrou 333 mortes devido ao câncer de colo do útero. Em 2016, apenas 47% das meninas se vacinaram do Paraná. Dessas, somente 19% retornaram para a segunda dose. No total, 82.037 pessoas do sexo feminino faziam parte do público-alvo.

A chefe da Epidemiologia ressalta que a vacina é reconhecida internacionalmente. A vacina estimula a produção de anticorpos específicos para os quatro tipos do HPV que circulam no Brasil. Ela é segura e eficaz. Nas aplicações só registramos efeitos colaterais leves e breves, como dor no local da injeção e dor de cabeça. Isso demonstra que não há razão para se preocupar, reforça.

 

Meningo C

Outra vacina que está disponível é a Meningo C, que protege contra a meningite. Estão sendo vacinados meninos e meninas entre 12 e 13 anos de idade. O objetivo é aplicar a dose em 1.550 pessoas, das quais 764 com 12 anos e 786 de 13 anos. A meningite é uma inflamação das meninges que envolvem a membrana do cérebro.

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