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Marechal FOCO NA INFÂNCIA

Projeto Universidade da Criança será lançado hoje em Marechal Rondon

Ação surge como um desdobramento do Marco Legal da Primeira Infância, que dispõe sobre as políticas públicas de atendimento às crianças. Cerimônia acontece na Acimacar, a partir das 19h30

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Integrantes do grupo gestor do projeto, Aline Juliane Breunig, Angelica Cristina Henick e Marta Schumacher: “A ideia central é contribuir para a criação de uma cultura de cuidados das nossas crianças” (Foto: O Presente)

Imagine você entrando em um mundo desconhecido, onde todo som, cor, cheiro e sabor é uma novidade. Seus olhos e ouvidos absorvem o que as pessoas fazem e dizem. Você quer tocar, observar, sentir, explorar o ambiente e cada mínimo detalhe aguça sua curiosidade. Natural que esse primeiro impacto tenha fugido à sua memória, mas esteja certo de que é mais ou menos essa a perspectiva de um bebê, do momento em que nasce até completar seis anos de vida. Essa etapa, batizada de primeira infância, é pura descoberta e aprendizado.

Porém, além da aprendizagem, é também uma fase em que a criança se encontra em sua forma mais vulnerável e frágil, necessitando de cuidados que garantam seu desenvolvimento saudável.

É necessário, portanto, que pais, mães e toda a sociedade entendam melhor a importância dessa fase da vida das crianças e aprendam como estimular e acolher, proporcionando a elas as melhores condições possíveis para se desenvolverem. E é assim, com esse objetivo, que surge o projeto Universidade da Criança.

De autoria da deputada Leandre Dal Ponte (PV-PR), o projeto foi apresentado às entidades rondonenses em abril deste ano e, hoje (08), às 19h30, terá seu lançamento oficial, junto ao auditório da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon (Acimacar).

 

Foco na infância

A Universidade da Criança surge como um desdobramento do Marco Legal da Primeira Infância (lei federal 13.257/2016), que dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8.069/1990), do Código de Processo Penal (lei 3.689/1941), da CLT (decreto-lei 5.452/1943), da lei 11.770/2008 (programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação de licença-maternidade mediante incentivo fiscal) e da lei 12.662/2012, que assegura validade nacional à Declaração de Nascido Vivo (DNV).

Segundo integrantes do grupo gestor, Marta Schumacher, Angelica Cristina Henick e Aline Juliane Breunig, o projeto é destinado a toda sociedade civil organizada, com o objetivo de que todos estudem todo o processo e compreendam o desenvolvimento da criança na primeira infância. “A ideia central é contribuir para a criação de uma cultura de cuidados das nossas crianças”, destaca Marta, acrescentando: “O cuidado aqui tem um significado muito mais amplo do que aquele que nos vem à cabeça. Muitas vezes, se entende por cuidar de uma criança a questão do proteger para que ela não caia, não se machuque, esteja segura, com saúde, educação, alimentação, bem-estar, mas vai muito além disso. Se trata também de afastar essa criança de situações e pessoas violentas”.

De acordo com elas, o projeto nasceu como uma forma de colocar a lei em prática e, desde que foi apresentado no município, trabalhos de sensibilização da comunidade entre os diversos setores, instituições e Poder Público vinham sendo realizados. “Precisamos do apoio deles e sabemos que há vários projetos em andamento e não queremos intervir, mas apoiar e caminhar junto com o que já vem sendo realizado e intensificar aonde se percebe alguma dificuldade para que nossas crianças tenham um desenvolvimento pleno e garantido”, salientam.

As integrantes do grupo gestor também reiteram que isso garante a construção de geração futura mais saudável, equilibrada e que contribua com o desenvolvimento do município. “Queremos que outras cidades da região também adotem o projeto, porque as famílias e crianças migram de uma cidade para outra. Se os municípios vizinhos não terem o mesmo trabalho, talvez não consigamos atingir aquilo que é possível em nossa região em termos de desenvolvimento infantil”, destacam.

Por conta disso, o grupo pede para que lideranças ou pessoas interessadas pela primeira infância venham conhecer o projeto para começar uma mobilização e levar a proposta para outras cidades. “Fazemos questão de compartilhar o que já aprendemos. Ainda estamos começando e tomando conhecimento de todo o trabalho a ser feito, que vai se abrir em um leque de ações muito grandes, mas para isso precisamos de pessoas”, enaltecem.

Com a evolução do projeto, a ideia final é a criação de uma política pública da primeira infância para o município. “O objetivo é que assim possamos garantir que esse trabalho tenha continuidade”, ressaltam.

 

Princípios do projeto

Embora o projeto tenha como foco a criança, o grupo também destaca a importância de se trabalhar com os adultos, para que estes cuidem melhor das crianças. “As políticas para a primeira infância têm que ter as crianças como sujeito e não como objeto das ações. São os direitos delas que têm que ser atendidos. São as necessidades delas que devem ser satisfeitas. Não é rara a existência de certos programas e ações que objetivam resolver os problemas e desejos dos adultos em prejuízo das crianças atendidas”, comenta Angelica.

Além disso, as integrantes reforçam o fato de a primeira infância ser um momento muito decisivo na construção do indivíduo. “Assim como podem ficar coisas boas, também há as ruins. Conforme os pais estão sensibilizados, orientados, maduros, equilibrados e afetivos, teremos adultos com uma capacidade social, emocional e profissional muito melhor”, expõe Marta.

Elas também enfatizam a preocupação com a parte estruturante da infância. “Em detrimento a todos os problemas que ouvimos nas escolas, a dificuldade encontrada pelos professores, a própria violência na sociedade e outras coisas que vêm acontecendo mostram que alguma coisa precisa ser feita. E se nós, adultos, não fizermos, quem vai fazer? Estamos abraçados nessa causa pela nossa própria sociedade”, afirmam.

 

Planejamento de ações

A partir do momento em que o projeto foi apresentado no município, os membros do grupo gestor, que é constituído por diversas pessoas dos mais variados segmentos, se reuniram por diversas vezes para conhecer o Marco Legal da Primeira Infância. Agora, o caminho é continuar reunindo as pessoas que tenham interesse no projeto e dialogar com cada setor e instituição trazendo para o debate o seu olhar, suas experiências e conhecimentos. “E juntos reunir ideias, que articuladas em um conjunto harmônico vão desenhar essa política integrada que estamos buscando”, frisa Marta, emendando: “É como a montagem de um grande quebra-cabeça. Cada peça tem seu lugar e função necessária para completar a imagem”.

Para isso e visando dar visibilidade o projeto no município, algumas ações já estão sendo planejadas. “São ações direcionadas à parte do brincar e o fortalecimento dos laços entre as famílias. Outra questão vai ser trabalhar essa sensibilização diretamente com os pais nas escolas e Cmeis, por meio do filme ‘O começo da vida’, por exemplo, que mostra a importância da presença dos pais no desenvolvimento dos filhos”, revela Angelica.

O grupo pretende também trabalhar com ações direcionadas aos pais dentro das próprias empresas que se engajarem no processo.

Da mesma forma, ações nas comunidades estão sendo discutidas. “Depois de trabalhar o filme nas comunidades, há um roteiro de reflexão, fazendo um processamento adequado, para que as pessoas absorvam a ideia central”, comenta Marta.

A frente de trabalho foi até o momento dividida em sete grupos. Há aqueles que trabalharam nas empresas, outros na escola, na área da saúde e assim por diante. “Paralelo a isso, vamos continuar estudando para estarmos sempre mais preparados e com engajamento de mais pessoas para fortalecer o grupo”, finalizam.

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