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Marechal Levantamento

Público masculino corresponde a 42,6% dos atendimentos de saúde em Marechal Rondon

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Secretária de Saúde de Marechal Rondon, Marciane Specht: “Com relação aos atendimentos de saúde, conforme a criança vai crescendo, se tornando adolescente e jovem, esses cuidados tendem a diminuir, inclusive pelos tabus que ainda existem” (Foto: Divulgação)

Desatenção à saúde preventiva dos homens tem origens culturais. Campanhas visam quebrar tabus e oferecer atendimentos, prevenindo doenças e garantindo melhor qualidade de vida

 

Com foco na saúde do homem, as campanhas de Novembro Azul mobilizaram profissionais de saúde e munícipes de Marechal Cândido Rondon. Neste ano, o tema escolhido foi “Homens: sua saúde é a sua prioridade!”.

Os esforços buscam conscientizar o público-alvo sobre a importância dos cuidados com a saúde, sabendo que, historicamente, os homens têm buscado menos atendimento. “Em 2021, foram computados 124.889 atendimentos para o sexo feminino e, em contrapartida, apenas 92.772 atendimentos para o sexo masculino em Marechal Rondon. Isso representa um percentual de 42,6% de atendimentos ao público masculino”, declarou, ao Jornal O Presente, a secretária de Saúde, Marciane Specht.

Segundo ela, constata-se uma redução em atendimentos no público masculino a partir dos 12 anos, ao contrário do público feminino. “Os homens, em sua maioria, têm procurado atendimento médico quando as situações deixam de ser conduzidas na esfera prevenção e já necessitam de tratamento imediato”, lamenta.

Em entrevista ao O Presente, Marciane fez um levantamento acerca da saúde do homem rondonense e uma avaliação do Novembro Azul. Confira.

 

O Presente (OP): Em novembro a campanha Novembro Azul, em prol da saúde do homem, tornou-se pauta. Qual é a importância de trabalhar esse tema?

Marciane Specht (MS): O tema escolhido para este ano foi “Homens: sua saúde é a sua prioridade!”. Historicamente, os homens buscam menos os serviços de saúde para se cuidar e prevenir doenças, deixando essa tarefa, muitas vezes, no fim da lista de prioridades. O foco da campanha é chamar a população masculina para uma reflexão de que a saúde e o cuidado com ela deve ser prioridade na vida. Mesmo sabendo da correria desenfreada que todos nós vivemos ao longo dos anos, não podemos deixar de lado as ações e atitudes individuais que fazem a diferença nas nossas vidas. Ao longo da vida, em especial quando chegamos na melhor idade, sentiremos que alguns hábitos durante a nossa caminhada farão grande diferença na velhice. Ter uma boa alimentação, praticar atividades físicas e ter consultas periódicas farão uma grande diferença nas nossas vidas e das nossas famílias.

 

OP: Na realidade de Marechal Rondon, em que esse público masculino se diferencia dos demais em relação à busca por atendimento de saúde? Não procuram atendimento ou só vão às unidades quando o caso já é grave? Há um cuidado com a saúde preventiva?

MS: Observamos que em Marechal Rondon ainda existe a questão cultural masculina atrelada à busca por atendimentos, principalmente preventivos. Ao longo dos anos, os homens, em sua maioria, têm procurado atendimento médico quando as situações deixam de ser conduzidas na esfera da prevenção e já necessitam de tratamento imediato. Em algumas situações já não há como tomar medicamentos e o acompanhamento passa a ser da doença implantada, por vezes casos graves, de difícil resolução.

 

OP: Em comparação às mulheres rondonenses, a procura de homens por atendimento de saúde é menor em que percentual?

MS: Esse dado é demonstrado na busca por atendimentos na rede pública de saúde, o que corrobora com as informações que culturalmente temos conhecimento e apontam para a necessidade de abordar esse público com maior intensidade. Para que as ações sejam mais eficientes e eficazes é preciso envolver a família nas atividades, conscientizando esposas e filhos para que acompanhem as situações de saúde de seus pais e avós. Em 2021, através dos dados de atendimentos até o dia 26 de novembro, foram computados 124.889 atendimentos para o sexo feminino e, em contrapartida, apenas 92.772 atendimentos para o sexo masculino. Isso representa um percentual de 42,6% de atendimento ao público masculino.

 

OP: A que se deve, no seu entendimento, a “falta” de cuidado com a saúde por parte dos homens? É uma questão cultural a ser desconstruída?

MS: No meu entendimento, e também a partir de muitos estudos, a falta de cuidado com a saúde por parte dos homens está diretamente relacionada com questões culturais. A associação entre “cuidar e cuidado” sempre esteve atrelado ao sujeito feminino no imaginário social, além de questões relacionadas ao trabalho. Também, por este motivo, a campanha Novembro Azul é voltada ao atendimento dos homens dentro das empresas do município. É gratificante contribuir com os homens de Marechal Rondon, levando mais informações diretamente para o local de trabalho deles, demostrando a importância de se cuidar, apresentar dados sobre o cuidado com sua saúde, dar acesso a exames que em outros momentos esse público não procuraria, promovendo palestras e outras ações.

 

OP: Existe uma faixa etária do público masculino que menos se atenta à própria saúde em Marechal Rondon? Considerando que meninos e adolescentes são encaminhados, frequentemente, junto aos responsáveis nos atendimentos médicos, quando essa tendência de não cuidado com a própria saúde começa?

MS: Na saúde pública, o público que menos busca atendimento são adolescentes e jovens. Por isso precisamos de uma abordagem mais ampla do tema voltado à saúde destes públicos e uma reflexão sobre as políticas públicas na área de saúde e os direitos conquistados ao longo dos anos. No censo de 2010, na faixa etária de dez a 24 anos, eram 50 milhões de pessoas, isso representava 26,9% da população brasileira. Vale lembrar que há definições divergentes entre os limites de idade que definem a juventude. Para as Nações Unidas, consideram-se jovens os indivíduos de dez a 24 anos. No Brasil, o Artigo 1º do Estatuto da Juventude (Lei n. 12.852) considera jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Com relação aos atendimentos de saúde, conforme a criança vai crescendo, se tornando adolescente, esses cuidados tendem a diminuir, inclusive pelos tabus que ainda existem. Atualmente, a presença maciça das tecnologias faz com que cada vez menos se busque por atendimento nessa faixa etária. Em Marechal Rondon, os atendimentos do público de zero a 14 anos é de 26.451, sendo 50,95% público masculino. Quando falamos dos jovens esse número fica diferente, dos 52.713 atendimentos realizados aos jovens, o público masculino cai para 38,35%. Nos números de atendimento da população rondonense, observa-se uma redução em atendimento no público masculino a partir dos 12 anos, ao contrário do público feminino. Essa faixa etária compreende o período da puberdade, fase de transição entre a infância e a fase adulta, em que acontecem uma série de alterações no corpo, dando início à maturação sexual. Trata-se de uma fase marcada pela insegurança e vergonha acentuada no público masculino, levando a uma diminuição da procura por atendimento médico.

(Fonte: Secretaria de Saúde de Marechal Rondon – 2021)

 

OP: Comparativamente, os homens têm procurado mais atendimentos de saúde nos últimos anos?

MS: Houve uma diminuição na procura no ano passado, mas podemos atrelar à pandemia. Contudo, os números não sofreram muita variação nos últimos cinco anos.

(Fonte: Secretaria de Saúde de Marechal Rondon – 2021)

 

OP: Mundialmente, Novembro Azul conscientiza homens a respeito do câncer de próstata. Quantos casos do tipo existem em Marechal Rondon atualmente? De que maneira o número tem variado ao longo dos anos?

MS: Segundo os dados apresentados pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), desde 2015 os dados de Marechal Rondon demostram que o câncer de próstata ocupa o segundo lugar entre as causas de óbito na população masculina, entre os cânceres (conforme o gráfico). Atualmente, há 472 pacientes do sexo masculino de Marechal Rondon sendo acompanhados ou em tratamento nas referências oncológicas da nossa Macro Oeste, os hospitais Uopeccan e o Ceonc de Cascavel.

(Fonte: Secretaria de Saúde de Marechal Rondon – 2021)

 

OP: Quantos exames de diagnóstico de câncer de próstata são disponibilizados mensalmente em Marechal Rondon? Há procura? 

MS: Em janeiro foram disponibilizados 64 exames, em fevereiro 65, março 64, abril 63, maio 64, junho 64, julho 67, agosto 181, setembro 150, outubro 108 e 112 em novembro. Pode se observar que com as ações de promoção e prevenção de saúde, como o Agosto Azul e Novembro Azul, a procura pelos exames aumenta consideravelmente.

 

OP: Fora o câncer de próstata, que outras doenças afetam majoritariamente o público masculino em Marechal Rondon? A que se deve essa maior incidência, fatores biológicos ou ausência de prevenção?

MS: Em segundo lugar, o que mais afeta a população masculina é o câncer de pele, além das situações crônicas, como hipertensão, diabetes e doenças vasculares.

 

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