Marechal
Quem é o consumidor rondonense?
Homens dos 30 aos 49 anos que pagam suas compras no crediário. Este é, em linhas gerais, o perfil do consumidor de Marechal Cândido Rondon, de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil.
A análise dos dados disponibilizados pelo sistema de informações das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL), que reúne em um completo banco de dados informações creditícias sobre pessoas físicas e jurídicas de toda a América Latina, aponta que no município rondonense 55% das consultas ao SPC são para tomadores de crédito do sexo masculino, sendo 45% para as mulheres.
As informações, que têm como referência o mês de outubro de 2017, também mostram que as consultas por faixa etária no município concentram-se no público dos 30 aos 49 anos, que, juntos, somam 48,9% do total das consultas ao sistema do SPC. “Fala-se muito nos novos crediaristas, que são aqueles que estão no primeiro emprego, sem acesso ao crédito ou que não tinham chance de buscar crédito. Hoje, contudo, essas pessoas estão empregadas e têm condições de buscar crédito e representam, em Marechal Rondon, 9,5% do total de consultas ao SPC, sendo os que representam maior risco por serem pessoas que não têm experiência com o crédito”, avalia o diretor vice-presidente dos Núcleos Setoriais da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar) e diretor de SPC da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná (Caciopar), Eduardo Berndt.
Forma de pagamento
Em âmbito local, a Acimacar iniciou uma pesquisa junto aos associados que utilizam o sistema do SPC para entender de que forma o público rondonense paga suas contas. Pelo levantamento ter iniciado recentemente, diz Berndt, os dados ainda são poucos, porém já é possível ter um termômetro de como os consumidores de Marechal Rondon se comportam quanto ao pagamento de suas compras.
Hoje são cerca de 400 empresas locais que efetivamente consultam o SPC, que são os empresários que trabalham com o varejo e concessão de crédito a pessoas físicas. “Desses, 44 responderam ao questionamento de qual é a forma de pagamento mais utilizada em relação ao sistema de vendas da empresa. Como resultado, 50% dos participantes responderam que ainda no nosso varejo o sistema mais utilizado é o crediário”, expõe. “Porém, se você consultar qualquer empresa que tenha um crediário bem organizado, ela vai dizer que é até mais do que esse número”, complementa.
Os demais resultados da pesquisa apontaram que outros 20,5% dos consumidores rondonenses utilizam cartão para pagar suas compras (tanto crédito quanto débito), 25% boleto e 4,5% estão divididos entre à vista e vendas no fiado.
Tomar crédito é ruim?
Apesar de o mercado considerar que pessoas dos 50 aos 64 anos seriam as melhores equilibradas financeiramente e que não teriam a necessidade de busca de crédito, ou seja, comprar a prazo, esta faixa etária no município rondonense ainda é responsável por 21,41% da busca por crédito. Comprar a prazo, contudo, não significa que este público esteja sem dinheiro. Ao contrário da poupança, que é um sacrifício imediato mediante a um benefício futuro, a tomada de crédito é ter um benefício presente mediante a promessa de um sacrifício futuro. “Você vai comprar um produto de R$ 1 mil, então você se beneficia do produto, desses R$ 1 mil, mediante a promessa de que vai até naquela empresa durante dez meses se sacrificar mensalmente com R$ 100 e quitar a dívida”, exemplifica.
Berndt explica que a compra a prazo ocorre por uma organização financeira pessoal e também para adiantar o consumo. Se a pessoa tivesse que esperar para comprar determinado produto à vista, por exemplo, ela não teria condições de comprar naquele exato momento. “A compra a prazo pode ser um bom negócio estrategicamente, porque compensa eu pagar um pouco de juros, mas não desembolsar todo o valor imediatamente e, em contrapartida, usar esse valor para equilibrar outras contas ou investir em outras coisas e assim conseguir fazer mais coisas no decorrer do tempo”, menciona.
Políticas de crédito
A faixa etária que compõe o maior número de tomadores de crédito de Marechal Rondon, de 30 a 49 anos, é também responsável pelo maior número de inclusões no sistema do SPC Brasil, tendo em vista que são aquelas que mais tomam crédito. “É natural que o maior número de tomadores de crédito sejam os maiores responsáveis pela inadimplência”, expõe o vice-presidente dos Núcleos Setoriais da Acimacar.
Contudo, 21,41% da busca pelo crédito no município é feita pela faixa etária dos 50 e 64 que representam sozinhos o maior índice de inadimplência: 24,02%. “Teoricamente, essas pessoas deveriam ser as mais estabilizadas financeiramente”, pontua.
Já as pessoas com mais de 65 anos, que representam somente 7,92% da busca por crédito, são responsáveis por 13,28% da inadimplência do município. “Isso significa dizer que 29% da população tomadora de crédito é responsável por 37% da inadimplência, e justamente são as pessoas mais velhas, com maior experiência, que teoricamente teriam maturidade para lidar com o crédito”, observa Berndt.
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