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Marechal Cenário de otimismo

Ramo da construção civil volta a ficar aquecido em Marechal Rondon

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(Foto: Joni Lang/OP)

A política econômica adotada pelo novo governo federal teve reflexo em vários setores, inclusive no de construção civil, que registrou considerável expansão em Marechal Cândido Rondon no ano de 2019.

Segundo dados da Secretaria Municipal da Fazenda, houve crescimento de 33,11% na emissão de alvarás de construção no último ano em comparação com 2018, passando de 299 para 398 alvarás de construção autorizados. O desempenho foi comemorado tanto por lideranças locais como empresários do segmento, uma vez que em 2018 foi registrada queda na ordem de 25% quando avaliado com o período de janeiro a dezembro de 2017.

Já a liberação dos alvarás de habite-se, quando as obras encontram-se na reta final, permaneceu negativa no ano passado, contudo em patamar menor do que em 2018. Isso porque quando a retração foi de 7,6% de 2018 para 2017, a queda foi de 6,25% na análise de 2019 para 2018, recuando de 304 para 285 alvarás de habite-se.

Conforme o secretário municipal de Fazenda, Carmelo Daronch, a redução na emissão de alvarás de habite-se está atrelada ao fato de que as empresas ou pessoas que constroem imóveis para vender solicitam o habite-se quando há negociações em andamento. “Representa que os construtores buscam segurança e dão prosseguimento quando o comprador tem o financiamento aprovado, enfim, quando mostra que conseguirá pagar o imóvel”, menciona, emendando que “a tendência é de que neste ano a emissão de alvarás de habite-se se aproxime do número de 2018 (304). A economia vem se recuperando gradativamente, então as obras iniciadas em 2018 e 2019 devem ser concluídas neste ano”, pontua.

Daronch destaca que no ano passado foi falado de risco país devido ao governo Bolsonaro. “Porém, observamos o efeito contrário. A economia melhorou, a confiança no governo também e o investidor construiu mais, justamente porque a melhora da economia aumenta o poder aquisitivo das pessoas, gera empregos e amplia a renda. A tendência é de que os investimentos do governo federal sejam mantidos, assim como os financiamentos de linhas habitacionais devem atingir um patamar mais interessante ao cidadão a partir da redução da taxa de juros. Outra questão é que a nossa região tem uma poupança represada que pode ser investida em imóveis, o que é ótimo ao comércio e aos municípios como um todo”, enaltece.

 

CRESCIMENTO

Após anos de queda nas vendas, o empresário rondonense do ramo de construção Elizeu Márcio dos Reis (Tadeu) salienta que 2019 foi razoável devido à atuação do novo governo federal no que se refere às linhas de crédito. “Houve readequação de taxas, o que gerou breve cenário de recuo no país, ocasionando redução nas vendas, mesmo em nossa região, que é agrícola e possui ânimo no mercado quando comparado a outros locais. No entanto, de outubro a dezembro foi registrado aumento na procura por materiais de construção e nas vendas devido à redução das taxas de juros por parte da Caixa Econômica Federal. Muitas pessoas adquiriram materiais para fazer reformas de fim de ano, o que alavancou as vendas”, destaca

Tadeu diz que 2020 começou trazendo otimismo, uma vez que vem sendo observada grande procura de orçamentos por parte de cidadãos e construtores. “A possibilidade do lançamento de novas linhas de crédito e modalidades de financiamento motivou as pessoas, que demonstram interesse em construir, ampliar ou reformar, o que vai movimentar o setor”, frisa.

Conforme o empresário, a volta das chuvas na região também deixou os produtores rurais contentes, de modo que esses vieram à cidade para comprar itens e investir. “Inúmeros fatores somam a nosso favor neste ano, como a regularidade das chuvas, a perspectiva de uma boa colheita e a retomada do crescimento econômico. Estamos otimistas, pois tudo leva a crer que haverá taxas bancárias interessantes e um ano de bom movimento no setor comercial, o que vai contemplar bastante o segmento da construção civil”, analisa.

 

OTIMISMO

O engenheiro civil Pedro Haag, que integra a Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos (Area), avalia que 2019 foi um bom ano para a construção e menciona que a projeção é de que 2020 seja ainda melhor, uma vez que, segundo ele, a economia está em aceleração. “O setor da construção civil é o primeiro a sentir uma crise e também o primeiro a observar a melhora, por isso acredito que o crescimento na liberação de alvarás de construção no último ano se deve à expectativa otimista das pessoas em relação ao país”, enaltece.

De acordo com Haag, é possível observar um cenário de otimismo a partir de conversas com empresários, inclusive com trabalhadores. “As pessoas têm sido unânimes ao afirmar que 2020 será um ano muito positivo, e realmente tem tudo para se concretizar, pois ano passado já foi melhor do que 2018. Por isso, acredito que este ano deve haver ampliação considerável na construção civil, com obras sendo iniciadas e outras concluídas, também motivado por fatores como a diminuição dos juros, novas modalidades de financiamento, entre outras questões. Ano passado o governo federal segurou as pontas e agora com dinheiro em caixa a tendência é liberar mais dinheiro”, entende.

O engenheiro trabalha em Marechal Rondon, Quatro Pontes e Toledo com edifícios comerciais e residenciais, todos no padrão das classes A, B e C. “Temos obras em andamento em um edifício em Marechal Rondon, também pretendemos concluir obras iniciadas e, se possível, lançar um prédio com oito pavimentos. Outra meta é retomar a construção de casas e apartamentos por meio do programa Minha Casa Minha Vida”, adianta.

 

IMPACTO POSITIVO

Segundo o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Rondon (Acimacar), arquiteto Ricardo Leites de Oliveira, com 53 mil habitantes e população economicamente ativa de 31 mil cidadãos, o município tem em torno de 10% dos profissionais trabalhando no setor da construção civil. “Este segmento teve redução nos anos de 2017 a 2019, no entanto a previsão para 2020 é de que os juros menores estimulem as pessoas a buscarem financiamentos e empréstimos para construir, sejam casas ou prédios. Conforme especialistas, a estimativa é de que a inflação atinja 3,61%, o que tende a possibilitar incremento na economia e consequentemente mais tributos ao país”, ressalta.

O engenheiro civil Marcondes Luiz da Silva também acredita que 2020 será promissor. “A expectativa é bastante positiva para este ano, principalmente porque as pessoas com recursos disponíveis podem ingressar em outras situações para prover melhores rendimentos”, expõe. “As aplicações basicamente devem ser mantidas em níveis baixos, sem gerar ganhos financeiros expressivos, por isso avalio que a maioria das pessoas vai migrar para outros mercados que podem oportunizar melhores rendimentos ou então investir, e a construção civil deve ser bastante privilegiada nesse sentido”, opina.

Para Silva, a construção civil tende a ser aquecida tanto em termos de obras em andamento, que podem ser concluídas, quanto em investimentos em casas, prédios ou outros empreendimentos. “Pessoas que possuem terrenos e pensavam em construir mais para frente pretendem acelerar a tomada de decisão e com isso construir mais cedo, o que vai apresentar impacto na geração de empregos no segmento”, prevê.

Segundo ele, os anos anteriores a 2019 foram marcados pela diminuição nos investimentos na construção civil e 2020 tem tudo para ser o ano da reviravolta, resultando num aumento de construções em Marechal Rondon. “Em conversas com amigos e clientes sabemos da vontade de muitos em ampliar ou reformar a casa ou empresa, mas, por vezes, ficava naquela de esperar um tempo. Após o primeiro ano do novo governo federal fica visível o sinal de que investir vai proporcionar melhor retorno do que deixar o dinheiro parado”, enfatiza.

O impacto, na visão do engenheiro, não será percebido apenas na geração de empregos devido ao “up” do setor da construção civil, mas também na venda de materiais de construção. “Quem sabe alguns produtos, a exemplo do aço, que praticamente não teve variação de preço no último ano, podem ter seus custos reduzidos. Com o aumento na construção motivada pelo aquecimento da economia é muito provável que as empresas invistam em produção, o que tende a reduzir o preço”, pontua.

 

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