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Rondon prestes a dar à luz

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Mirely Weirich/OP

Solange Cristina Alves à espera de Rafael: alegria sobre a possibilidade de poder ter o filho em Marechal Cândido Rondon

 

A poucos dias do fim do sétimo mês de gestação, a notícia não poderia deixar de trazer ainda mais expectativas de um parto tranquilo para Solange e para tantas outras futuras mamães de Marechal Cândido Rondon. Nesta semana, o Poder Público colocou no horizonte da população uma nova possibilidade para que o nascimento dos pequenos rondonenses volte a acontecer no município pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e desta vez, com um prazo definido. Não vamos ter a irresponsabilidade de colocar em dias contatos, mas a nossa previsão máxima é de 90 dias, se todos os processos licitatórios correrem de forma adequada, destaca a secretária de Saúde, Marciane Specht. Eu acho até que os partos vão iniciar antes disso. Estamos trabalhando para que isso aconteça, completa o prefeito Marcio Rauber.

Aos 41 anos, Solange está grávida do quarto filho, que chegou de surpresa para integrar a família Alves. Desde o momento que soube que provavelmente eu teria que ir a Toledo para ter o Rafael, a minha esperança sempre foi de que os partos voltassem a ser realizados aqui no município, porque o medo que a gente tem cada vez que pega a estrada é o perigo, relata. Na hora que fiquei sabendo eu sinceramente pensei será que vai ser isso mesmo, que isso está acontecendo realmente? Senti muita alegria de pensar que vai dar certo, que vou ter uma chance de ganhar ele aqui. A expectativa é que tudo realmente aconteça e que eu consiga ter o meu filho em Marechal Cândido Rondon, alegra-se.

Na visão da rondonense, o trecho entre as cidades apresenta uma estrada ruim, e por mais cuidadoso que seja o motorista, as mamães ainda têm muito receio. O maior medo de todas as gestantes é de sair no apuro do trabalho de parto e ganhar o bebê na estrada, como já aconteceu não uma, mas várias vezes, diz.

Além da apreensão sobre as possíveis complicações que poderiam acontecer na viagem que a mãe teria que fazer por cerca de 40 quilômetros durante o trabalho de parto até o município vizinho, o temor da mãe de Rafael aumenta ainda mais por ela ser uma gestante de alto risco. Tenho hipertensão, que está controlada, e também tenho a idade mais avançada, e tudo isso já demanda mais cuidados, descreve.

Mesmo sabendo sobre a possibilidade de Rafael decidir vir ao mundo antes de o Hospital Municipal Dr. Cruzatti abrir as portas do centro cirúrgico às gestantes, Solange não esconde a emoção ao conhecer as salas de cirurgia e de recepção onde as gestantes passarão pelos procedimentos de parto ou cesárea e os bebês serão recebidos pela equipe para os primeiros procedimentos após o nascimento. Minha última filha nasceu aqui (Rondon) e a minha intenção era de que esse nascesse também. É aqui que eu moro, dessa cidade que tiro meu sustento, então nada mais justo do que ter meu filho aqui. Acho errado termos que ir para outra cidade para nossos filhos nascerem. As coisas têm que ser feitas na cidade que você escolheu para viver, opina.

 

Organização

De acordo com a administração municipal, durante as reuniões de transição junto à equipe de saúde, informações sobre a parte documental do Hospital Municipal Dr. Cruzatti foram sonegadas. Alvará de funcionamento não tinha, o CNPJ utilizado era o do Fundo Municipal de Saúde, entre outras irregularidades que não podem existir para um hospital funcionar, e nós tivemos que organizar neste tempo, destaca Rauber. Mas o mais complexo para o Hospital Municipal funcionar é a equipe médica, que virá por meio de chamamento público autorizado pelo Conselho Municipal de Saúde, comenta.

Conforme a secretária de Saúde, a organização inicial do chamamento público – modalidade na qual serão contratados os profissionais que ainda faltam para completar a equipe médica – já foi encaminhada para apreciação do Conselho Municipal de Saúde, órgão de controle social e responsável por autorizar a realização do processo. Esta é uma contratação de profissionais através de empresas para os atendimentos, já que não há mais servidores efetivos em fila de espera do concurso público, esclarece.

A estimativa do mandatário municipal é de que apenas para aportar a equipe que realiza os partos, composta por obstetra, pediatra e anestesiologista, o impacto financeiro anual no orçamento municipal seja de R$ 5,5 milhões. Subtraídos os cardiologistas e cirurgiões gerais. Se incluirmos os especialistas que serão chamados para compor as equipes das cirurgias eletivas, o valor chega a R$ 7,3 milhões aproximadamente, diz Rauber.

Marciane destaca que há possibilidade de repasse de um recurso do Ministério da Saúde entre R$ 20 e R$ 30 mil, que poderá ser liberado posteriormente ao início dos nascimentos em terras rondonenses.  Ele será baseado em uma avaliação do Programa de Apoio e Qualificação de Hospitais Públicos e Filantrópicos do SUS Paraná (Hospsus), que é uma contrapartida para custeio das atividades do hospital municipal após o início dos partos. O secretário de Saúde do Estado já sinalizou a liberação desse recurso conforme a avaliação do município, mas é um recurso pequeno visto o montante que será investido, menciona a secretária de Saúde.

 

Novos rondonenses

Com base nos dados disponibilizados pelo Estado por meio do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) – que aponta os nascidos vivos por local de residência -, a expectativa é de que o Hospital Municipal aporte até 25 partos ao mês, tendo em vista que a média de nascimento de rondonenses em 2016 foi de 52 e de que parte destes partos acontecem na rede privada. Estamos nos organizando para atender a essa demanda, mas isso é uma estimativa e não significa que não poderemos atender uma demanda maior ou menor do que esta, expõe Marciane.

Apesar de a equipe médica ainda não estar completa, a responsável pela pasta assinala positivamente para que todos os profissionais necessários para cobrir as escalas nas 24 horas em sete dias por semana estejam contratados em no máximo 90 dias. Atualmente, dois obstetras do concurso público que foram convocados não assumiram, por isso outros dois profissionais serão chamados para fazer a cobertura nas 24 horas. Na pediatria há um profissional T12 que já atua no município e uma médica que deverá tomar posse no dia 04 de abril, juntamente aos demais convocados. Os dois anestesiologistas aptos para atuar pelo concurso público não assumiram, e os profissionais para a cobertura das escalas diurna e noturna, onde haverá vazios assistenciais, ocorrerá por meio de chamamento público. É necessária uma escala nas 24 horas de ginecologia e obstetrícia, então eu preciso de mais dois médicos totalizando quatro profissionais. Caso for por contratação de empresa, nós precisamos que um profissional esteja de plantão, em escala diária ou semanal e da mesma forma acontece com os profissionais da pediatria, esclarece. Na área de anestesiologia, a contratação será feita exclusivamente pelo chamamento público, com organização de horários nas três especialidades para que a cobertura aconteça em 24 horas, nos sete dias da semana.

 

Investimentos

Segundo a secretária de Saúde, medicamentos em nível hospitalar para a realização dos partos e equipamentos necessários para o início dos nascimentos no Hospital Municipal – como monitor cardíaco, cardiotocógrafo, instrumentais cirúrgicos, além de uma cama PPP: pré-parto, parto e pós-parto -, estão em fase de licitação. No processo inicial da primeira parte dos equipamentos o teto da licitação ficou em torno de R$ 56 mil. Agora tivemos a solicitação de mais equipamentos, que devem girar em torno de R$ 30 mil, detalha, ressaltando que a instituição também passará por algumas adequações menores, que devem alcançar o montante de R$ 20 mil. Nós fazemos isso tudo com muita responsabilidade porque a população almeja muito isso. Queremos colocar a gestante dentro do Hospital com segurança para que após o ato do parto normal ou da cesárea ela saia com seu bebê no colo, satisfeita e sem intercorrências, ou caso ocorrer, que seja minimizado ao máximo, enfatiza Marciane.

Em âmbito estrutural, ela destaca que o Hospital Municipal também demanda de uma reorganização de leitos hospitalares na sala de pré-parto. Além disso, já estão sendo recebidos pela Secretaria de Saúde orçamentos para o lançamento do processo licitatório para a terceirização do processo de esterilização, que não será aportado pela Unidade de Saúde 24 Horas com o início das cirurgias e partos. Como não temos a estimativa de quanto material será utilizado, não sendo possível quantificar o número de partos, o investimento inicial deve ficar na casa dos R$ 10 mil ao mês podendo aumentar com o início das cirurgias eletivas, aponta.

A intenção da administração municipal é, além de ampliar o Hospital Dr. Cruzatti criando o setor de esterilização, construir uma ala cirúrgica com mais quatro leitos. Porém, ainda não há projetos, expectativa de custo ou verba destinada. Encaminhamos ao setor competente a elaboração do projeto e na medida em que ele estiver pronto encaminharemos para os setores competentes da administração estadual e do governo federal em busca de recursos para execução dessas obras, destaca o prefeito. Se não conseguirmos recursos, vamos executar com verbas próprias, remanejar para fazer porque é importante tecnicamente. O que não foi feito durante seis anos com o intuito de realizar os partos nós vamos fazer em menos de seis meses, completa.

 

Cirurgias eletivas

A Secretaria de Saúde também pretende avançar na realização de cirurgias eletivas após o início dos partos. Apesar de Rauber afirmar que não há prazo estabelecido para o início dos procedimentos, Marciane destaca que já há previsão de incluir de um a dois dias cirúrgicos por semana, ou seja, serão quatro cirurgias por período. No chamamento público estamos contemplando também a especialidade de cirurgia geral, que contemplará procedimentos como cirurgia de hérnias, hemorroidectomias, fístulectomias, vesícula, retirada de baço e apendicectomias, por exemplo, informa.

Na especialidade de ginecologia e obstetrícia, entre os procedimentos que poderão ser realizados em Marechal Rondon, Marciane cita a retirada de útero e de ovário, levantamento da bexiga e levantamento de útero. Na cirurgia geral, esperamos contar com um profissional que é cirurgião vascular com o intuito de ofertar a cirurgia de varizes. Além disso, também sabemos da nossa grande demanda de cardiovascular. Hoje há mais de 300 pessoas em fila de espera, comenta. Se as empresas manifestarem interesse, conseguiremos grandes avanços e resultados em um médio espaço de tempo para o atendimento da população, complementa a secretária de Saúde.

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