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Marechal Cuidados redobrados

“Rondon só escapará do lockdown se toda população se conscientizar”, alerta presidente da Acimacar

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Presidente da Acimacar, Ricardo Leites de Oliveira: “As pessoas, muitas vezes, ao invés de ir para o centro fazer compras, estão optando pelas lojas e comércio do próprio bairro. Estamos tendo nesse período uma mudança no cenário econômico da nossa cidade. Os comércios e supermercados de bairros aumentaram muito as suas vendas” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

O Paraná apresenta no momento uma das maiores taxas de reprodução do novo coronavírus em todo o país e, conforme aponta estudo do Departamento de Estatística da Universidade Federal do Paraná (UFPR), feito em parceria com o Hospital de Clínicas de Curitiba, se não forem tomadas medidas mais rígidas de distanciamento social, o sistema de saúde pública pode entrar em colapso nos próximos 30 dias. Diante deste cenário, e considerando que Cascavel é atualmente a cidade do Paraná com mais casos de coronavírus por número de habitantes, segundo estudo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), o avanço de casos confirmados e as consequências em torno disso preocupam autoridades e lideranças.

Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon (Acimacar), Ricardo Leites de Oliveira, mais do que nunca é hora de redobrar os cuidados em termos de higiene, uso de máscara e evitar aglomerações. “Conseguiremos fazer com que não haja lockdown em Marechal Rondon se toda a população se conscientizar. Não adianta só o comércio se cuidar, as pessoas se cuidarem das 08 às 18 horas, se após isso elas continuarem se reunindo, fazendo festas e aglomerações”, destaca.

Em entrevista ao O Presente, Oliveira afirmou que a princípio está descartado um novo fechamento dos estabelecimentos comerciais. “Mas, friso, isso depende muito da população. Se todo mundo cuidar, não vamos passar por um novo fechamento”, enalteceu.

Ele falou ainda sobre as vendas no comércio neste período de pandemia, fez uma avaliação da campanha Retoma Marechal e opinou sobre as perspectivas de retomada econômica e dos negócios de uma forma mais expressiva. Confira.

 

O Presente (OP): O Paraná vive neste momento uma das fases mais críticas desde o início das medidas restritivas de prevenção à Covid-19, sendo atualmente o Estado que apresenta uma das maiores taxas de reprodução do novo coronavírus em todo o país, de acordo com estudo da UFPR. Em vista deste cenário, o que o senhor diria aos empresários de Marechal Rondon em relação à importância de redobrar os cuidados neste período?

Ricardo Leites (RL): A Acimacar nesse período de Covid, desde o mês de março, está fazendo uma campanha muito grande para conscientizar tanto os empresários quanto a população de Marechal Cândido Rondon quanto aos cuidados, questão de higiene, não aglomeração de pessoas, mas nesse período vemos que aumentaram os casos no município. Toda semana a Acimacar está fazendo suas campanhas, alertando os empresários, seus associados para que a gente consiga fazer com que não haja um número expressivo de pessoas contaminadas em nosso município. Nós sabemos que outras cidades, como Toledo e Cascavel, tiveram nos últimos dias uma elevação muito grande no número de contaminados. Talvez foi um pouco de descaso da população ou do Poder Público, mas não podemos apontar quem é culpado. Estamos cuidando ao máximo para que aqui isso não aconteça. A Acimacar criou uma campanha, a Retoma Marechal, e colocamos no próprio cartaz de divulgação pessoas com máscaras. Colocamos algo que mostra que essas pessoas que vêm ao comércio de Marechal Rondon devem se cuidar usando máscaras e tomando todo o cuidado com a higiene.

 

OP: O fato de Cascavel ser atualmente a cidade do Paraná com mais casos de coronavírus por número de habitantes, conforme aponta estudo da Unioeste, e Toledo aparecer na sequência, preocupa de alguma maneira, considerando que muitas pessoas de Marechal Rondon se dirigem a estes municípios diariamente principalmente por motivos profissionais?

RL: Temos essa preocupação, sim, tanto a Acimacar como a prefeitura, pois Marechal Rondon, Toledo e Cascavel são cidades próximas e onde há um grande fluxo de pessoas, seja para atendimento ou tratamento médico, para busca ou entrega de produtos ou outros fins profissionais. A maioria dos empresários está atenta quanto a isso. Quando chega um caminhão trazendo mercadorias, eles cuidam na hora de fazer o recebimento desses materiais, solicitando que o responsável pelo transporte, antes de descarregar, faça primeiro a higienização das mãos e dos equipamentos que vai entregar na empresa. Quanto a isso, está havendo um cuidando, mas sabemos que por ter um trânsito muito intenso entre essas duas cidades nós podemos ter uma contaminação na nossa cidade e aumentar o número de casos de coronavírus.

 

OP: A microrregião de Marechal Rondon não sentiu tanto os impactos da pandemia de Covid-19 até aqui como cidades maiores ou polos turísticos. Agora, com esse cenário de avanço no número de casos, com muitas confirmações diárias de pessoas infectadas e alguns municípios do Oeste cogitando adotar lockdown, muda de alguma maneira este cenário ou, na sua opinião, será possível sairmos dessa situação de modo diferenciado, sem muitos prejuízos?

RL: Nós só conseguiremos fazer com que não haja lockdown em Marechal Rondon se toda a população se conscientizar de que os cuidados em termos de higiene são extremamente necessários, que o uso de máscara é fundamental e que é preciso evitar aglomerações. Não adianta só o comércio se cuidar, as pessoas se cuidarem das 08 às 18 horas, se após isso elas continuarem se reunindo, fazendo festas e aglomerações. Então, temos que cuidar quanto a isso. Em Marechal Rondon, a maioria dos setores não perdeu tanto com a crise, mas alguns setores perderam muito, como o de eventos. O setor imobiliário, por exemplo, está vendendo bastante nesse período, pois como tivemos uma safra de soja muito boa a agora valores altos do produto, os agricultores venderam sua safra e estão comprando muitos imóveis em Marechal Rondon. Então, o setor imobiliário até aqueceu nesse período, mas o setor de eventos infelizmente está parado. Já tivemos casos de fechamento de empresas e inúmeras demissões nesse setor.

 

OP: Nos últimos dias têm circulado boatos de que o comércio de Marechal Rondon pode novamente ter que paralisar as atividades momentaneamente. Isso procede?

RL: Não procede. A Acimacar tem uma cadeira no Centro de Operações de Emergências (COE) municipal e esses assuntos sempre passam pelas reuniões do COE. Não é a Acimacar e nem a prefeitura que determinam o fechamento das atividades no nosso município por causa da pandemia, mas, sim, o COE. Do jeito que a prefeitura e a Acimacar estão agindo na questão da pandemia, acredito que não vai ter um novo fechamento dos estabelecimentos comerciais. Mas, volto a dizer, isso depende muito da população de Marechal Rondon em se cuidar, a questão de higiene e fazer com que não haja aglomeração após as 18 horas, porque no horário do comércio todo mundo está cuidando. Se todo mundo cuidar, não vamos passar por um novo fechamento.

 

Presidente da Acimacar, Ricardo Leites de Oliveira: “Do jeito que a prefeitura e a Acimacar estão agindo na questão da pandemia, acredito que não vai ter um novo fechamento dos estabelecimentos comerciais. Mas, isso depende muito da população, da colaboração com os cuidados necessários” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

OP: Qual avaliação o senhor faz até aqui da campanha Retoma Marechal, lançada recentemente pela Acimacar com apoio da prefeitura e que vai contemplar 500 consumidores com R$ 80 mil em vales-compras? O que tem ouvido por parte dos empresários que têm seus estabelecimentos participando da campanha?

RL: Essa é a maior campanha que a Acimacar já fez até hoje. Nós estamos muito satisfeitos. São 542 empresas participantes, quase 100 empresas não associadas à Acimacar. O feedback que estamos tendo dos associados e dos empresários é de que todos estão muito satisfeitos com a campanha. No nosso primeiro sorteio, tínhamos uma preocupação: será que vamos ter cupons suficientes na urna para fazer o sorteio? Foi uma surpresa grata a todos os diretores e colaboradores da Acimacar que a nossa piscina estava cheia de cupons. Estamos muito felizes com a campanha. São mais de 40 mil cupons que serão distribuídos e nós vamos conseguir fazer uma campanha de valorização do comércio. Nós tivemos um apoio muito grande da prefeitura, que está apoiando na divulgação da campanha. Se nós conseguirmos fortalecer o comércio de Marechal, com todos os cuidados por causa da pandemia, todos vão sair ganhando. Conseguiremos fazer com que não haja o fechamento de mais nenhuma empresa e que não haja demissões.

 

OP: A repercussão, então, tem sido muito positiva?

RL: Sim, nós temos inúmeras empresas passando esse feedback para a Acimacar, comentando que as pessoas estão indo comprar, principalmente nos distritos. Muitas vezes o agricultor, aquela pessoa que mora no distrito, não tem a praticidade de fazer compras e agora estão fazendo isso no próprio distrito e concorrendo aos vales-compras. Isso está acontecendo também nos bairros da nossa cidade, as pessoas, muitas vezes, ao invés de ir para o centro fazer compras, estão optando pelas lojas e comércio do próprio bairro. Estamos tendo nesse período uma mudança no cenário econômico da nossa cidade. Os comércios e supermercados de bairros aumentaram muito as suas vendas.

 

OP: Pode-se dizer que o município está sendo prestigiado de forma completa: sede, distritos e bairros?

RL: Isso aí, todos os distritos, bairros e o centro da cidade. Todos estão sendo privilegiados. Nas campanhas que a Acimacar fazia anteriormente, nós não tínhamos uma adesão grande de empresas de bairros e distritos e agora tivemos uma adesão muito grande. Isso mostra que o comércio dessa região é um comércio forte e, com a campanha Retoma Marechal, conseguimos valorizar eles também.

 

OP: Recentemente tivemos a passagem de duas datas comemorativas de grande apelo comercial, que foi o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, que sempre movimentam as vendas. É possível avaliar como foram as vendas alusivas a essas datas no município? Os consumidores rondonenses compraram bastante ou o cenário, mesmo em datas marcantes como estas, foi moderado, com vendas amenas ou não tão significativas?

RL: O Dia das Mães é a segunda data de maior venda no ano para o comércio, perdendo só para o Natal. Tivemos um número grande de vendas, mas as pessoas que fizeram suas compras adquiriram produtos de menor valor. Então, não foi reduzido o número de compras, mas, sim, o valor da compra. A gente sabe que por causa da pandemia muitas pessoas têm medo de gastar, todavia, ninguém deixou de comprar um presente para sua mãe. No Dia dos Namorados também tivemos um número bom de vendas, mas com valor reduzido. Todos compraram presentes para o seu namorado, suas esposas e maridos, mas com valores menores em seus presentes.

 

OP: As campanhas promovidas pela Acimacar para estimular as vendas, como a “Amor Sempre Presente”, que prevê a distribuição de R$ 40 mil em vales-compras, têm surtido resultados positivos?

RL: Estão tendo resultados positivos, sim. A campanha “Amor Sempre Presente” terá dois sorteios. Um sorteio foi na segunda-feira (15) e o próximo será no dia 10 de agosto, alusivo ao Dia dos Pais. Essas campanhas sempre vêm para valorizar o comércio de Marechal Rondon, e o caso específico da Amor Sempre Presente” temos o apoio de três empresas, por isso, conseguimos injetar R$ 20 mil em cada sorteio. O Sempre Vida, o Sicoob e a Edemar Imóveis são as empresas patrocinadoras dessa campanha e, friso, com o apoio delas é que vamos sortear esses R$ 40 mil em vales-compras.

 

OP: Qual avaliação o senhor faz do atual cenário resultante da pandemia de Covid-19, que impacta de alguma maneira todos os segmentos? Como está o seu otimismo para a retomada econômica e dos negócios de uma forma mais expressiva?

RL: A população em geral está com medo. Infelizmente, tivemos o caso de uma rondonense que veio a falecer na cidade de Curitiba, onde ela estava residindo no momento, e isso causa um pouco de medo, preocupação nas pessoas. Eu, enquanto arquiteto, que desenvolvo projetos de residências e de prédios comerciais, vejo que as pessoas estão um pouco receosas em investir neste momento porque não sabem o que vai acontecer. Algumas dizem que o pico da pandemia está acontecendo agora, outras dizem que será no mês de agosto, mas não sabemos exatamente o que vai acontecer. Muitas vezes as pessoas têm dinheiro para investir em melhorias no seu comércio, abrir uma nova empresa, mas ficam com receio, pois não sabem o que vai acontecer no futuro. De acordo com dados da prefeitura, tivemos um aumento no número de alvarás de funcionamento em nosso município, ainda assim, talvez pudéssemos ter um número muito maior, porque nos meses de janeiro e fevereiro até meados de março a economia da nossa cidade vinha em uma crescente muito grande. Estávamos muito otimistas para 2020. Infelizmente, em março chegou a Covid e nós tivemos que dar uma recuada. As pessoas por precaução estão segurando um pouquinho os seus investimentos. Enquanto presidente da Acimacar, destaco que a associação, com a campanha Retoma Marechal, está prestigiando não somente as empresas associadas, mas também as não associadas, pois acreditamos que se tivermos uma cidade forte todos ganham com isso. Não adianta termos só os 1.955 associados da Acimacar fortes. Marechal tem mais de cinco mil CNPJs, e se tivermos só 1.955 CNPJs fortes o restante vai passar por dificuldades. Então, temos que fazer com que todas as empresas rondonenses sejam fortes, porque a nossa região é muito forte economicamente, mas temos uma competição muito grande com as cidades ao nosso entorno, principalmente com o Paraguai. Se conseguirmos fazer com que Marechal Rondon fique fortalecida todos ganham: o comércio, as empresas, a população e o Poder Público. A Acimacar acredita que devemos fortalecer toda a cidade e não somente trabalhar em prol dos nossos associados. É claro que o objetivo sempre é o nosso associado, mas nesse período nós temos que batalhar para que Marechal Cândido Rondon como um todo seja forte.

 

Confira a entrevista em vídeo:

 

O Presente

 

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