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Marechal Índices preocupantes

Rondon tem dois casos confirmados de dengue; maior índice de infestação está no Bairro Ana Paula

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Foto: Joni Lang/OP

 

Depois de oito meses sem nenhum caso de dengue confirmado, o cenário mudou. Agora, Marechal Cândido Rondon tem dois casos autóctones positivos. “Fica o alerta à população no sentido de que se temos dois casos autóctones há sim a circulação do vírus no município, sendo que as duas pessoas não saíram daqui nos últimos dias”, alerta a secretária de Saúde de Marechal Rondon, Marciane Specht.

A confirmação aconteceu há poucos dias, sendo os cidadãos atingidos pela doença moradores de localidades próximas: Bairro Alvorada e Loteamento Rainha. As notificações para suspeita da doença, que há cerca de um mês somavam 23, agora estão em 33.

Outro dado que causa preocupação ao setor de saúde rondonense se refere ao Levantamento de Índice Rápido Aedes Aegypti (Liraa). Se no mês de setembro o índice apontava 0,2% de infestação, atualmente saltou para 5,7%, quando o preconizado é de até 1%. O aumento foi gradativo, considerando que em novembro estava na casa de 2% e no ciclo de janeiro e fevereiro subiu para 3,6%.

Índice de 5,7% é o mesmo que a cada 100 imóveis, seis têm focos do mosquito Aedes aegypty, transmissor da dengue.

 

NA REGIÃO

Na área de abrangência da 20ª Regional de Saúde, com sede em Toledo, que envolve em torno de 18 municípios, há 64 casos confirmados de dengue, conforme boletim do último dia 03, além de 758 notificações. Terra Roxa tem 21 casos confirmados e 346 notificações, Guaíra vem em segundo lugar com 17 casos positivos e 39 notificações, seguida de Santa Helena com oito casos confirmados e 89 notificações.

Embora sejam menos casos confirmados se levado em conta outros municípios da região, a Secretaria de Saúde alerta para que os rondonenses redobrem os cuidados para evitar a escalada e assim impedir uma nova epidemia, a exemplo do que aconteceu quatro anos atrás.

 

PREOCUPANTE

A preocupação com o avanço da dengue cresce a cada dia. O Paraná registrou 501 novos casos confirmados de dengue em uma semana, de acordo com boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), divulgado no último dia 02. Os casos foram registrados em 137 municípios do Estado.

Na semana anterior, havia 1.522 casos confirmados de dengue. Dos atuais 2.023, apenas 97 não foram contraídos nas cidades que as vítimas residem.

Os municípios com maior número de casos confirmados são: Londrina (545), Foz do Iguaçu (140) e Uraí (120). Os municípios com epidemia já confirmada são: Lupionópolis, Francisco Alves, Uraí, Japurá, Itambé, Santa Mariana, Rancho Alegre, Cafeara, Moreira Sales e Santo Antônio do Paraíso. Em situação de alerta estão as cidades de Abatiá, Alvorada do Sul, Anahí, Leópolis, Capanema, Andirá e Nova Londrina.

 

QUADRO ALTERADO

De acordo com secretária de Saúde de Marechal Rondon, os agentes de endemias passam nas residências uma vez a cada 60 dias devido ao período denominado de tratamento. “Os outros 59 dias ficam sob responsabilidade de cada morador. Então, no horário de almoço ou final do dia é dever de cada um, enquanto cidadão, cuidar do lote, do terreno, verificar se há recipientes vazios, caixa, papelão que podem ser utilizados como depósito de água e criadouros”, destaca. “Essa semana tivemos dias chuvosos, o que eu fiz no dia seguinte? Verifiquei se há recipiente que pode servir de criadouro do mosquito da dengue. E você, como está fazendo a análise da sua residência?”, questiona.

Marciane diz que a dengue é um problema de saúde pública. “Somos um município com universidade e faculdade, sabemos que muitas pessoas vêm de outras cidades, temos pessoas de toda a região, além de moradores que vão a Toledo e Cascavel diariamente, então é preciso se habituar a passar repelente quando visitarmos familiares e amigos em outras cidades”, ressalta.

Ela orienta que em caso de confirmação da doença, o cidadão deve ser sincero ao responder se saiu da sua residência ou do município nos últimos dias. “Esta informação é fundamental para fechar a investigação epidemiológica e relatar de forma correta os dados à Regional de Saúde e ao Estado”, frisa.

 

INFESTAÇÃO

Os maiores índices de infestação do mosquito Aedes aegypti na sede municipal estão localizados no Bairro Ana Paula, São Lucas e das Torres, em seguida aparecem Primavera, Higienópolis, Augusto e Barcelona, com 10,5% e 9,8%, respectivamente.

De acordo com o responsável pelo Setor de Endemias em Marechal Rondon, Sérgio Radke, a sede municipal está distribuída em sete estratificações, que se referem a sete regiões geograficamente adjacentes e socioeconomicamente parecidas. O estrato 1 abrange a região central, com índice de 2,7%, o que é de médio risco. Já o estrato 2, no centro e Vila Gaúcha, indica baixo risco, com 0,5% de infestação. “Neste caso são poucas notificações e nenhum caso. Onde não há mosquito não existe transmissão”, enaltece.

O estrato 3, do Bairro Ana Paula, jardins São Lucas e das Torres, é o mais preocupante, com 10,5% de infestação. O estrato 4 envolve o Parque Ecológico, jardins São Francisco, Líder e Floresta, com 7,3%, enquanto o estrato 5 engloba os bairros Primavera e Higienópolis e loteamentos Augusto e Barcelona, com índice de 9,8% de infestação. “Na região do estrato 5 trabalhamos firmes porque há alto índice de infestação. Não há caso confirmado, mas existem notificações naquela região”, pontua.

Ele menciona que os trabalhos estão sendo concluídos no entorno do estrato 6, que inclui o Botafogo, Alvorada, Rainha e Espigão, onde existe índice de infestação de 5,1% e dois casos confirmados. “Nossas visitas não são apenas de tratamento, pois os agentes reforçam os cuidados que os moradores devem tomar”, enfatiza.

O estrato 7, nos jardins Botânico e Britânia, é considerado de médio risco pela taxa de 3%. “Há poucas notificações e nenhum caso confirmado, mesmo assim estamos preocupados e trabalhando para que este e outros índices diminuam”, expõe.

 

TRABALHO

Conforme o responsável pelo Setor de Endemias, a população ainda se equivoca quando o assunto é fumacê e bomba costal. “A pulverização só acontece onde há casos suspeitos e é precedida da ação chamada raio, na qual os quarteirões adjacentes ao caso suspeito são varridos para checagem de focos. O que se procura é acabar com os focos de proliferação através do bloqueio com a bomba costal, que elimina o mosquito da dengue”, explica, acrescentando que a bomba costal foi aplicada no último dia 03 no centro rondonense, na Rua Paraná, incluída no estrato 1.

“O fumacê só é utilizado em casos de epidemia. Um município entra em situação de epidemia diante da confirmação de 300 casos a cada 100 mil habitantes. A considerar que Marechal Rondon soma pouco mais de 50 mil habitantes, a situação de epidemia fica registrada a partir de 150 casos confirmados. A partir de então podemos solicitar o fumacê”, exemplifica Radke.

Segundo ele, o alto índice de infestação significa que existem muitos mosquitos transmissores em Marechal Rondon. “Hoje temos todos os ingredientes para uma rápida escalada (nos casos a serem confirmados). Alguns municípios da região têm muitos casos, a exemplo de Terra Roxa e Guaíra. Não podemos descartar uma epidemia, porque há oito meses trabalhávamos sem casos confirmados e índices baixos de infestação. Antes não havia casos e regiões no entorno não apresentavam problemas, mas agora a situação mudou rapidamente”, adverte Radke.

 

PRÓXIMO ÍNDICE

Conforme a secretária de Saúde, o próximo Liraa será feito no início de maio. “O próximo levantamento vai mostrar o reflexo de como nós, enquanto rondonenses, estamos agindo diante do aumento do número de focos do mosquito. Vai mostrar se com todo alerta feito nos meios de comunicação, recebemos a informação e tomamos uma atitude de prevenção. Estou olhando o que está à minha frente ou ouço a notícia e fico de braços cruzados?”, indaga. “A dengue não está no quintal do meu vizinho, pode estar no meu quintal. Fica o apelo à população de que hoje temos 5,7% de índice de infestação, quando o preconizado é de até 1%. Não estamos em epidemia e não queremos chegar nela, pois temos 33 notificações e dois casos confirmados, mas é, sim, uma situação de alerta. População e Poder Público devem se dar as mãos e fazer o papel de casa”, finaliza.

 

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