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Marechal MARECHAL RONDON

Setor que mais emprega, indústria gera quase cinco mil postos de trabalho em Rondon

Mesmo com necessidade de aperfeiçoar a mão de obra para atuar na indústria, setor que mais emprega em Marechal Rondon tem vontade de empreender que já está no sangue e no caminho certo para se desenvolver

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Mirely Weirich/OP

Quase cinco mil postos de empregos formais gerados em mais de 300 empreendimentos. Este é o cenário do setor industrial de Marechal Cândido Rondon, que tem na indústria de transformação seu maior potencial.

Apesar de ser conhecido como berço da produção agrícola e ter na lavoura e na pecuária seu braço forte, o trabalho dentro das fábricas anda de mãos dadas à agricultura, sendo o segundo setor com maior Valor Adicionado Fiscal (VAF) e Valor Adicionado Bruto (VAB) do município e tendo na indústria de abate de aves a maior parte dos empregos gerados do município: 11%. “Hoje vemos um processo inverso ao êxodo rural que ocorreu anos atrás: as pessoas estão saindo dos grandes centros e voltando para as pequenas cidades devido ao potencial de desenvolvimento, trabalho e renda que municípios com o porte de Marechal Rondon proporcionam”, observa o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Sérgio Marcucci.

Neste sentido, diz ele, há necessidade de o município e também o Estado encontrarem e alavancarem o potencial da indústria local que, de acordo com o secretário, no município está voltada justamente para o agronegócio. “Ao passo em que a indústria agrícola cresce, os demais setores também serão fomentados, como a parte de metalmecânica, a indústria de transporte, de madeira, produtos farmacêuticos, vestuário, calçados, produtos alimentícios, de bebidas, entre outros que estão instalados aqui”, avalia.

Na visão de Marcucci, há necessidade, no entanto, de as indústrias ligadas ao agronegócio se modernizarem, não apenas no quesito mão de obra, mas especialmente maquinário e eficiência. “Precisamos buscar indústrias que agreguem valor à produção primária, que é o que temos em grande escala na nossa região e que é produzido com muita qualidade”, pontua.

 

Na mira

Apesar de a agricultura apresentar todo seu potencial cada dia mais pelas plantas industriais locais, um setor não tira o brilho do outro quando o assunto é o cenário industrial rondonense.

Elogiada por sua veia empreendedora e pelo povo trabalhador, o município esteve na mira de uma multinacional, que atravessou o Oceâno Atlântico e, em janeiro do ano passado, aterrissou em terras rondonenses para ficar.  “A Palsgaard entendeu que a Candon está bem instalada no município, possui bons profissionais que residem e atuam aqui e também levou em conta a similaridade do município com Juelsminde, onde a sede está instalada na Dinamarca. A indústria gosta da geografia da cidade, do que ela oferece, por ser um município organizado e limpo, além de ter essas características de um povo trabalhador e empreendedor”, explica o CEO da Palsgaard Candon, o rondonense Cassandro Rufino.

Com mais de 108 anos de mercado, a Palsgaard conheceu a Candon, indústria que nasceu em Marechal Rondon, em função de o empreendimento rondonense adquirir algumas matérias-primas da empresa. “A indústria basicamente criou o primeiro produto para desenvolver margarina do mundo, então ela pode ser considerada a pioneira dos produtos da classe alimentícia dos emulsificantes, que são aqueles capazes de misturar óleo em água”, pontua o empresário.

Rufino conta que o interesse da Palsgaard pela Candon ocorreu por conta da tecnologia de extrusão aplicada na indústria rondonense e, após negociações, a empresa dinamarquesa adquiriu parte da indústria rondonense, formando a Palsgaard Candon, multinacional que viu Marechal Rondon com olhos para o desenvolvimento. “Apesar de o ambiente para negócios não estar favorável em nenhum local do país pelas dificuldades políticas que estamos enfrentando, além dos problemas para empreender, o município reúne algumas características que fizeram a Palsgaard optar por manter a indústria aqui, uma vez que ela poderia ter escolhido qualquer outro município da região”, salienta Rufino.

 

Gargalos

Ele destaca que, pela Palsgaard Candon trabalhar com alguns processos diferenciados, algumas dificuldades foram enfrentadas para que a indústria se estabelecesse no município. “Entretanto, por acreditarmos em um futuro melhor para a industrialização de Marechal Rondon, estamos apostando nesse futuro”, enfatiza.

Ele comenta que, apesar da empreitada para a indústria estabelecer-se em definitivo no município ter contado com grande apoio da municipalidade, por meio do Poder Executivo e da Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, ainda é preciso estabelecer políticas públicas mais claras daquilo que o município, bem como outros órgãos, pode e não pode oferecer aos empresários que têm intenção de investir em indústrias. “Vejo que há muita dúvida especialmente na legalidade de alguns processos, o que gera bastante insegurança jurídica sobre o que pode ser disponibilizado e o que não pode”, opina Rufino.

Ao expor que o município possui grande potencial industrial por também ser uma rota de escoamento de produção, o empresário também aponta a carência da mão de obra qualificada em Marechal Rondon como um dos grandes gargalos do setor. “Teríamos muitas oportunidades na parte de transformação de alimentos ou grãos na questão de tecnologia, que foi o que fez a China crescer, na base de muitas tecnologias”, explica. “Nós exportamos para a China grãos e compramos os produtos transformados na forma de proteínas preparadas, óleos e gorduras modificadas (emulsificantes) e adoçantes, que são derivados de milho e outras matérias-primas básicas, o que temos aqui em abundância. Voltar o olhar para a transformação de alimentos seria um dos grandes potenciais da nossa região para ser melhor explorado por uma base tecnológica”, avalia Rufino.

Assim como observado pelo CEO da multinacional que pousou com pés firmes em Marechal Rondon, a vice-presidente da Indústria da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar), Marlise Ricardi, concorda que a principal necessidade das indústrias rondonenses está na falta de mão de obra qualificada. “Em todos os setores nos deparamos com essa necessidade, entre outras demandas específicas. Neste sentido, a Acimacar tem buscado junto ao Poder Público e os empresários da indústria seus problemas para juntos encontrarmos soluções de forma a desenvolver cada vez mais as indústrias localmente”, enaltece.

Ela afirma que resultados positivos já têm sido observados por meio dos cursos profissionalizantes que têm sido oferecidos pela prefeitura. O secretário de Indústria, Comércio e Turismo expõe que, em parceria ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná (Senai), a pasta já ofertou cursos de manipulação de produtos elétricos e para trabalho em altura, de soldador e eletricista industrial. “Todavia, sempre haverá lacunas a serem preenchidas. Por isso também temos as parcerias com outras entidades, como o Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), a Itaipu Binacional, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que nos mostram o caminho para cada vez mais potencializar e desenvolver as indústrias locais”, acrescenta.

 

 

Confira a reportagem completa na edição impressa desta sexta-feira (25). 

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