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Marechal Empreendedorismo rural

Sítio das Orquídeas se reinventa após tempos áureos do turismo regional

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(Foto: O Presente)

De todas as cores, formas e aromas, as orquídeas são as flores “queridinhas” da população. E quando o assunto é orquídea, Marechal Cândido Rondon tem um lugar sempre muito lembrado: o Sítio das Orquídeas.

Anos atrás, quando da criação dos “Caminhos Integrados do Lago de Itaipu”, a propriedade, situada em Novo Três Passos, era ponto de parada de muitos turistas que visitavam Foz do Iguaçu e faziam um tour pela região.

O foco, na época, era atender os visitantes servindo café rural, ou colonial, como muitos preferem. E foi assim por um tempo. Há três anos o Sítio das Orquídeas passou a receber grupos somente por agendamento, e segue como o espaço de produção de cerca de 20 espécies de orquídeas, que são comercializadas aos visitantes e na Feira do Produtor Rural, na sede rondonense, juntamente com outros produtos caseiros fabricados por lá.

 

COMEÇO DA PRODUÇÃO

Sócia-proprietária do Sítio das Orquídeas, Guiomar Giacobbo Rohr lembra do início da diversificação das atividades na propriedade. “Minha sogra adquiriu a área em 1967, quando chegou no Paraná. Eu moro aqui desde 1992, ano que, em parceria com ela, começamos a trabalhar diferente. Em uma época, tínhamos cinco atividades sendo exercidas no sítio. Graças a Deus, hoje conseguimos escolher aquilo que realmente gostamos e seguir com elas: o cultivo de orquídeas e a fabricação de bolachas, pães, cucas, roscas e outros produtos”, conta a produtora.

Na virada do milênio, comenta ela, os ares no Oeste paranaense sopravam em favor da atividade turística regional. “Nos anos dois mil, fomos convidados a participar dos roteiros de turismo, na época chamados de ‘Caminhos Integrados do Lago de Itaipu’. Participamos de muitas reuniões com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e com o Poder Público”, relembra, acrescentando: “Teve muito incentivo na época. As pessoas estavam animadas e várias propriedades participavam. Contudo, o tempo foi passando e houve uma falha no meio disso”.

Guiomar Giacobbo Rohr, sócia-proprietária do Sítio das Orquídeas: “Mostramos para aqueles que nos visitam que na área rural também é possível fazer coisas diferentes. Temos lavoura, sim, mas também temos as flores e a fábrica de sabores. Por fim, somos uma empresa” (Foto: O Presente)

 

CAFÉ RURAL

Muitas capacitações, treinamentos, pedidos, aprimoramentos e visitas aconteceram neste período “fervoroso”, expõe a empreendedora rural. “Como o foco era trazer uma parcela dos turistas que visitavam Foz do Iguaçu, era preciso ter atrativos para esse público. As pessoas de fora não comprariam flores, então, precisávamos vender algo diferente. O Sebrae nos indicou iniciar com o serviço de café”, menciona.

Em vista disso, Guiomar fez investimentos para ampliar e estruturar a propriedade, criando um local adequado para servir café para turistas. “Não tínhamos linhas de crédito. Tirei do próprio bolso”, pontua, emendando que mesmo com toda a preparação a atividade não vingou como o esperado. “Vinha um ônibus por mês. Os turistas faziam toda a rota lindeira e só então passavam aqui para tomar café. Eles estavam sempre atrasados e não se tornou viável”, lamenta.

Depois de persistir por um período com o café rural, o Sítio das Orquídeas deixou de servi-lo. “Faz três anos que não fazemos mais isso. Hoje em dia nós recebemos somente grupos agendados e combinamos a degustação, por vezes é até dado sem custo como uma promoção do sítio. Então, ficou diferente do que era antes, mas ainda é possível fazer com agendamento”, reforça.

Conforme a rondonense, março é o mês auge de movimento. “Temos grupos de mulheres que visitam e aproveitam a degustação grátis. As pessoas conhecem o nosso trabalho e ainda fazem um dia especial em homenagem à mulher. Chegamos a atender 1,2 mil visitantes neste período, todos agendados anteriormente”, ressalta, frisando que não são realizados agendamentos de visitas para terças e sextas-feiras, pois nestes dias da semana o sítio participa da Feira do Produtor Rural, na sede rondonense, com a comercialização de orquídeas e produtos caseiros.

Geralmente, segundo ela, os grupos que visitam o Sítio das Orquídeas já deixam uma data reservada assim que saem, para garantir a visita seguinte.

Bolachas, pães, cucas, pães de queijo e outras delícias são produzidas na propriedade. Elas são comercializadas tanto no Sítio das Orquídeas quanto na Feira do Produtor Rural, na sede de Marechal Rondon (Foto: O Presente)

 

ACESSO

Tanto nos tempos áureos do turismo rural e como nos dias de hoje um mesmo problema persiste: o acesso à propriedade de Guiomar, localizada no interior de Novo Três Passos. Quem deseja conhecer o Sítio das Orquídeas precisa se dirigir até o distrito e percorrer cerca de quatro quilômetros de pedra irregular e mais um quilômetro de estrada de chão.

“Lembro de uma época em que vieram alguns ônibus de turismo e tivemos dificuldades com a estrada porque alguns veículos não passavam. Tivemos de cambiar todas as pessoas em carros menores para poderem chegar até a propriedade”, rememora o episódio, que, para ela, foi bastante marcante.

A rondonense diz que muitas empresas de turismo sequer permitiam que sua frota fosse até lugares com essas condições de trafegabilidade.

Atualmente, os visitantes chegam até o Sítio das Orquídeas em ônibus menores, vans ou carros, superando o obstáculo de acesso.

Em consulta ao Poder Público, o secretário de Coordenação e Planejamento, Reynar Seyboth, declarou que a municipalidade está aos poucos recuperando estradas que sofreram intervenções no passado, todavia ainda hoje não estão adequadas, como é o caso de parte do caminho até o Sítio das Orquídeas. “A estrada rural que liga o distrito de Novo Três Passos à Linha Bandeirantes, com cerca de quatro quilômetros de pedra irregular, será feita. Temos trâmites burocráticos a respeitar, mas assim que terminados a pavimentação deve iniciar”, projeta.

Segundo o secretário, isso pode levar de 40 a 45 dias e o valor estimado de investimento é de quase R$ 2 milhões em recursos próprios da municipalidade. “Inclusive, estudamos ligar esse distrito com pavimento até o município de Quatro Pontes, trecho recentemente melhorado com pedra irregular”, revela.

A cerca de 12 quilômetros da sede municipal, para chegar ao Sítio das Orquídeas os visitantes passam por asfalto, quatro quilômetros de pedra irregular e um quilômetro de estrada de chão (Foto: O Presente)

 

PRODUÇÃO

A produção de orquídeas no Sítio das Orquídeas gira em cerca de 20 espécies. “No mundo, existem mais de 150 mil espécies. A variedade que se vê aqui é, em grande parte, das cores diferentes de cada exemplar. Temos o mínimo do mínimo, mas atendemos colecionadores, então, sempre procuramos novidades e coisas alternativas para esse público. No sítio, vendemos desde mudas de dois a três anos até plantas já floridas”, informa Guiomar, explicando que o cultivo é feito por meio de mudas criadas em laboratório.

O Sítio das Orquídeas possui cinco mil metros quadrados de estufas e conta com 15 pessoas auxiliando nos trabalhos, sendo 12 colaboradores e três pessoas da família. “Nos próximos anos não pretendemos aumentar o espaço físico, mas sim aperfeiçoar a qualidade dos produtos aqui vendidos”, expõe.

A propriedade conta com cinco mil metros quadrados em estufa e 15 pessoas trabalhando, 12 colaboradores e três da família (Foto: O Presente)

 

TURISMO

A empreendedora rural afirma que gosta do que faz e por isso abre as portas da propriedade para receber pessoas. “Nós mostramos para aqueles que nos visitam que na área rural também é possível fazer coisas diferentes. Nós temos a lavoura sim, mas temos também as flores, a fábrica de sabores e, por fim, somos uma empresa”, enaltece.

Mesmo não se tendo tantos incentivos como outrora se teve no setor turístico, a rondonense considera a atividade interessante para a região. “Nós atuamos em feiras especializadas em flores no Brasil inteiro e somos conhecidos em vários lugares. As pessoas querem saber onde fica esse Sítio das Orquídeas. Nós damos um cartão e eles acabam descobrindo a nossa cidade. Recebemos assim muitas pessoas de longe. Amantes e colecionadores de orquídea andam muito, eu sei por mim”, atesta.

 

O Presente

 

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