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Marechal

Sobra expectativa, falta compreensão

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Mirely Weirich/OP
Apesar de ávidos para conhecer a nova cara da Avenida Rio Grande do Sul e para que os transtornos terminem, munícipes não têm mostrado compreensão acerca da desordem típica de obras deste porte

De um lado, empresários e transeuntes ávidos pelo fim do quebra-quebra, da poeira e do vai e vem de máquinas. De outro, o retrato da intolerância. Desde que as frentes de trabalho da revitalização da Avenida Rio Grande do Sul chegaram ao centro da cidade – no intervalo entre a Avenida Maripá e a Rua Sete de Setembro – o anseio tanto da população quanto da própria empresa responsável pela obra é de ver a avenida revitalizada, com novo calçamento, novas árvores e iluminação que já tem suscitado diversos elogios.

O incômodo, no entanto, não está somente no transtorno usual que acontece em qualquer obra, onde há areia, pedra, cimento, terra e poeira para todo lado. Estamos passando por uma falta muito grande de compreensão por parte da população, que quer ver a avenida revitalizada, mas não quer passar pelo transtorno, diz o responsável pela execução da obra, Giovani Fiori.

As reclamações partem de uma parcela da população que acaba dando de cara com o trânsito impedido, tanto na rua quanto nas calçadas e na entrada das lojas. Fiori comenta que também há alguns empresários que não toleram a bagunça por muitos dias. Alguns nos sedem energia, água, nos ajudam no andamento da obra, mas muitos não compreendem, e isso está trazendo muito mais transtorno para a obra, mais do que a poeira ou o barro que se forma quando chove. Em uma semana ou dez dias essa desordem passa – a obra em si vai levar mais tempo do que isso -,mas para cada comerciante vai ser no máximo dez dias de obstrução na sua porta, menciona.

Além das reclamações diárias, a empresa também sofre com a demora na liberação de verbas por parte da Caixa Econômica Federal que, conforme Fiori, está novamente atingindo quase 50 dias sem recursos. Até o momento, ele avalia que já foram liberados aproximadamente 30% dos R$ 1,8 milhão destinados para a revitalização, ao passo em que 50% do total da obra já estão praticamente concluídos. Se para um investimento de R$ 1,8 milhão as pessoas não estão conseguindo, salvo alguns casos, esperar por dez dias de transtornos, podemos considerar que há muita intolerância entre os munícipes, afirma.

Na visão de Fiori, as constantes reclamações não impactam no ritmo de trabalho das equipes, porém, a incompreensão de parte da população, empresários e até mesmo motoristas acaba trazendo consequências psicológicas para todos. Transforma isso em uma batalha de discussões que não tem necessidade nenhuma de estar acontecendo, justamente pela falta de compreensão e de entendimento dos acordos firmados acerca dessa revitalização, opina.

 

Trabalho conjunto

Junto da empresa responsável pela revitalização, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) está realizado intervenções nos mesmos pontos para a implantação de novas redes de abastecimento de água. Conforme Fiori, o trabalho acontece simultaneamente. Depois de a nossa equipe abrir as frentes de trabalho, com a demolição e a limpeza do calçamento antigo, o Saae entra para a execução dos seus serviços e assim que eles liberam o trecho, nós iniciamos a compactação e a implantação dos pavers, explica.

É justamente pelo trabalho ser simultâneo que o tumulto na porta de cada lojista acontece entre uma semana e dez dias. Precisamos desse tempo porque eu não consigo abrir o calçamento e logo entrar com o meu pessoal, o que seria bem mais fácil, lembra Fiori, ressaltando que se neste meio tempo ocorrerem um ou dois dias de chuva são necessários mais dois dias para a compactação completa do solo. A gente não pode acelerar a obra porque existe um processo e ele precisa ser seguido a fim de garantir a qualidade da obra lá no final. Não tem como acelerar. Se eu fosse acelerar mais do que isso, os transtornos seriam ainda maiores, esclarece.

Exceto em dias que ocorrem intempéries, o responsável pela execução da obra aponta que logo após a liberação da obra pelo Saae, a equipe da empresa inicia o novo calçamento. É importante frisar que não podemos abrir somente 20 ou 30 metros e colocar o paver porque para o Saae fazer a ligação das redes é necessário a abertura das calçadas na quadra toda, de 100 em 100 metros, já que as ligações ocorrem justamente nas esquinas, destaca.

 

Trânsito bloqueado

Junto da incompreensão de parte da população, Fiori menciona que há muita falta de respeito dos motoristas com a equipe que está trabalhando na obra quando as ruas estão com o trânsito impedido. A falta de educação e de responsabilidade dos motoristas coloca em risco quem está trabalhando. Eles avançam o bloqueio, estacionam em cima dos trabalhadores e não deixam espaço para eles executarem seus serviços. Até agora foi um milagre que não aconteceu nenhum tipo de acidente, frisa.

 

Próximos passos

Na avaliação da obra, o trecho entre a Rua Independência e a Avenida Maripá já está finalizado, restando apenas a pintura e o plantio das árvores. Entre a Rotatória da Bandeira e a Rua Tiradentes restam apenas alguns detalhes para a conclusão do calçamento lateral. Já iniciamos entre a Tiradentes até a Sete de Setembro e creio que até o fim do mês de abril vamos chegar até a Rua Dom João VI, detalha o responsável pela execução da obra.

De acordo com o projeto apresentado pelo Poder Público no ano passado – que já passou por alterações -, os pavers devem ser implantados até a Rua Mem de Sá. Depois de concluído o calçamento, faremos a limpeza e a troca do calçamento do canteiro central neste trecho central, implantação das ciclovias no intervalo entre as ruas Rua Rogério Valter Grum e Helmuth Koch e da ciclofaixa na Rua Santa Catarina, assinala.

E por falar em Rua Santa Catarina, Fiori lembra que o trecho em que a obra já foi executada na via, entre a Avenida Írio Jacob Welp e a Rua Marechal Deodoro, ainda não está concluído. Foi decidido trabalhar no centro após o período de fim de ano para levantar o cronograma, que por erros de projeto ficou muito atrasado. Executando a obra no centro seria possível elevar o cronograma físico-financeiro da obra e posteriormente retornaremos para aquele trecho para implantar os novos meios-fios que não fazem parte do contrato e que foram esquecidos de serem colocados no orçamento, aponta Fiori.

Ele destaca que até o dia 30 de maio a empresa pretende entregar toda a troca do calçamento e o plantio de árvores, incluindo o canteiro central e que somente após a implantação dos pavers e da ciclovia será realizada a pintura viária de todo o trecho revitalizado. Comprometemo-nos em entregar um trabalho de boa qualidade e no menor tempo possível, mas é preciso que a população também entenda que o transtorno que estamos passando hoje é o preço do progresso, conclui.

 

Empresários satisfeitos?

Perenice Detsch, proprietária do Hotel Fenícia

Eu acho que demorou bastante tempo para ser concluída essa parte que gerou mais transtorno, que é a retirada do calçamento e a colocação do paver, porque vimos que ficou bastante tempo parado. Após a retirada da calçada, ficou pelo menos duas semanas sem nada e sem ninguém mexer. Ainda mais aqui no hotel, que só recebemos pessoas de fora da cidade, ficava esquisito porque quem é de Marechal Rondon sabe que a obra está acontecendo, mas para quem é de fora e vinha uma semana, na semana seguinte e pedia nossa, ainda não está pronto?, então ficava uma situação complicada para explicarmos porque a obra estava parada. Contudo, depois que colocaram o paver ficou muito bom, faltam alguns detalhes, mas vemos que foi um serviço que está a contento.

 

Sandra Kuhn, proprietária da Sandras Confecções

Toda obra gera transtorno, não tem como fugir disso. Cada um é especialista no seu ramo, mas eu vejo algumas coisas ali que andam um pouco devagar. Tem muita gente olhando e pouca trabalhando, mas é a forma deles trabalharem e coordenarem as equipes que atuam. Eu fui prejudicada porque em frente à minha loja estourou um cano cinco vezes, então cinco vezes foi feito buraco. Em um dia foi aberto fora a fora e ninguém pode entrar durante todo o dia na loja por conta disso, o que me deixou revoltada, mas nem por isso vou sair por aí reclamando. Aconteceu, foi um acidente, mas não é motivo para criar conflitos. Quando terminar tenho certeza que vai ficar lindo, vai ser um benefício para minha empresa, a iluminação vai ser maravilhosa, vai ser outra avenida.

Rui Schimmel, proprietário da Ford Rodovel

Eu que tenho empresa há 38 anos na Avenida Rio Grande do Sul já vi várias revitalizações e todas não duraram, não ficaram de acordo com o que foi proposto porque foram mal planejadas. Essa que está sendo executada, o sistema de iluminação aparentemente é o melhor que foi instalado até hoje, mas temos o problema das árvores. Ao meu ver, no canteiro central todas as árvores deveriam ser retiradas porque onde a iluminação nova já foi instalada e existem árvores altas e fechadas a iluminação não funciona como deveria. Poderíamos seguir o exemplo de Toledo, que fez um canteiro central com gramado e plantas baixas e árvores nas laterais da avenida, que já são suficientes. Sobre as calçadas, já conversei com colegas, inclusive engenheiros. Essa está bonita, porém ela acompanha o desejo de cada proprietário de loja, é totalmente ondulada. Tem lugar que a pessoa precisa ser manca para caminhar com estabilidade. Se você for andar pelas calçadas, há elevações, poucos passos depois ela desce novamente para a entrada das lojas, que poderia ser feito por um degrau ou o acesso para cadeirantes de dentro para fora e não de fora para dentro, porque fica muito ondulada a calçada e com o tempo vem o desgaste, começa a soltar porque não tem a aderência que deveria. A calçada não tem mais jeito de mudar, mas as árvores ainda há tempo de serem sacadas todas fora para melhorar a proposta de iluminação no canteiro central.

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