Fale com a gente

Marechal Associação Sangue Bom

Superando estatísticas, doações de sangue em Marechal Rondon se mantêm estáveis

Publicado

em

Doar sangue é um exercício de solidariedade: torna-se um hábito, repassado de pai para filho e compartilhado entre amigos e conhecidos (Foto: Divulgação)

Em uma busca rápida pelos portais de notícias nacionais é possível verificar o número expressivo de localidades e grandes centros que enfrentam uma diminuição expressiva na quantidade de doações de sangue. No Brasil, apenas 16 pessoas a cada mil habitantes são doadoras de sangue, representando 1,6% da população em dados de 2020, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o mínimo de 3% de doadores.

Com a passagem do inverno e os dias mais frios do ano, a doação comumente diminui. Contudo, com o advento da pandemia do coronavírus, os índices caíram ainda mais e os tratamentos de saúde que precisam desse material estão em dificuldades. Os apelos vão desde grandes campanhas de conscientização até mesmo incentivos da primeira-dama e presidente do Conselho Pátria Voluntária, Michelle Bolsonaro, para a doação de sangue.

Por outro lado, alguns municípios que nem possuem estruturas próprias para o ato solidário conseguem manter seus doadores e sua demanda controlados por meio de iniciativas solidárias que mobilizam a população, como é o caso da Associação Sangue Bom, no município de Marechal Cândido Rondon.

De acordo com o presidente da entidade, Wilmar Güttges, a receptividade do projeto é muito grande no município. “Nós temos uma aceitação muito grande nesse projeto e a população rondonense é muito simpática à ideia. Constantemente temos novos doadores e pessoas que fazem o cadastramento para uma doação futura. Estamos próximos dos seis mil cadastros. Esse é um número bem interessante e que vem atendendo à demanda do nosso município. Nós temos certa necessidade e a cada nova solicitação achamos fácil novos doadores devido ao nosso grande banco de doadores”, enaltece.

O rondonense percebe a diminuição da doação de sangue nas outras cidades por meio do trabalho que exerce na associação. “Tive contato com o diretor do Hemepar de Cascavel em abril e ele informou que havia caído em quase 50% a doação de sangue, que normalmente já cai muito no inverno. Com a pandemia, isso se agravou ainda mais, porque as pessoas tinham preocupação de se deslocar e de aglomerações. Contudo, quem vai doar pode ficar tranquilo, porque são respeitadas todas as normas de segurança, muito mais do que já eram antes, com triagem e número reduzido de pessoas atendidas”, assegura.

Presidente da Associação Sangue Bom de Marechal Rondon, Wilmar Güttges: “Temos uma aceitação muito grande nesse projeto e a população rondonense é muito simpática à ideia. Constantemente temos novos doadores e pessoas que fazem o cadastramento para uma doação futura. Estamos próximos aos seis mil cadastros” (Foto: O Presente)

 

ESTABILIDADE

Com o grande volume de cadastros, a associação encontra-se com as doações estáveis, cumprindo com as necessidades do município. “Hoje estamos fazendo uma média mensal de 70 doadores, pós-pandemia, até porque há uma limitação. O Banco de Sangue Hemepar de Toledo tem três cadeiras, já o Hemocentro Regional de Cascavel tem 12, é uma quantidade bem maior, porém a distância é maior e dificulta um pouco”, pontua.

A média mensal varia constantemente entre 50 e 100 doadores, afirma o presidente, devido ao transporte. “O projeto é do Lions Clube Marechal Rondon e tem parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, que nos concede o transporte. Nós respeitamos a possibilidade de ônibus e vans da secretaria, pois além da doação de sangue prestam outros serviços. Assim, conseguimos agendar quatro ou cinco viagens por mês até a unidade coletora”, salienta.

Segundo ele, é importante manter os níveis, pois apesar do medo da população a precisão por sangue não diminuiu e até cresceu. “Pode haver esse receio, mas ao mesmo tempo as demandas por sangue não diminuíram, até parecem que aumentaram, porque os tratamentos que dele necessitam continuam acontecendo. Não existe sangue fabricado, precisa ser humano e depende dele. Esse trabalho é contínuo, não tem um prazo de validade”, afirma.

 

FUNCIONAMENTO

Güttges conta que a Associação Sangue Bom une aqueles que precisam encontrar doadores e as pessoas dispostas a doar. “A pessoa nos procura e informa o número de doadores que ela precisa ‘pagar’ na unidade coletora. Nós atendemos um pouquinho de cada vez, alguns precisam de dez, outros de 100 e até de 200 doadores. É um trabalho constante e de formiguinha, você vai captando”, menciona.

O cadastro serve, de acordo com ele, para acionar pessoas e realizar sempre viagens com a quantidade precisa de doadores. “Fazemos os convites aos doadores conforme a demanda e vamos mantendo contato. Se a pessoa se prontifica a ir logo quando cadastrada, nós a chamamos em breve e o restante fica no banco de dados. Quando lotamos a viagem, paramos de chamar”, explica, emendando que o deslocamento acontece no período da tarde, com saída às 12h30 e retorno às 16h30 se em Toledo, e às 17h30 se em Cascavel.

Em transporte realizado no mês de julho, os doadores se concentram na sede da Associação Sangue Bom antes de pegar estrada (Foto: Divulgação)

 

UNIDADE COLETORA RONDONENSE

Desde o começo da Associação Sangue Bom a reivindicação de uma unidade coletora em Marechal Rondon é assunto recorrente. Após visita ao Hemepar de Curitiba em outubro do ano passado, a diretora do órgão demonstrou reconhecimento do pedido. “Mostramos a necessidade, fizemos essa reivindicação e levamos a documentação necessária. Ela se sensibilizou conosco, mas comentou que não teria condições financeiras para fazer. Esse já não é o problema. Nosso prefeito é muito sensível com a causa, assim como a secretária de Saúde, e nos cedeu o local, na antiga Unidade 24 Horas. Já está pronto, inclusive com autorização da Vigilância Sanitária para exercer esse trabalho, mas nós continuamos dependentes dessa autorização”, frisa.

Recentemente, durante visita do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri, e do secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, Güttges entregou mais uma vez o pedido de autorização. “Eles se mostraram sensíveis com a causa e entenderam que é pouca coisa, somente a autorização, porque o resto já está pronto. Então estamos no aguardo. Tenho sido constantemente orientado de que o pedido está andando, mas agora na época política está parado. Acredito que ano que vem tenhamos essa autorização. Isso vai facilitar o processo e vai ser colhido muito sangue, porque o povo daqui é extraordinário, quer doar”, considera.

 

QUEM PODE DOAR

Questionado sobre a dúvida que muitos têm sobre a dor em doar sangue, o presidente da entidade rondonense é sucinto: “É uma picadinha, mais tranquila do que a coleta de sangue para exames. As pessoas gostam e têm alegria de doar. Prova disso é que temos pais levando filhos, mães levando filhas e um hábito de solidariedade sendo criado”, exemplifica.

Güttges explica que a partir dos 16 anos já é possível doar, se acompanhado dos pais, e até 69 anos caso a pessoa já seja doadora. “Caso nunca tenha doado, o limite para início é de 60 anos. É preciso ter uma saúde boa, sem doenças crônicas, no mínimo 50 quilos e estar bem alimentado no dia da coleta. Além disso, deve-se esperar um ano após ter feito maquiagens definitivas, piercings ou tatuagens. Os homens podem doar a cada 60 dias e a mulher a cada 90 dias. Temos doadores que durante nosso tempo de serviço já doaram mais de dez vezes”, detalha.

Aos interessados, o cadastro pode ser feito direto na Associação Sangue Bom, localizada no canteiro central da Avenida Maripá, entre as Lojas Quero Quero e a Agropecuária Brusque, antiga banca de revistas. “Atendemos de manhã e à tarde, tanto para cadastramento quanto para quem precisa encontrar doadores. Nosso telefone é o (45) 3031-1310”, menciona o dirigente, que acrescenta: “Agora o cadastro pode ser feito também por telefone, WhatsApp ou na página da associação no Facebook (https://www.facebook.com/AssociacaoSangueBom/), conforme o preenchimento e envio da ficha”, ressalta.

Juntamente à Associação Sangue Bom, o Lions Clube tem naquele espaço o Banco de Produtos Ortopédicos. “Temos cadeiras de rodas, de banho, andadores, muletas e afins para quem precisa e não tem condições de comprar ou alugar. Emprestamos por 90 dias renováveis por outros 90 dias”, conclui.

 

O Presente

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente