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Marechal

Teatro rondonense: projeto sem fim

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Já se passaram sete anos desde que a Prefeitura de Marechal Cândido Rondon deu o pontapé inicial na construção do teatro. De lá para cá, muitas previsões foram feitas para a inauguração, mas nenhuma se concretizou. Os motivos para isso foram muitos, dentre eles é possível citar que o projeto tem custado aos cofres públicos muito além do que inicialmente o Poder Executivo planejava, até diante de toda complexidade da obra, e foi preciso fazer aditivos em contratos; atraso de construtora para conclusão de sua etapa no projeto; e o próprio tornado, que danificou a cobertura e, após avaliação técnica, constatou-se a necessidade do trabalho ser refeito ano passado.

Antes de concluir o mandato, a equipe do ex-prefeito Moacir Froehlich acreditava que seria possível concluir o teatro em meados de 2017. Já a equipe do prefeito Marcio Rauber, por sua vez, prefere não falar em prazos. “É difícil precisar. Nossa meta é concluir o teatro o quanto antes, mas não temos como falar uma data”, admite o secretário municipal de Coordenação e Planejamento, Reinar Seyboth.

De acordo com ele, no início desta gestão uma das primeiras coisas que foi feita envolveu a identificação dos processos licitatórios existentes, o que já tinha sido feito e o que precisava ter continuidade. “A cobertura do teatro foi refeita por conta do tornado. Havia um contrato para reparação do telhado e, inclusive, o serviço era para ser concluído no fim do ano passado. No entanto, esta etapa não foi finalizada. A empresa protocolou um pedido de adiamento por ser um reparo de bastante dificuldade, pois a distância do telhado ao chão é bem significativa. E o reparo não envolvia somente o telhado, mas havia a parte das passarelas que estavam sendo feitas na parte superior. São situações que foram ocorrendo concomitantemente e isso se estendeu até o início do mês de abril para ficar efetivamente pronto”, detalha o chefe da pasta.

Concluir este reparo era imprescindível para que houvesse o andamento de outras etapas para, enfim, terminar o espaço público com a instalação de toda parte cenotécnica, os aparelhos de ar-condicionado e o término do acabamento, cujos contratos foram assinados ainda antes do fim do governo anterior. “O contrato referente ao acabamento do teatro está em praticamente 50% de sua execução. Porém, os 50% finais dependem da parte interna em que será feito um conjugado de ações, que seria justamente a instalação do ar-condicionado, acabamento no forro e laterais e a cenotecnia, que engloba toda parte necessária para o funcionamento do teatro, desde sonorização, iluminação a cenários. Estas três ações precisavam ser conjugadas”, expõe Seyboth.

 

Desatualizado

Porém, neste meio tempo a empresa vencedora da licitação que cuidaria da cenotecnia alertou a prefeitura quanto à característica dos equipamentos que estavam sendo adquiridos. “São equipamentos que à época, quando o projeto do teatro foi elaborado (em 2009), eram modernos e atuais. Entretanto, com o passar dos anos esses equipamentos ficaram obsoletos”, declara o secretário, segundo o qual, só nesta área os investimentos previstos são de aproximadamente R$ 1,4 milhão.

Diante disso, a empresa informou que até poderia cumprir o contrato, mas a prefeitura estaria adquirindo algo ultrapassado e em um futuro próximo haveria dificuldade em fazer a manutenção ao expirar prazos de garantia.

Na parte de iluminação, as lâmpadas previstas e luminárias também são consideradas ultrapassadas. Hoje, em razão da economicidade, está se focando muito na opção por LED. “Estaríamos fazendo um investimento alto sem ter o melhor aproveitamento dos próprios equipamentos usados. Essa situação nos foi apresentada e a empresa pediu que fizéssemos uma revisão”, revela. “A empresa já se dispôs a cancelar o contrato. Estamos avaliando esta possibilidade. Se houver o cancelamento não haverá prejuízo para ambas as partes”, emenda.

 

Outra preocupação

Somado a isso, outra preocupação se refere aos revestimentos, principalmente do teto e das laterais, pois são itens considerados fundamentais no tocante à acústica. “Se o município errar neste momento, necessariamente teremos uma estrutura aquém daquilo que poderia ser. Isso pode ser fundamental para classificar um teatro de alta qualidade, considerando todo potencial que a estrutura tem. Segundo técnicos renomados do Paraná, a estrutura existente em Marechal Cândido Rondon é excelente. Entretanto, se agora na parte de acabamento não for dada a devida atenção, podemos ter uma estrutura muito prejudicada”, argumenta Seyboth.

Como houve a opção em fazer a revisão dos equipamentos que devem ser adquiridos e se está buscando o melhor em termos de acabamento, o secretário enaltece que tudo isso acabou influenciando na execução dos contratos já licitados.

Por outro lado, ele expõe que há cerca de duas semanas foi realizada uma audiência com o secretário estadual da Cultura, João Luiz Fiani, para buscar justamente um acompanhamento técnico, pois o Estado possui profissionais considerados altamente qualificados e faz a gestão daquele que é considerado o melhor teatro do Paraná, que é o Guaíra. “Seria muito importante contar com este auxílio. Apresentamos essa demanda e o secretário se comprometeu a nos auxiliar para que tenhamos o acabamento dentro dos padrões necessários e, desta forma, seja possível finalizar a estrutura com bastante qualidade”, afirma o chefe da pasta.

A secretária de Cultura, Márcia Veit, ressalta que tudo que houve de mudança em termos de tecnologia a municipalidade precisará ao menos tentar acompanhar os avanços para ter um teatro com alta qualificação. “Mantivemos contato com o Teatro Guaíra, que recebeu investimentos em 2015, e há situações em que vamos tentar nos adequar, como a própria madeira usada no palco, que precisará ser específica, e a opção por lâmpadas de LED, que em 2009 era algo que não se pensava”, detalha, acrescentando: “Estamos ansiosos aguardando a visita técnica do Fiani, pois ele é dono de um teatro. Então ele, juntamente com uma equipe do Teatro Guaíra, faz questão de vir a Marechal Rondon nos dar essa assessoria gratuita. Acredito que isso será importante para o município”, avalia, mencionando que a visita dele deve ocorrer nas próximas semanas.

Seyboth complementa que o teatro rondonense será uma obra de referência estadual, tanto pelo porte como por aquilo que pode representar. “A expectativa é real em termos uma estrutura superior inclusive aos teatros de Toledo, Cascavel e Foz do Iguaçu. Poderemos atrair espetáculos e shows artísticos”, almeja.

 

Mais investimentos

Além dos três contratos já existentes, a prefeitura está com uma licitação em andamento para aquisição de quase mil poltronas, sendo que o valor unitário é de R$ 900. Posteriormente, ainda será preciso investir em paisagismo, no estacionamento e concluir a Casa da Cultura. “Para ter ao menos o teatro em funcionamento é preciso ter estes quatro contratos executados (cenotécnica, ar-condicionado, acabamento e poltronas) e fazermos ainda o paisagismo, que demandará centenas de milhares de reais para toda a estrutura existente, além de outros serviços, como o estacionamento”, frisa o rondonense.

De uma previsão inicial de investir aproximadamente R$ 6 milhões no teatro, a obra já demandou cerca de R$ 8,5 milhões e existem mais em torno de R$ 4 milhões que estão em execução, além de outros recursos programados, sem contar a Casa da Cultura.

 

Casa da Cultura

A Casa da Cultura está localizada aos fundos do teatro e vai abrigar a Escola Municipal de Artes, que oferece diversas atividades aos munícipes. A parte física já está concluída, mas resta fazer o acabamento, o que deve ficar para um segundo momento.

Conforme o secretário de Coordenação e Planejamento, neste caso os investimentos são bem menores do que em relação ao teatro, pois a estrutura não exige nada especial, como piso, aberturas e divisórias. “São apenas salas de aula, o que é menos custoso”, diz.

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