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Marechal Em busca de solução

Tecnologia da Informação perde oportunidades de crescimento por falta de mão de obra qualificada

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Instituições e empresas rondonenses se unem para solucionar o problema e buscam estratégias para o desenvolvimento de novas ideias que fomentem um ecossistema de inovação (Foto: Mirely Weirich)

A tecnologia se tornou fundamental para manter a competitividade das empresas no mercado. Os ganhos de escala proporcionados pela tecnologia da informação e comunicação motivaram uma mudança de cultura, além de terem aberto novas oportunidades.

A internet das coisas tem um mercado potencial de R$ 3,29 bilhões até 2021 no Brasil e, neste mesmo prazo, o mercado de aplicativos deve movimentar cerca de U$S 6,3 trilhões em todo o mundo.

Apesar de a tecnologia ter potencial de gerar ganhos econômicos nunca antes experimentados, tanto para os usuários da tecnologia quanto para as pessoas que serão empregadas nesta área, o setor de tecnologia da informação (TI) tem perdido oportunidades de crescimento por falta de mão de obra qualificada em Marechal Cândido Rondon. “O principal ganho para as pessoas e empresas que usam tecnologia é o aumento de produtividade no trabalho. As empresas podem aproveitar novos nichos de mercado decorrente das mudanças da tecnologia. Novos aplicativos e serviços que antes eram oferecidos presencialmente poderão ser ofertados e entregues pela empresa através de aplicativos”, destaca o coordenador do Núcleo Rondon-IT da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar), Andre João Dall Forno.

Hoje já é possível, por exemplo, comprar e pagar por uma pizza em um aplicativo de celular e recebê-la em casa em poucos minutos.

Assim como este modelo de negócio, que já é uma realidade no município, Dall Forno pontua que muitas outras iniciativas podem surgir, bastam pessoas com competências técnicas necessárias para criar as soluções. “Atualmente o setor de TIC de Marechal Rondon tem em torno de 300 pessoas atuando na área nas mais diversas funções, seja em lojas de assistência ou empresas de desenvolvimento de software. Algumas empresas, no entanto, não conseguem iniciar o desenvolvimento de novos softwares por falta de pessoal qualificado”, comenta.

Essa realidade, entretanto, não se restringe apenas a Marechal Rondon. De acordo com Dall Forno, em todo o Brasil faltam profissionais qualificados na área de tecnologia, que demanda de pessoas com intensa preparação por meio de cursos técnicos e superiores. “A formação pelos cursos universitários e técnicos no Brasil está menor que a demanda de profissionais”, salienta, mencionando que no Brasil, mesmo com baixo crescimento econômico, em 2019 foram criadas aproximadamente 1,7 mil novas vagas para programadores.

Hoje em Marechal Rondon já são empregados programadores, analista de sistemas, analistas de negócio, analista de suporte, testadores de software, atendentes de suporte, técnicos em manutenção de informática, técnicos em rede e administradores de servidor – todas funções profissionais que exigem formação na área de tecnologia da informação.

 

POTENCIAL

A tecnologia está à disposição e os problemas para serem solucionados com a aplicação dessas ferramentas existem aos montes, contudo, o que falta são produtos e serviços inovadores que podem ser criados por quem está próximo do usuário, por quem conhece as necessidades.

Em Marechal Rondon, cita o coordenador do Núcleo Rondon-IT, há grande potencial para empreendedores com novas ideias na área da tecnologia da informação. Isso porque o mercado de uma empresa na área não se restringe apenas ao município.

Ele diz que muitos problemas na área da agropecuária e da indústria, por exemplo, podem usar programação e robótica, e a região possui uma diversidade de atividades rurais que podem ser laboratório de muitas soluções. “As soluções não virão somente de uma mente criativa de dentro de uma grande multinacional que está nos Estados Unidos, na Europa ou na China. Ela pode vir de uma pessoa que está em Marechal Rondon, disposta a resolver os problemas das pessoas à sua volta usando a tecnologia da informação e engenharia. Para isso acontecer, no entanto, é necessário uma grande aliança entre o setor público, universidades as empresas, tendo como foco a busca incessante pela inovação”, opina. “Com o surgimento dos dispositivos móveis, computação em nuvem, internet das coisas e inteligência artificial, as aplicações que podem ser criadas para resolver problemas das pessoas muitas vezes ainda nem temos como imaginar”, complementa Dall Forno.

Ele comenta que os empresários do setor de TI são unânimes em afirmar que a educação exerce um papel preponderante no desenvolvimento do setor. “Para a formação da mão de obra qualificada há influência de toda qualificação prévia que a pessoa recebe antes de começar a trabalhar, a começar pela saída do aluno da escola bem formado, a realização de cursos livres profissionalizantes, cursos técnicos, até o Ensino Superior e pós-graduação. Todavia, além de não haver em Marechal Rondon curso superior na área de TI, as universidades da região não formam número suficiente de profissionais demandados pelo mercado”, enaltece.

Além de haver pouca formação na área, a carência de mão de obra dá-se pelo fato de que, em anos anteriores, o setor de TI não estava organizado na região e não propiciava o desenvolvimento da cultura empresarial.

O vice-presidente de Inovação e Tecnologia da Acimacar, Nilmar dos Santos, expõe que são cerca de 11 anos que existem os Arranjos Produtivos Locais (APLs) de tecnologia da informação Iguassu-IT, que está organizado em núcleos setoriais em Marechal Rondon, Toledo, Cascavel, Medianeira e Foz do Iguaçu. “O setor de TI experimentou um enorme crescimento no Brasil primeiramente puxado pelas demandas decorrentes do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), da Nota Fiscal Eletrônica e do comércio eletrônico. Agora, ele é fomentado pelos novos aplicativos que surgem decorrente da ascensão dos celulares e das novas tecnologias que se mostram promissoras. Os municípios que já têm o setor de TI organizado poderão experimentar um crescimento econômico acima da média”, ressalta Santos.

 

Coordenador do Núcleo Rondon-IT da Acimacar, Andre João Dall Forno: “O setor de TIC de Marechal Rondon tem cerca de 300 pessoas atuando na área nas mais diversas funções, seja em lojas de assistência ou empresas de desenvolvimento de software. Algumas empresas, no entanto, não conseguem iniciar o desenvolvimento de novos softwares por falta de pessoal qualificado” (Foto: Mirely Weirich)

 

EM BUSCA DE SOLUÇÕES

Com foco em atender a essas demandas, a Acimacar, por meio do Núcleo Rondon-IT, tem contribuído para que empresários do município se desenvolvam e busquem a inovação e fomentado a união de esforços para a qualificação de mão de obra.

Em junho deste ano, a Secretaria de Indústria Comércio e Turismo celebrou um contrato de prestação de serviços pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para a realização de cursos na área de informática e software.

Serão ofertados gratuitamente para a população os cursos de Desenvolvimento de Sistema Web, para a formação de programadores, e Coreldraw, cada um com 20 vagas. “O conteúdo do curso para formação de programador web foi discutido entre o Senac e empresários do setor, preparando a formação para o aluno já sair programando. Serão 240 horas de curso, em que o aluno aprenderá lógica de programação, linguagens orientadas a objeto, uma linguagem de programação web e bancos de dados”, detalha Dall Forno.

Empresários do município também participarão da formação, por meio de apresentação de suas empresas e possível abertura de oportunidade de estágio aos alunos.

Poderão participar do curso pessoas com idade superior a 14 anos, 1º ano do Ensino Médio completo e com conhecimento comprovado em informática. A abertura das inscrições e a data do teste seletivo serão divulgadas no próximo mês. “O programador é responsável em escrever rotinas, processos e instruções, transformando a linguagem humana para computacional. Ele precisa compreender as regras e procedimentos da organização, bem como as necessidades dos usuários que utilizará o programa e transformar em linguagem de máquina o qual nós chamamos de software (programa), que hoje está presente em quase tudo o que utilizamos na tecnologia, seja de uma simples calculadora até um veículo ou máquina agrícola”, enfatiza o coordenador do Núcleo Rondon-IT.

 

INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

A inovação é outra aposta do setor de TI rondonense. Apesar de ser associado por muitos à tecnologia, o vice-presidente de Inovação e Tecnologia da Acimacar destaca que a inovação é muito mais do que isso. “Ela envolve todas as atividades econômicas incluindo o setor público, tanto que já foram desenvolvidas diversas ações para ativação do ecossistema local de inovação e aproximar diversas instituições, dentre universidades, grandes empresas, entidades empresariais e o setor público”, expõe Santos.

No âmbito da Câmara Técnica de Inovação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Marechal Cândido Rondon (Codemar), compartilha ele, está sendo estudada uma Lei de Incentivo à Inovação, discutida juntamente a outras instituições como a Secretaria da Fazenda, de Indústria, Comércio e Turismo, Acimacar, Núcleo Rondon-IT, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Faculdade de Ensino Superior de Marechal Cândido Rondon (Isepe), Conselho do Jovem Empreendedor (Cojem) e empresas locais. “Temos uma comunidade acadêmica local significativa, espírito de colaboração, cooperativismo e associativismo que é referência na região e uma cultura de startup nascente, com jovens empreendedores envolvidos. Isso configura um terreno fértil para a implantação de um ecossistema de inovação”, avalia Santos.

Por outro lado, ele aponta a necessidade da criação de novas oportunidades para os empresários e jovens empreendedores se motivarem a tirar suas ideias do papel e transformar em empreendimentos que gerem riquezas, produtividade, empregos e renda para o município. “Quando o empresário abre um empreendimento ele corre riscos, mas quando se trata de inovação, o resultado é incerto. Para preparar o empreendedor, estimulá-lo a transformar ideias vagas em produtos e diminuir a incerteza do empreendimento, é necessário um programa de apoio ao empreendedor desde o surgimento da ideia até a empresa se estabelecer no mercado”, considera o vice-presidente da Acimacar.

Neste aspecto, a Lei de Incentivo à Inovação tem como finalidade elaborar programas e apoiar iniciativas que ajudam o empreendedor a transformar ideias em empreendimentos, simplificando os procedimentos de abertura de empresas startups no município, criando e regulamentando ambientes e instituições que incentivam a inovação e permitindo que o município faça parcerias com Instituições de Pesquisa Científica e Tecnológica (ICTs) para contratação de serviços inovadores que melhorem os serviços públicos e disponibilizando um fundo de inovação para desenvolver políticas, projetos ações e eventos de incentivo à inovação e incubação de novas startups. “A Câmara Técnica de Inovação tem como finalidade discutir as propostas de como fazer isto acontecer no município. Uma iniciativa que já caminha neste sentido é o Startup Day, que aconteceu no último sábado (24), na Acimacar, promovido pelo Cojem. O objetivo do encontro foi reunir em um só local as startups do município e região a fim de proporcionar a troca de experiências com a apresentação das iniciativas, fomentando e incentivando a cultura de inovação e tecnologia”, conclui Santos.

 

O Presente

 

Vice-presidente de Inovação e Tecnologia da Acimacar, Nilmar dos Santos: “Temos uma comunidade acadêmica local significativa, um espírito de colaboração, cooperativismo e associativismo que é referência na região e uma cultura de startup nascente, com jovens empreendedores envolvidos. Isso configura um terreno fértil para a implantação de um ecossistema de inovação” (Foto: Mirely Weirich)

 

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