Fale com a gente

Marechal

Teremos um ano com uma série de desafios pela frente, diz Davi Schreiner

Publicado

em

 

Mirely Weirich/OP

Davi Felix Schreiner, diretor do campus de Marechal Cândido Rondon da Unioeste: Não compreendemos como existe uma visão tão limitada e tão limitadora das potencialidades e possibilidades que se colocam para a universidade e para a gestão

Com o calendário acadêmico para 2017 programado para iniciar em abril – já que em 1º de fevereiro os estudantes que retornam às salas de aula da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) retomam o calendário de 2016 -, o diretor do campus rondonense, Davi Félix Schreiner, desenha um ano com desafios que andarão de mãos dadas ao planejamento da instituição neste ano.

Com uma série de projetos em andamento, o dirigente ressalta que será necessário desenvolver muitas ações para que outros convênios e parcerias se tornem uma realidade, sobretudo daqueles projetos que aproximam a universidade da comunidade por meio de instituições públicas e privadas. Há convênios assinados com a Itaipu Binacional que envolvem a Estação Experimental de Entre Rios do Oeste, acerca da pesquisa, bem como da formação dos alunos de graduação e pós-graduação nos mestrados e doutorados, ambos projetos com uma tônica voltada à produção orgânica, tanto na pecuária leiteira quanto na produção de cultivos, expõe.

Para Schreiner, a Estação Experimental deve, aos poucos, consolidar-se na perspectiva de ser utilizada em modelo de plataforma, ou seja, apesar de ser uma área da universidade, diferentes parceiros podem atuar em conjunto com a instituição para desenvolver ciência, tecnologia e inovação, o que beneficia tanto a Unioeste quanto os diferentes segmentos do setor produtivo, desde o pequeno agricultor familiar até empresas. No fim do ano passado, tivemos diversos projetos aprovados junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e na Fundação Araucária e que agora passam a ser executados, o que também é uma importante contribuição para o fortalecimento do ensino, da pesquisa e da extensão, complementa o diretor do campus.

 

Desafios

No horizonte de desafios a serem enfrentados em 2017 pela instituição situada no município está a liberação de verbas já formalizadas por meio de convênios junto à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Entre os projetos aprovados estão aqueles voltados para a conclusão dos blocos um e dois do prédio de Ciências Agrárias, cuja obra está paralisada. Precisamos trabalhar para que os recursos sejam liberados, até porque os recursos já estão as-

sinados e somam mais de R$ 500 mil, além de outros laboratórios como o de Pedologia e Geologia, destaca.

Junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Schreiner destaca que o trabalho será voltado para a liberação de recursos que já somam mais de R$ 3 milhões apenas para o prédio que abrigará o programa de pós-graduação em História e Geografia, além de recursos para a construção dos blocos três e quatro para o complexo de Ciências Agrárias. É um desafio grande, sobretudo pela conjuntura de crise financeira que estamos vivendo. Esses recursos não foram liberados no ano passado em função desta crise, mas queremos crer que com o trabalho que faremos esses recursos serão liberados porque essas construções são extremamente importantes não apenas para a universidade, mas para a extensão universitária, ressalta.

Assim como projetos já desenvolvidos pela Unioeste na microrregião, como a análise de solos feita há mais de 12 anos junto a 14 prefeituras, o diretor do campus destaca a intenção de colocar à disposição da comunidade os 40 laboratórios instalados, com o desafio de fazer a comunidade conhecer o potencial da Unioeste em Marechal Cândido Rondon, que atua na melhoria das condições de produção, produtividade e qualidade, gerando e agregando renda injetada na economia local. Para cada R$ 1 que o campus de Rondon traz para a comunidade gera-se R$ 1,75 a mais, então, além do conhecimento, que não tem como ser mensurado seu impacto, do ponto de vista dos recursos financeiros há uma dimensão muito importante. Seguramente o campus de Rondon está entre uma das três maiores empresas do município, pontua.

 

Projetos internos

Internamente à instituição, Schreiner destaca que o desafio está na verticalização do ensino. Andamos muito nos últimos anos, com a criação de mestrados e doutorados, e precisamos avançar nesse sentido, diz. No planejamento junto aos docentes da Unioeste está a finalização de projetos para mestrado nas áreas de Educação Física e Ciências Sociais Aplicadas, a fim de serem submetidos à Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) e, quando aprovados, implantados na instituição.

Além de dar continuidade a projetos como o Programa de Ensino de Línguas Estrangeiras, que atende crianças da rede pública de ensino com cursos de alemão com salas próprias para o atendimento à comunidade, bem como o Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude (Neddij), além do Laboratório de Pesquisa e Estudos do Gênero (Lapeg), financiado pelo governo federal, pela Prefeitura de Marechal Cândido Rondon e pela Fundação Araucária, o objetivo é finalizar o projeto de equoterapia, que visa atender a pessoas com deficiência. Nosso objetivo é aliar o trabalho de diferentes profissionais para desenvolver a pesquisa no atendimento a pessoas portadoras de deficiência porque há uma demanda significativa na microrregião. Apesar de espaços existentes na microrregião, não são tão bem equipados e com recursos que possam propiciar a pesquisa, envolvendo as áreas da saúde, Educação Física, Zootecnia, Agronomia e, ao mesmo tempo, a formação dos nossos alunos, justifica.

 

Olhos na crise

Apesar dos projetos promissores, Schreiner lembra que a crise não foge do foco. Mas é ela que nos deve permitir a criatividade. Se eu não olhar para a crise, eu não vou olhar para as possibilidades que se colocam para recriar formas e estratégias para que o Ensino Superior permaneça e se fortaleça como público e que cumpra seus fins de pesquisa e extensão, fortalecendo-se junto à comunidade, opina.

Avaliando que pelo menos os primeiros meses de 2017 devem ser difíceis para as universidades públicas, assim como para outros segmentos em termos de custeio e manutenção, preliminarmente o diretor do campus rondonense da Unioeste desenha um cenário similar ao vivido em 2016. Vamos continuar com a mesma dificuldade, mas espero que ela se altere. Espero que o diálogo frutifique junto ao Governo do Estado, declara.

Schreiner diz que pelo menos 80% das verbas investidas na Unioeste de Marechal Cândido Rondon são próprias, por isso, ele espera que a instituição possa ter o direto de investir esses recursos arrecadados na melhoria das condições de oferta do ensino, pesquisa e extensão. Temos equipamentos de grande valor, financiados por meio de projeto de docentes, em que os equipamentos estão comprados e não conseguimos construir um laboratório de R$ 65 mil mesmo com recursos próprios para isso porque o governo não libera orçamento para construção. E este não é só um caso, são pelo menos cinco, revela.

Para ele, é inconcebível para um professor e para um gestor de um campus de uma universidade pública aprovar projetos, buscar recursos no âmbito federal e em outras instituições públicas, e não ter a liberação de orçamentos. A gente sabe que existe a dificuldade, mas não compreendemos como existe uma visão tão limitada e tão limitadora das potencialidades e possibilidades que se colocam para a universidade e para a gestão, enaltece. O dever de casa nós estamos fazendo, a boa gestão dos recursos no campus de Rondon nós estamos fazendo. Estamos trabalhando redobrado em tempo de crise para ofertar condições mínimas, e reforço que esta é uma questão delicada, mas que precisa ser resolvida, conclui.

Copyright © 2017 O Presente