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Marechal

Tilápia, a cultura do futuro

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O Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária do Paraná movimentou R$ 88,8 bilhões no ano de 2016, segundo dados do Governo do Estado. Demonstrando cada vez mais vocação ao agronegócio, o Oeste novamente foi a região com maior contribuição, respondendo por R$ 19,3 bilhões em termos de faturamento com as mais variadas atividades.

Cinco municípios permanecem na liderança com a movimentação de R$ 6,6 bilhões, ou 34% de tudo o que é produzido pelos 50 municípios do Oeste. São campeões em produtividade Toledo, Cascavel, Marechal Cândido Rondon, Assis Chateaubriand e Palotina. E vale ressaltar: se décadas atrás os grãos puxavam a frente, nos últimos anos os carros-chefes passaram a ser a avicultura de corte e os suínos.

Há um sobe e desce em termos de culturas. Em declínio está o trigo, que vem perdendo área por inúmeros fatores, enquanto a produção de tilápias conquista mais adeptos. O VBP da tilápia avançou de R$ 75,6 milhões em 2015 para R$ 103,9 milhões em 2016, incremento de 37% de um ano para o outro nos cinco municípios. Por essas e outras mais produtores estão migrando e apostando todas as fichas no setor.

De olho em um nicho de mercado em franca expansão, o segmento também atrai investimentos de empresas e cooperativas, como, por exemplo, o frigorífico de peixes instalado em Nova Aurora, o frigorífico em construção na cidade de Palotina e outro em atuação em Marechal Rondon. Quatro Pontes e Mercedes também desejam construir plantas industriais para o abate. E não poderia ser diferente, pois décadas atrás Maripá deu importante passo e se tornou referência estadual. Palotina mais que dobrou sua receita com a tilápia, saltando de R$ 13,8 milhões para R$ 29,2 milhões em 2016. Marechal Rondon evoluiu 68%, passando de R$ 4,9 milhões em 2015 para R$ 8,3 milhões no último ano.

Propriedade modelo

Osvanir Dalpizol atuou como técnico agrícola em um frigorífico em Marechal Rondon até ingressar na piscicultura como produtor de alevinos em 1997. Em meados de 2015, ele formou sociedade com Leonildo Tognon para adquirir uma propriedade voltada exclusivamente à produção de tilápias. A propriedade modelo tem área de 10,6 alqueires e está situada na Linha Sanga Furão, no distrito de Margarida, interior de Marechal Rondon. Desse total, cinco estão ocupados por 11 lâminas d’água com dois milhões de tilápias alojadas, já a outra área é formada por reserva legal. Os trabalhos são desempenhados pelos funcionários Arnildo e Josimar Klais.

Dalpizol salienta que este é o segundo ano de exploração, sendo que no ano passado foram retiradas 800 toneladas de tilápias. “Para este ano estamos projetando uma expansão de até 50%, podendo chegar a 1,2 mil toneladas do peixe”, destaca ao O Presente.

A atuação rendeu aos sócios, em julho, o prêmio de produtor destaque em piscicultura no município. “Ingressei na piscicultura 20 anos atrás porque naquela época os rumos já apontavam que a tilápia é a melhor opção no setor e uma das mais interessantes no agronegócio. Há muito campo para explorar, sendo que o produtor que trabalha com dedicação obtém bons resultados”, enfatiza.

Novos mercados

O técnico do Departamento de Economia Rural de Toledo (Deral), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Paulo Oliva, menciona que as áreas para o cultivo de soja e milho estão limitadas na região. “Aves, suínos e piscicultura, como a tilápia, estão em pleno desenvolvimento. A diversificação experimentada na região gera o crescimento no agronegócio, o que agrega maior valor aos produtores, aos municípios e ao Estado”, assegura.

Oliva diz que a tilápia deve ganhar mais espaço com as aberturas de mercado e outras empresas entrando na região com abatedouros. “Já o trigo perde área devido a questões políticas, de custos, o que desanima o produtor. Além dele, o milho primeira safra vem caindo em função da soja possuir maior valor agregado. O mercado de carnes vai expandir na região com o frigorífico de suínos da Frimesa em Assis Chateaubriand, além dos vários abatedouros de peixes por toda a região. O produtor deve buscar qualificar sua mão de obra para reduzir custos e aumentar a produtividade e renda”, ressalta.

 

Referência

O município de Maripá resolveu apostar na piscicultura ainda na década de 1990, inicialmente através da Emater e depois com a contratação de um técnico na prefeitura. O engenheiro de pesca e diretor do Departamento de Proteção ao Meio Ambiente e Piscicultura de Maripá, Cleiton Manske, relata que esta é uma das cinco principais atividades do agronegócio no município. “O frigorífico de peixes em Palotina e os outros na região vão alavancar muito a produção de tilápias no Oeste. A produção média hoje é de 55 toneladas por hectare, podendo chegar a 7,2 mil toneladas no município. O apoio da Emater, a assistência técnica, a busca pelo conhecimento e uso da tecnologia são fundamentais. Ano passado o Paraná produziu 94 mil toneladas de peixes, das quais 69% oriundas do Oeste e desse total 96% eram tilápias. A produção vem sendo ampliada em nível nacional”, garante.

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