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Marechal PANORAMA DA SAÚDE

Uma pessoa morre a cada dia em Marechal Rondon

Apesar do alto número de óbitos, nascimentos são ainda maiores, somando 758 nascidos vivos no ano passado. De acordo com o 4ª Boletim de Conjuntura Econômica Regional, preocupação está para a prevenção da principal causa de mortes no município, na região Oeste e no Estado: doenças do aparelho circulatório

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Mirely Weirich/O Presente

Em 2017, ao passo que 758 bebês nasceram em Marechal Cândido Rondon, 385 pessoas faleceram. Apesar de mais rondonenses terem nascido no ano passado do que comparado com o ano de 2016, o gráfico de óbitos também aumentou, de 369 falecimentos para 385 no comparativo de 2016 com 2017. É como se a cada um dia do ano que passa, uma pessoa morresse no município.

Os dados aparecem na 4ª edição do Boletim de Conjuntura Econômica Regional do Oeste do Paraná, desenvolvido pelo Programa Oeste em Desenvolvimento (POD) e que, desta vez, traz um panorama da saúde dos municípios oestinos.

Elaborado pelo Observatório Territorial, o documento traça um panorama da saúde nos 54 municípios de abrangência do programa, com informações sobre estatísticas vitais, como número de nascidos vivos e tipos de parto, tipos de hospitais e equipamentos disponíveis para a população e a quantidade e a qualificação dos profissionais de saúde.

 

Mortalidade

De acordo com o boletim, a principal causa dos óbitos em Marechal Rondon é a mesmo da região Oeste e também do Paraná: doenças do aparelho circulatório.

No município, na comparação entre os anos de 2015 e 2016, dados mais recentes obtidos no DataSUS, as mortes pelas doenças nesta categoria tiveram diminuição de um para outro ano, caindo de 112 para cinco. Apesar disso, nos anos de 2013 e 2014, o número era menor: 99 e 82, respectivamente.

Na região, em 2016, 2.319 pessoas faleceram por conta dessas doenças, enquanto que no Estado o número é de 20.813 mortes. “Vemos uma crescente nessas patologias e podemos fazer algumas análises acerca disso, desde os hábitos alimentares da população, o sedentarismo, até a correria desenfreada dessa nova geração, bem como o trabalho em excesso e o pouco tempo disponível para cuidar da própria saúde”, destaca a secretária de Saúde de Marechal Cândido Rondon, Marciane Specht. “Vemos crescentes em casos de hipertensão e diabetes que podem levar a doenças do aparelho circulatório tanto para homens quanto para mulheres, bem como a obesidade”, salienta.

De acordo com ela, a partir dos dados do setor de nutrição da Secretaria de Saúde, é observado um aumento nos casos de obesidade infantil, o que, na visão de Marciane, é reflexo das crianças que acabam “parando”. “A tecnologia é de extrema importância na atualidade, mas as nossas crianças precisam se mexer porque, como consequência, quando adultas terão maior propensão a diabetes, hipertensão e problemas circulatórios, que levam ao infarto, AVC e trombose, por exemplo”, alerta.

 

 Promover e prevenir

Como forma de reverter a crescente nesses índices, a secretária enfatiza que no município o trabalho na saúde pública é voltado para a promoção à saúde e prevenção de doenças na atenção primária.

As unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF) possuem um cronograma com grupos de hipertensos e diabéticos que recebem orientações relacionadas à psicologia, hábitos de nutrição e vida saudável e exercícios físicos. “Além de acompanhamento e orientação do enfermeiro, médico, psicólogo e nutricionista, ocorrem visitas domiciliares dos agentes comunitários de saúde nas casas e os convites para que participem das atividades nas unidades e não apenas façam consultas, exames e retirem medicamentos”, pontua Marciane. “É uma questão de cultura que gradativamente vamos trabalhando com a população”, acrescenta.

No final do ano passado, o município conquistou a habilitação para estruturar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), para apoiar as ações das ESF, que está em fase de organização e já possui profissionais designados.

 

Nascimentos

No boletim divulgado pelo POD, o número de cesáreas é quase três vezes maior do que os partos normais realizados no município em 2016, premissa contrária à linha guia do programa Rede Mãe Paranaense, seguida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) rondonense. O número, entretanto, leva em consideração as redes pública e privada e somente no ano passado os partos voltaram a ser realizados em Marechal Rondon pelo SUS, no Hospital Municipal Dr. Cruzatti, onde 42% dos partos realizados desde então foram naturais. “Até hoje 282 nascimentos ocorreram na unidade hospitalar, sendo 120 normais e 162 cesarianas”, menciona Marciane.

Ela diz que apesar de o número de cesáreas ser maior, o procedimento cirúrgico para o nascimento ocorre apenas quando indicado pelo médico que acompanha o trabalho de parto. “Quando a gestante chega ao hospital, é avaliada pelo plantonista e, se necessário, ela é internada. A partir de então se faz o acompanhamento da dinâmica do trabalho de parto e é feito um registro no partograma”, explica. “Quando a evolução acontece sem intercorrências normalmente a gestante vai ter o trabalho de parto de forma natural, entretanto, se por algum motivo na avaliação médica ou na evolução do parto o médico identifica algum risco para a mãe ou para o bebê, ele indica a cesariana”, enaltece.

Com a descentralização dos partos realizada no município, no SUS, desde que a gestante é identificada na Unidade Básica de Saúde (UBS) ela passa por avaliação do médico e enfermeiro e recebe toda a orientação sobre a gestação e inclusive sobre o parto, além de exames necessários. “Ela participa também de grupos de gestantes que falam sobre a questão do parto. Culturalmente, o parto natural é relacionado à dor, então também há um trabalho de sensibilização e orientação às gestantes de que o trabalho de parto é algo natural do organismo da mulher, sendo que o corpo dará sinais de que está preparado para o bebê nascer e que em 24 a 48 horas após isso ela poderá voltar as suas atividades”, enfatiza Marciane.

 

Teste da mãezinha

Desde março, um novo teste passou a integrar o protocolo de exames essenciais a serem feitos pelas gestantes logo no primeiro trimestre de gravidez: o teste da mãezinha. De acordo com a coordenadora da Atenção Primária, Raquel Rech, o exame de eletroforese de hemoglobina é utilizado para detectar anemias falciformes e talassemias, que são doenças graves e distúrbios, como anemias graves que acometem as gestantes e que precisam ser detectadas precocemente para que não causem problemas para o feto, como parto prematuro ou aborto, por exemplo. “Recebemos o teste pela Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional de Curitiba (Fepe) e ele é feito em todas as Estratégias Saúde da Família e também na Clínica da Mulher. A coleta é como um teste de glicemia, basta apenas a retirada de um pouco de sangue do dedo da gestante para que possamos identificar se ela possui algum problema e termos a maior chance de tratá-lo precocemente”, salienta.

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