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Marechal Energia elétrica

Valor da conta assusta consumidores; Copel garante que não houve aumento

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Fotos: Leme Comunicação

Entre grupos de amigos, colegas de trabalho e nas redes sociais o assunto não tem saído da pauta: o valor da conta de energia assustou muitos consumidores no mês de janeiro.
Há, inclusive, uma movimentação nas Câmaras de Vereadores de municípios da região, entre eles Guaíra, Terra Roxa, Marechal Cândido Rondon, Palotina e Toledo com a intenção de propor um abaixo-assinado coletivo pedindo a redução imediata das tarifas.
A fatura recebida por um morador* de Marechal Rondon, com vencimento para o dia 05 de fevereiro, mostra o tamanho do susto: R$ 604,65. O valor é R$ 208 mais alto do que a última conta de luz recebida pelo rondonense em sua casa.
Na residência, conta, moram seis pessoas e no período do final de ano, quando ocorreu a leitura do medidor da unidade consumidora, que calculou o gasto de energia entre os dias 14 de dezembro de 2018 e 15 de janeiro de 2019, situações atípicas ocorreram na casa, o que pode explicar, na visão do consumidor, a alta na conta. “É um valor realmente muito alto e que nos assustou quando recebemos a fatura de energia, mas nesta época tivemos mudanças no consumo que nos dão algumas pistas para tentar entender esse aumento”, assinala.

 

Recordes de consumo
Um dos motivos, acredita, é o período intenso de calor registrado neste verão. Em praticamente uma semana o Brasil bateu duas vezes o recorde de consumo de energia: a primeira vez, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, foi no dia 16 de janeiro, quando a demanda máxima foi de cerca de 87.183 megawatts (MW), no Sistema Interligado Nacional (SIN), porém, no dia 22, o número subiu para 87.500 megawatts (MW), registrando um novo recorde.
O gerente da unidade da Companhia Paranaense de Energia (Copel) de Marechal Cândido Rondon, Helio Jose Dalgallo, diz que a temperatura acima da média pode contribuir com a mudança nos valores da fatura da energia por conta das mudanças no comportamento do consumo. “Se pensarmos apenas na quantidade de vezes que cada pessoa que mora na casa, ainda que forem duas ou três, abrem a geladeira para beber água, por exemplo, este equipamento estará trabalhando mais e, consequentemente, o gasto de energia será maior. Apesar de ele estar ligado 24 horas por dia na tomada, é preciso pensar que o ar frio é mais pesado que o ar quente, então quando você abre a geladeira o ar frio desce e o ar quente entra, por isso o equipamento tem que trabalhar mais para gelar, resultando no maior consumo de energia”, exemplifica.
Dalgallo ressalta que, apesar das especulações de que houve aumento na tarifa de energia, o valor cobrado pela concessionária paranaense não mudou. “O valor unitário do quilowatt-hora é de R$ 0,81 e a data em que pode haver alguma mudança nesse valor, tanto de acréscimo quanto de decréscimo, é no dia 24 de junho, quando ocorre a revisão tarifária da Copel junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”, pontua.

Gerente da Copel de Marechal Rondon, Helio Dalgallo

 

Hábitos de consumo
Mais do que as altas temperaturas que podem influenciar no maior consumo de energia elétrica, outras ações que podem interferir no aumento do valor da fatura de energia entre o fim e o início de ano está no período de férias, a realização de confraternizações como Natal e Ano Novo, além de munícipes que recebem visitas em suas residências. “Qualquer um desses fatores pode mudar o consumo na residência. Uma visita, por exemplo, não está ligada na tomada, mas assim como os outros moradores, ela vai tomar banho e utilizar os eletrodomésticos. Muitas vezes esse é um fator que o consumidor deixa de levar em consideração quando se ‘assusta’ com o valor da conta de energia”, enaltece Dalgallo.
O morador rondonense que recebeu a fatura de R$ 604,65 menciona que dentre os comportamentos de consumo que podem ter aumentado o gasto de energia na residência está, por exemplo, o período de férias, que levou alguns moradores a passarem mais tempo em casa e, consequentemente, utilizarem mais eletrodomésticos do que em outros períodos do ano. “Em dezembro tivemos um período extremamente quente e um aparelho de ar-condicionado, que antes era ligado com pouca frequência, foi acionado praticamente todas as noites”, pondera.
No histórico de consumo deste morador disponibilizado pela Copel, desde 2016, nos meses de dezembro e janeiro há um aumento no consumo de energia na residência, saindo da média de valor de R$ 300 durante os demais meses do ano para R$ 500 e R$ 600.

 

Simulador
O site e o aplicativo da Copel contam com um simulador de consumo, onde os munícipes podem ter ideia do quanto cada eletrodoméstico incide no valor da fatura. No caso de um ar-condicionado residencial, por exemplo, ligado nos sete dias da semana, em média, sete horas por noite, o gasto de energia de acordo com o simulador é de R$ 139,09, com um consumo aproximado de 210,70 kWh. “Se contarmos que a residência tiver mais um aparelho de ar-condicionado, esse valor dobra, então para esse consumidor que teve a conta de R$ 604, o motivo no aumento do consumo já está claro”, expõe Dalgallo.

 

Bandeira verde
O gerente da unidade rondonense da Copel esclarece que no faturamento do mês de dezembro para o mês de janeiro, a região teve mudança de bandeira: de amarela para verde, ou seja, redução na cobrança pelo consumo de energia. “Essas bandeiras são acionadas quando o nível do reservatório das hidrelétricas, que é a nossa principal fonte de geração de energia, está comprometida. A bandeira amarela estava vigente porque os reservatórios apresentavam uma leve queda, porém, no mês de janeiro, já voltamos a operar com a bandeira verde, sem nenhum custo adicional na tarifa de energia”, pontua.
Quando em vigência, a bandeira amarela cobra R$ 1,50 a cada 100 kw/h consumido.

 

Medição de consumo
Muitos consumidores, explica Dalgallo, vão até a unidade da Copel em busca de explicações quando recebem faturas de energia com valores acima da média a fim de entender o motivo por trás do aumento da conta de luz. “O nosso sistema de medição do consumo é pelo medidor, que está instalado em cada unidade consumidora. Este é um equipamento aferido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e, caso ocorra alguma discordância, ele pode ser aferido novamente, porém é muito raro de haver essa necessidade, salvo situações de procedimentos irregulares, o popular ‘gato’, que é um artifício fraudulento”, destaca.
Pela aferição do consumo de energia ser feita em cada unidade consumidora, pessoalmente por um funcionário da Copel, Dalgallo salienta que não há como a concessionária explicar porque o consumo de determinada residência aumentou. “Muitas vezes os clientes nos procuram para saber o motivo do aumento. É uma reação natural, mas nós não temos como explicar qual mudança de atitude no consumo dos moradores daquela residência fez com que a sua fatura aumentasse em situações como essa, em que não houve mudança de bandeira ou alteração na tarifa”, reforça.
Dalgallo afirma que nestes casos o aumento do valor da conta pode estar relacionado à adição de algum equipamento ou uso de outro de forma mais intensa, entretanto, é importante que os consumidores observem seus hábitos de consumo. “O cliente também pode fazer o acompanhamento do consumo da sua casa diariamente observando o medidor. Sempre que houver algum aparelho ligado, ele estará registrando. Se todos os equipamentos forem desligados da tomada, por exemplo, a luz para de piscar ou o disco para de girar, porque a forma de registro do medidor é por indução de energia”, comenta.
O gerente da Copel diz que para verificar se algum equipamento está consumindo energia de forma inadequada é possível que o morador ligue um a um os aparelhos e observe o medidor, por exemplo.

 

Desinformação
Para Dalgallo, o espanto dos consumidores com a conta de luz neste início de ano está, também, relacionado à falta de informações. “É importante que os consumidores busquem informações verídicas, em sites e órgãos oficiais, para esclarecer suas dúvidas. As redes sociais hoje são uma ótima ferramenta para acesso à informação, entretanto, nem sempre são verdadeiras, por isso é importante buscar dados oficiais no próprio site da Copel, da Aneel, da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), do Ministério de Minas e Energia, entre outros”, assinala.
O gerente da unidade rondonense reforça a importância de as pessoas buscarem informações verídicas e evitarem repassar dados do “senso comum”. “Estas ações podem levar a situações como estamos hoje, em que muitas pessoas acham que a tarifa de energia aumentou e outras ainda dizem que a Copel está roubando dos consumidores”, alerta.

 

Custo da energia
Atualmente, o valor que o consumidor paga pela energia elétrica é de R$ 0,81 kwh, o qual está discriminado na fatura de energia, que elenca a composição dos valores.
Para o consumidor que deverá pagar em 05 de fevereiro R$ 604, apenas R$ 185,89 é o valor da energia elétrica consumida. Do restante, os valores são referentes ao valor da distribuição, encargos setoriais, transmissão e, o valor mais alto, de R$ 197,78, de tributos. “Precisa ficar claro aos consumidores que não houve aumento na tarifa de energia. O único momento que pode ocorrer aumento da tarifa na área de concessão da Copel é na revisão tarifária anual, marcada para 24 de junho, que pode ser aumento ou redução da tarifa”, frisa.
A mudança, no entanto, não depende apenas da Copel. Dalgallo explica que a revisão tarifária anual considera alguns fatores como o custo de produção de energia, inflação e aumento de consumo. “A Copel apresenta para a Aneel o aumento dos custos de energia, de operação e a necessidade de reajuste e quem vai homologar ou não esse pedido é a Aneel, definindo o valor baseado nas planilhas de custo apresentadas”, detalha.
A Aneel é um órgão governamental que faz a intermediação entre as concessionárias e o consumidor e, conforme o gerente da Copel, via de regra o órgão é bastante rigoroso, defendendo o consumidor. “As concessionárias precisam provar que houve a necessidade do aumento da tarifa e que esse aumento é possível, então não é algo que a Copel define e cobra dos consumidores”, declara.
Outro momento em que pode haver mudança no valor da tarifa é na revisão ordinária, que ocorre a cada cinco anos. “É um acerto de contas em que a Copel apresenta à Aneel tudo o que investimos e se estes custos podem ou não ser repassados para a tarifa e, consequentemente, cobrados do consumidor”, resume.

*A identidade não foi revelada a pedido da fonte.

(O Presente)

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