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Marechal Atenção aos boletos

Velho golpe da lista telefônica faz novas vítimas em Marechal Rondon

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Empresa responsável pelo golpe envia boletos de cobrança que chegam a 12 parcelas de até R$ 600. Somente neste começo de ano cerca de dez vítimas já registraram boletim de ocorrência na delegacia (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Há muitas formas de golpes aplicados na praça por estelionatários.

Algumas modalidades desaparecem por longos períodos e reaparecem em determinadas épocas do ano.

Um golpe já conhecido, principalmente pelas autoridades policiais, é o golpe da lista telefônica, que há mais de dez anos faz vítimas em todo o país.

 

COMO FUNCIONA

A vítima recebe uma ligação telefônica de alguém se identificando como funcionário de uma empresa que oferece espaços publicitários em determinada lista telefônica on-line.

Do outro lado da linha a pessoa afirma que a ligação é apenas para atualizar dados da empresa e diz que não haverá custos para o empresário. Os golpistas informam que será enviado um documento por e-mail, e que o mesmo deve ser assinado e enviado com urgência para evitar que o nome da empresa não seja veiculado na lista telefônica do próximo ano. Logo que o e-mail chega, é solicitado que o responsável pela empresa assine o documento para que seja feita a tal “confirmação” dos dados. É a partir daí que começa a se concretizar o golpe.

Após a assinatura do documento, a empresa responsável pelo golpe passa a enviar boletos de cobrança que chegam a 12 parcelas de até R$ 600. Em alguns casos são feitas ameaças de protesto e suposta inscrição da vítima em órgão de proteção de crédito, caso o comerciante se negue a pagar os boletos.

 

REGISTROS

Segundo o delegado da Polícia Civil, Rodrigo Baptista Santos, em 2019 houve dois registros deste tipo de golpe e neste ano cerca de dez vítimas já registraram boletim de ocorrência. “É importante frisar que trata-se de estelionato. O crime se caracteriza a partir do momento que o empresário é informado por telefone que trata-se de um procedimento que não gerará custos, o que posteriormente não se confirma. A vítima é ludibriada diante da assinatura de contrato com cláusulas que não foram informadas via telefone e pelo fato do serviço oferecido não ser prestado”, ressalta Baptista.

 

Delegado Rodrigo Baptista Santos: “É fundamental que as vítimas procurem a Delegacia da Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

DENÚNCIA É IMPORTANTE

Algumas vítimas preferem não ir à delegacia para registrar o ocorrido por receio de no futuro terem algum tipo de testemunho na Justiça, por medo ou até mesmo por vergonha de terem caído no golpe. No entanto, o delegado ressalta a importância de fazer um boletim de ocorrência. “É fundamental que a vítima venha à delegacia para que possamos fazer o acompanhamento da empresa que teoricamente aplicaria o golpe. Precisamos dos telefones dessas supostas empresas dos golpistas para podermos avançar nas investigações”, enaltece.

 

VÍTIMAS

O Jornal O Presente entrou em contato com algumas vítimas do golpe da lista telefônica em Marechal Rondon que preferiram não se identificar.

Uma delas relatou que há cerca de dez dias, após receber uma ligação telefônica com a oferta do serviço, sua sócia acreditou que seria bom para a loja fazer o anúncio, pois havia sido informado que o serviço seria gratuito. “Depois que o contrato foi enviado por e-mail, vimos o valor do serviço e como eles disseram que não haveria custo, nós desconfiamos e não fizemos o pagamento do boleto”, relata.

A lojista disse que ainda não registrou o boletim de ocorrência, mas que pretende fazê-lo nesta semana. Ela lamenta que golpes como esse sejam aplicados em empresas que já arcam com uma grande carga de impostos e muitas vezes ficam no prejuízo em situações como essa. “A partir de agora nós estamos mais atentos e dificilmente passaremos informações pessoais ou da empresa sem antes ter certeza de quem está do outro lado da linha”, afirma a empresária.

Outra vítima do golpe contou à reportagem de O Presente que a princípio não desconfiou de nada e que no momento do primeiro contato o golpista pressionou para que o contrato fosse assinado e encaminhado com urgência. “Depois eu desconfiei e me recusei a efetuar o pagamento. A empresa, então, passou a me importunar com ligações constantes e ameaças de protestar o boleto”, relatou a empresária.

Ela conta que o valor do suposto contrato era de R$ 3,6 mil dividido em 12 vezes e que na última vez que a empresa entrou em contato com ela o valor já estava em mais de R$ 10 mil.

 

ALERTA AOS EMPRESÁRIOS

Recentemente, a Associação Comercial e Empresarial (Acimacar), recebeu relatos de alguns comerciantes a respeito do golpe da lista telefônica e emitiu um comunicado alertando os associados da entidade para que não repassem informações nem assinem documentos sem antes comprovar a veracidade do serviço oferecido.

De acordo com o assessor jurídico da Acimacar, advogado Flavio Ervino Schmidt, é importante que o lojista que receber esse tipo de ligação com a oferta de espaços publicitários fique atento e faça uma pesquisa sobre a empresa que está oferecendo o serviço, antes de informar qualquer dado por telefone, e-mail ou outra forma de mensagem. “Sabemos que existem empresas idôneas que oferecem esse tipo de serviço gratuito, não podemos colocar todas em um lugar-comum. Por isso, é fundamental que o lojista verifique alguns dados da empresa. Peça o endereço, o CNPJ e não confirme qualquer dado seu num primeiro momento. É importante também que o empresário leia com atenção todas as cláusulas do contrato antes de assinar qualquer documento”, orienta.

Schmidt pontua que depois de assinado o contrato, a empresa que recebeu tem possibilidade de emitir boletos, e depois de emitidos é possível cobrar, colocar em desconto e até mesmo protestar os títulos. “Esse é o grande perigo em se confirmar dados via internet”, ressalta Schmidt.

 

Assessor jurídico da Acimacar, Flávio Schmidt: “A empresa que aplica o golpe ‘joga’ com a possibilidade de que a despesa para desmobilizar aqueles boletos é maior do que pagar o referido valor” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

FUI VÍTIMA, O QUE FAZER?

Conforme o assessor jurídico da Acimacar, mesmo depois de feita a confirmação e de os boletos serem é possível cancelar a negociação. “Existem mecanismos para sustar essa cobrança, quer seja judicial ou extrajudicial. Nós orientamos que a pessoa contrate um advogado e entre com um cancelamento ou sustação do boleto, mesmo se já tenha sido protestado”, recomenda Schmidt.

No entanto, para fazer esse procedimento existe uma despesa para a vítima e muitas vezes fica inviável para o empresário que sofreu o golpe dar continuidade ao processo. “A empresa que aplica o golpe ‘joga’ com a possibilidade de que a despesa para desmobilizar aqueles boletos é maior do que pagar o referido valor”, destaca.

Segundo o advogado, antes do vencimento do boleto é importante notificar extrajudicialmente a empresa que emitiu os boletos para que haja o cancelamento.

De acordo com Schmidt, existe relato de duas empresas que estão agindo em Marechal Rondon. “Uma delas tem mais de mil reclamações no site Reclame Aqui. A negociação com essas empresas é difícil, pois eles não atendem o telefone e por se tratar de empresas localizadas em cidades distantes, a única forma é enviar o pedido de cancelamento via Correios”, menciona.

 

SITES PARA PESQUISA DE CNPJ

O assessor jurídico da Acimacar comenta que existem alguns sites onde é possível realizar consultas a respeito da empresa. Um deles é o Sintegra (www.sintegra.gov.br). “Através do site, o lojista que pretende anunciar seu negócio em uma lista telefônica on-line pode confirmar se a empresa realmente existe, se a razão social e o nome fantasia estão corretos e até mesmo o endereço da empresa que está oferecendo o serviço”, pontua.

Outro site de pesquisa que pode ser utilizado para averiguar a autenticidade dos produtos e serviços, informa o profissional, é o Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br). Através dele, os consumidores podem fazer pesquisas sobre a reputação da empresa e reclamações que ficam registradas na plataforma.

 

O Presente

 

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