Municípios Professora afastada
Abordagem de conteúdo sexual a alunos do 5º ano pode acabar na esfera criminal
A psicopedagoga Fernanda Barros classificou como exagerada a atitude de uma professora da rede municipal de ensino de Cascavel, ao usar preservativos e objetos que imitam órgãos genitais durante uma aula de educação sexual.
Fotos postadas no Facebook pela professora mostram crianças de 9 e 10 anos manuseando preservativos e objetos que imitam órgãos genitais masculino e feminino durante uma aula sobre prevenção a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e métodos contraceptivos.
A aula foi ministrada a alunos do 5º ano de uma escola municipal. A professora foi afastada na terça-feira (30) por determinação do prefeito Leonaldo Paranhos (PSC). O prefeito determinou ainda a abertura de uma sindicância.
“O conteúdo da sexualidade é trabalhado com o 5º ano, mas talvez a maneira que foi abordado, por causa do uso das próteses, foi algo extremamente incisivo e às vezes até um pouco assustador para as crianças”, comentou a psicopedagoga.
Nesta fase, observa a especialista, são tratados temas como a puberdade, modificações do corpo, gestação, além da prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e como evitar a gravidez, porém de forma menos aprofundada.
Exposição
Segundo a professora, os objetos foram cedidos pelo Centro Especializado de Doenças Infecto-Parasitárias (Cedip), ligado à Secretária de Saúde.
A secretária de educação, Márcia Baldini, disse que a direção e a coordenação da escola sabiam da entrada dos materiais, mas não a forma como seriam utilizados.
Márcia explicou ainda que há na grade de ensino a previsão de aulas sobre noções básicas de sexualidade, mas, a exemplo da psicopedagoga, também considerou que a forma como o assunto foi tratado não é adequada para a idade das crianças.
Para ela, a utilização dos objetos é indicada para adolescentes acima de 12 anos.
Em nota, a Secretaria de Educação declarou que a postagem das fotos, além de expor as crianças, evidenciou o uso de material sem orientação da pasta.
Polêmica
Alguns pais disseram não concordar com a forma como o assunto foi abordado com os alunos. Confira:
“Como pai, sou contrário. As crianças são muito novas para o material que foi utilizado. Eu não questiono o livro, que traz imagens do corpo humano, mas questiono os objetos que foram trazidos”.
Outros afirmaram não ver problema em como a professora trata os assuntos.
“Ela quis falar sobre prevenção. Minha filha já estudou com ela. Eu já vi e acompanhei a aula e não é nada demais. Muitas crianças não têm o ensino dos pais”.
O que diz a professora
A professora afirmou que “não vê problemas em abordar o assunto” da forma como fez e considerou o afastamento um equívoco. Segundo ela, o projeto de prevenção existe há 20 anos.
“Há um planejamento, uma conversação sempre. Em nenhum momento, por exemplo, recebi a visita da secretaria. Estou muito tranquila”, disse.
A docente se disse aberta ao diálogo, mas que teme “informações distorcidas e equivocadas” sobre a situação. “Há um discurso de muita violência”, afirmou.
MP vai analisar o caso
A promotora Simone Lorens, que cuida da proteção a crianças e adolescentes, disse que será instaurado um procedimento para analisar o caso e verificar se houve irregularidade na publicação das imagens das crianças nas redes sociais ou na abordagem pedagógica para a faixa etária dos alunos.
Segundo ela, caso sejam comprovados atos ilícitos, serão aplicadas sanções previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ou até encaminhamento para a esfera criminal.
Na quarta-feira (31), a promotora disse que está acompanhando o caso e que por enquanto teve apenas uma conversa informal com a secretária de educação. Ela adiantou que aguarda o recebimento do material para avaliar a situação.
Com G1