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Após suicídio de acadêmica, publicação sobre Unioeste viraliza

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Alunos relatam pressão psicológica dos professores que levariam à depressão e síndrome do pânico (Foto: Divulgação)

O suicídio de uma jovem estudante de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), registrado na última sexta-feira (20), tem gerado inúmeras manifestações por parte de acadêmicos da universidade. Eles afirmam que a pressão por parte de alguns professores é muito grande, fazendo com que os alunos desenvolvam problemas psicológicos.

Um texto publicado por uma acadêmica teve, em 14 horas, em torno de 1,9 mil compartilhamentos e cerca de 900 comentários.

“No primeiro ano da faculdade, nos primeiros meses de aula, ouvi de um professor que se eu não tivesse pelo menos 4 horas do meu dia reservado pra revisar a matéria então que eu nem continuasse a faculdade (que já era integral). Não preciso dizer o impacto desse dizer na vida de quem tinha que trabalhar à noite toda pra sustentar a família na esperança de conseguir um diploma no final de 5 anos (com sorte), né?

Depois disso, eu vi professores se vangloriando na sala de aula porque reprovaram uma turma inteira, e é claro que o problema não era o professor ou a metodologia, era a turma…

Também vi 7 pessoas da minha sala passarem sem exame em determinada matéria, que procuramos o colegiado do curso e a professora incansavelmente para tentarmos encontrar uma saída para as médias 2,0 que a turma não conseguia aumentar mesmo com grupos de estudo e um ajudando o outro durante semanas antes das avaliações. Nessa matéria estão matriculados hoje cerca de 60 alunos, e adivinhem? A turma “nova” também tem os mesmos resultados, mas o problema JAMAIS é o professor (não esqueçam!).

Nesses dois anos e meio eu vi amigos desistirem do curso porque estavam há dias sem tomar banho porque não poderiam perder tempo com algo que não fosse estudar. Vi amigos desistirem do curso porque alguns professores pegavam tanto no pé que frequentar as aulas era um pesadelo. Vi amigos desistirem do curso porque precisaram escolher entre a sua saúde mental e a faculdade. Recebi ligações de amigos no meio da noite dizendo que estavam se mutilando e iam cometer suicídio. Li no spotted incontáveis pedidos de socorro. Vi amigos desistirem do curso porque com uma reprovação e consequentemente um ano a mais na faculdade, não teriam como se sustentar. Vi dezenas de amigos procurarem ajuda psicológica no campus (inclusive eu) e não encontrando porque ESTÁ LOTADO! Vi amigos contarem no Facebook que quando pediram ajuda pra um professor de sua confiança ouviram que “quem tem depressão mesmo não vai pra festas”. Ouvi professores falarem que quem sai e tem vida noturna certamente não será um bom profissional. Ouvi esses mesmos professores dizerem que quando fizeram faculdade o mesmo acontecia com eles e “ninguém morreu”. Ouvi também que os jovens estão assim por falta de Deus e mais milhares de coisas que ouço diariamente dentro do campus e tento não absorver (tanto).”

Nos comentários os acadêmicos citaram casos registrados na Unioeste e em outras instituições. Eles pedem mais apoio psicológico, formação didática por parte dos professores, pois muitos alunos estariam desistindo dos cursos ou sofrendo demais para concluí-los.

 

Veja alguns comentários:

“Eu infelizmente senti na pele… no corpo… e na alma o que professores que se dizem doutores sem preparo nenhum para dar aulas… sem ter conhecimento cabal da disciplina pode fazer com um aluno. Alguns impõem o terror como forma de aprendizagem… não enlouqueci porque sou forte e corajosa… fui terminar meu curso na UFC no Ceará… mas alguns professores de meu curso na Unioeste me deixaram marcas profundas… sofri calada o que vocês não suportariam nem gritando”.

“E eu que pensava que só o curso de Ciência da Computação estava contaminado com tudo isso lá. Achei que isso de matéria reprovando todos alunos fosse exclusividade nossa. Infelizmente, o corporativismo rola forte lá e por mais que os alunos reclamem e protestem, é inútil… Eu sei porque levei um tempão pra me formar e vi várias vezes os alunos dando murro em ponta de faca, em vão. Nunca adiantou reclamar no colegiado, nem na secretaria, nem onde quer que fosse. Infelizmente o único caminho é tentar se fechar e se formar pra deixar isso pra trás o quanto antes, ou torcer para que alguns dinossauros larguem o osso”.

“Passei por situações e hoje em dia, infelizmente, fui obrigada a desistir do curso. A Unioeste não é tão humana como diz que é.”

“Larguei meu curso por muitos desses motivos descritos aí, pq só de lembrar que eu tinha aula com determinada professora eu simplesmente entrava em pânico, optei por ter minha saúde mental de volta”.

“O pior é que as cosias acontecem exatamente assim, não só na Unioeste!! Chega a ser um abuso, pois por mais que você tente, se esforce, se dedique, não é suficiente e a culpa sempre é dos alunos”.

“Depressão define a minha saída da Unio, chega num ponto em que você passa a não acreditar mais em si mesmo, por tanta cobrança, tanta dificuldade provocada pra ferrar aluno, por professores que sequer sabem da dificuldade emocional, financeira dentre tantas enfrentadas, acredito que fazer o curso que vc deseja cursar tem de ser uma realização e não uma tortura”.

“Em todas as universidades acontece esse tipo de coisa, seja pública ou particular. As pessoas perderam o senso e acham q tudo (até saúde mental) se compra e é frescura”.

“Tenho um professor que eu sinto PÂNICO só de estar na aula dele. É que nem o amigo ali em cima disse, síndrome de superioridade, zero didática e joguinhos psicológicos. Péssimo”.

“A culpa sempre é de quem se mata. Aposto que nada será feito! O bom da vida é que consciência e travesseiro todo mundo tem, dorme quem consegue!”.

“Como professor, inclusive de muitos que hoje cursam a UNIOESTE, como pai de um ex-aluno que desistiu desta Universidade por muitos dos motivos apontados no texto, como padre, mas principalmente como alguém que participou de todo o processo de transformação da antiga FECIVEL no que hoje é a UNIOESTE, leio com um pesar imenso este texto… não era essa a Universidade que sonhávamos… isso não é ensinar… e o mais triste ainda é que estas práticas não ocorrem somente no curso de MEDICINA… que Deus console esta família e acolha esta filha no Seu Reino de luz e de paz, finalmente PAZ…”.

“Eu faço Agrícola, pensei que isso acontecia só no meu curso. Alguns professores muito bons, mas também tem professor que acha bonito passar cinco pessoas em uma turma de 40 alunos, que pega birra com algumas turmas e faz provas absurdas cobrando o que não passou, cobra pontualidade e não tem nenhuma. Que faz coisas por puro sadismo. Enfim, muita coisa precisa ser revista, alguns professores precisam aprender que não são deuses (como pensam), precisamos criar coragem e reclamar mais!”

A Unioeste ainda não se manifestou sobre o caso.

 

Com CGN

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